07/03/2023 às 17:11

Criação de abelhas nativas gera renda e contribui para o meio ambiente

Atividade também contribui para a conservação ambiental, como mostrou o curso sobre meliponicultura promovido junto a moradores da Bacia do Descoberto pela Sema, com apoio do Projeto CITinova e parceria da Emater

Por Agência Brasília* I Edição: Débora Cronemberger

Vinte e cinco produtores rurais, moradores da Bacia do Descoberto, aprenderam que a criação de abelhas nativas sem ferrão é uma opção para maior autonomia financeira. Eles participaram do curso Meliponicultura: Incremento de renda e conservação ambiental, que orientou sobre boas práticas de criação e manejo dessas abelhas (melipônias das espécies jataí e mandaguari) para a produção de mel e demais produtos derivados.

Turma do curso para manejo de abelhas nativas sem ferrão: criação contribui para a conservação ambiental e é alternativa para gerar renda aos produtores rurais | Foto: Divulgação/Sema

O curso foi realizado pela Secretaria do Meio Ambiente e Proteção Animal do Distrito Federal (Sema), com o apoio do Projeto CITinova de planejamento integrado e tecnologias para cidades sustentáveis, em parceria com a Empresa de Assiste?ncia Te?cnica e Extensa?o Rural do Distrito Federal (Emater).

[Olho texto=”“As abelhas precisam das flores que estão nas árvores. Sem árvores não há mel e sem água não há árvores. Está tudo interligado”” assinatura=”Andréa Carestiato, técnica especialista em recursos hídricos do projeto CITinova” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

O objetivo é apresentar uma alternativa de incremento de renda aos agricultores que, ao mesmo tempo, contribua para a conservação ambiental, por meio dos serviços ecossistêmicos prestados pelas abelhas – polinização, manutenção da biodiversidade e equilíbrio em sistemas naturais e agrícolas.

Segundo a bióloga e técnica especialista em recursos hídricos do Projeto CITinova, Andréa Carestiato, o curso conseguiu demonstrar aos agricultores a contribuição da meliponicultura para o equilíbrio do meio ambiente. “As abelhas precisam das flores que estão nas árvores. Sem árvores não há mel e sem água não há árvores. Está tudo interligado”, ressaltou Andréa.

O técnico agropecuário da Emater Carlos Antônio Moraes da Costa frisou que a criação de abelhas pode gerar produtos diretos como cerume, colônias, mel, própolis e pólen (que possui proteína e minerais), além de produtos indiretos, que podem ser polinização, turismo e conservação.

O técnico da Emater Carlos Antônio mostra aos participantes do curso caixa para criação de abelhas sem ferrão | Foto: Divulgação/Sema

“A relação humana com o consumo de mel é antiga”, contou Carlos Antônio. Ele mostrou registros arqueológicos pré-históricos, do Egito Antigo e de culturas Maya e Azteca, de produção e consumo de mel.

O técnico destacou que os serviços ambientais prestados pelas abelhas sem ferrão (melipônias) representam ganhos financeiros para o país. Pela fecundação das flores, colaboram no aumento da produção de laranja (35%), maçã (30%), pêssego (50%), café (35%) e cucurbitáceas (melancia, maxixe, abóbora, melão – 80%). “Um terço da alimentação de humanos decorre da contribuição dos polinizadores”, afirmou Carlos Antônio.

Ele lembrou que os chacareiros cadastrados na Emater podem solicitar assistência técnica junto ao órgão para capacitação em meliponicultura ou outras práticas agrícolas sustentáveis.

[Olho texto=”“Sempre vejo muitas abelhas nas minhas plantas e não conhecia nada sobre elas. Voltei de lá totalmente apaixonada. Vou começar o cultivo de melipônias para o meu próprio consumo e para agregar valor aos meus produtos com plantas medicinais”” assinatura=”Josefa Ataídes, agricultora” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

A professora Rita de Cássia, conhecida como tia Maroca, tem 20 caixas de abelhas sem ferrão em casa e nove na escola de educação infantil em que trabalha. Ela introduziu a meliponicultura para falar de educação ambiental com as crianças: “Meu plano é fazer com que as crianças se motivem a criar abelhas e aprendam a cuidar e respeitar o meio ambiente”.

A agricultora e raizeira Josefa Ataídes, que comercializa chás terapêuticos, viu no curso uma oportunidade de agregar conhecimento e valor ao seu trabalho. “Sempre vejo muitas abelhas nas minhas plantas e não conhecia nada sobre elas. Voltei de lá totalmente apaixonada. Vou começar o cultivo de melipônias para o meu próprio consumo e para agregar valor aos meus produtos com plantas medicinais”, contou.

Na parte prática do curso, os participantes aprenderam sobre confecção de iscas para captura de colônias de abelhas sem ferrão, construção de um meliponário e transferência de colmeia da isca para caixa.

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A assessora especial da Sema Patrícia Michelle Feliciano destacou que, durante as aulas práticas do curso, ficou claro para os participantes como o ambiente protegido favorece a meliponicultura e destacou também a importância de preservar as Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reserva Legal. “Os proprietários do meliponário Jardins de Mel, no Lago Norte, plantaram muitas espécies de plantas com floradas abundantes, um ambiente ideal para as abelhas trabalharem”, disse.

CITinova

O CITinova é um projeto multilateral que oferece soluções tecnológicas, metodologias e ferramentas de planejamento urbano. Ele é realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), com apoio do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), implementação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e execução da Sema, em parceria como Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).

*Com informações da Sema