06/03/2023 às 17:48, atualizado em 06/03/2023 às 17:54

Teatro dos Sentidos encerra temporada

Projeto do FAC retornou a Brasília no Espaço Cultural Renato Russo

Por Agência Brasília* | Edição: Carolina Lobo

‘‘A partir deste ponto, vocês só poderão entrar no teatro vendados’’, informa um assistente ao entregar uma máscara tapa-olho para cada pessoa que aguardava na fila da sala multiúso do Espaço Cultural Renato Russo, na 508 Sul, na noite de domingo (5), para a última apresentação da mostra comemorativa da transferência do Teatro dos Sentidos para Brasília. O projeto, que contou com recursos de R$ 115 mil do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec), chegou à capital em 25 de fevereiro.

Os sentidos da audição, tato, olfato e paladar são fortemente explorados de acordo com a narrativa apresentada | Fotos: Ezequiel Avelino/Secec

Aguçada pela curiosidade, nem mesmo a equipe de comunicação da Secec ficou de fora da experiência de ouvir, sentir, cheirar e tatear o que fosse possível. Essa é a proposta do Teatro dos Sentidos, uma técnica de encenação ou de reengenharia cênica criada em 1997 pela diretora multimídia, produtora, atriz e poeta Paula Wenke. Na prática, o projeto tem como objetivo a compreensão da obra teatral por uma plateia de pessoas cegas ou de pessoas que enxergam vendadas. Os sentidos da audição, tato, olfato e paladar são fortemente explorados de acordo com a narrativa apresentada.

Durante uma hora, o público presente pôde viver o teatro. Imaginar fogos de artifício, marujos, crianças sonhadoras, casais apaixonados e festas de ano novo com toques carnavalescos. A imaginação ganha ainda mais estímulos quando a plateia sente cheiros e experimenta determinados alimentos – tudo isso seguindo o fluxo de uma história que faz viajar no tempo.

Paula Wenke destaca que a acessibilidade é fundamental para incluir

Graduada em artes cênicas pela Universidade de Brasília (UnB), Paula Wenke reforça que esse tipo de atividade tem o objetivo de promover a inclusão, o respeito e, principalmente, mostrar para a população em geral que as pessoas com deficiência (PcD) existem e estão em todos os lugares. A artista e idealizadora do projeto destaca, ainda, que a acessibilidade é fundamental para incluir.

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‘‘No teatro convencional, o público vê os atores ,e os atores pouco enxergam o público. A nossa proposta é justamente a de explorar outros sentidos, criando uma magia em que a história possa ser compreendida e construída de acordo com a imaginação do espectador”, explica a diretora. “Aliás, esse é o momento de pessoas cegas mergulharem em uma narrativa sem que sejam interrompidas por elementos de audiodescrição, por exemplo.’’

Uma característica forte no projeto é a inclusão de pessoas com deficiência também no coletivo de atores. Segundo Paula, o elenco escolhido é sempre diverso – entre homens e mulheres, pessoas com deficiência ou não. Nesta edição do Teatro dos Sentidos, que retornou a Brasília após mais de 25 anos nos palcos do Rio de Janeiro, todos os atores escolhidos foram da capital federal.

*Com informações da Secec