26/03/2023 às 13:21

Capão Seco e Assentamento Márcia Cordeiro têm canais recuperados

Além de garantir acesso à água, a medida também preserva o recurso hídrico e ajuda a abastecer os produtores rurais da região

Por Agência Brasília* | Edição: Chico Neto

Investir na exploração consciente da água tem sido motivação constante para as equipes da Emater. Atualmente, duas importantes obras de restauração de canais movimentam a agenda da empresa. Estão sendo restaurados 5,6 km de canal no Núcleo Rural Capão Seco, do PAD-DF, e 6,6 km no Assentamento Márcia Cordeiro, em Planaltina. Na região, são produzidos grãos, hortaliças, frutas, além da criação de peixes e outros animais.

O produtor rural José Moraes de Souza e a caixa de distribuição de água da sua propriedade: A única coisa que fica sem água é pedra, o resto tudo precisa de água para viver, e nós, produtores, ainda mais para cuidar da plantação” | Foto: Divulgação/Emater

[Olho texto=”“Levar água para esses produtores é minimizar as dificuldades de cultivo, principalmente no período da seca, e garantir alimento na mesa da população”” assinatura=”Cleison Duval, presidente da Emater” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Os trabalhos, que também envolvem a Secretaria de Agricultura (Seagri), garantem aos agricultores o  acesso à água, ao mesmo tempo que evitam a perda do recurso hídrico por infiltração e evaporação. A parte do projeto, o acompanhamento no local e a assistência técnica são feitos pela Emater.

A mão de obra para instalação é toda da comunidade, incluindo a construção das caixas de passagem e de captação. Para este ano, em todo o DF, a expectativa é que 40 km de canais de irrigação sejam restaurados – o dobro da média anual, que tem sido de 20 km. Os recursos para essas obras são originários de emendas parlamentares dos deputados distritais Sardinha, Chico Vigilante e Arlete Sampaio.

“A tubulação dos canais é muito importante para que se evite a perda de quase a totalidade da água canalizada, que ocorre tanto pela evaporação quanto pela infiltração no solo”, ressalta o secretário-executivo da Seagri, Rafael Bueno. “O projeto visa implantar tubos nos canais existentes e homologados pela Adasa e vem ao encontro da necessidade de melhoria da eficiência e racionalidade do uso da água, contribuindo para as práticas de sustentabilidade ambiental.”

Degradação

“O último serviço de reparos do canal de Capão Seco aconteceu em 1997, quando foram instaladas manilhas de concreto e que hoje estão totalmente degradadas”, aponta o presidente da Emater, Cleison Duval. “Levar água para esses produtores é minimizar as dificuldades de cultivo, principalmente no período da seca, e garantir alimento na mesa da população.”

Morador do Capão Seco, o produtor rural Santino Guimarães Ribeiro tem acompanhado as obras nas propriedades. “Na seca não chegava nem uma gota de água, o canal ficava seco”, conta. “A gente está numa grande expectativa com a entrega dos canais revitalizados, pois na seca deste ano todos nós teremos água para o gado, para as hortaliças. Esse trabalho da Secretaria de Agricultura e da Emater é muito importante, estamos muito agradecidos”.

Quem também comemora os trabalhos é o produtor José Moraes de Souza, que mora em Capão Seco desde 1982 e já enfrentou várias quedas no abastecimento. Como sua propriedade fica no início do trajeto, ele foi um dos primeiros beneficiados com a reforma do canal feita em 1997. “Não adiantava eu ter água aqui e meus vizinhos lá embaixo não, porque água é para todo mundo, não é só para uma pessoa”, conta. “A única coisa que fica sem água é pedra, o resto tudo precisa de água para viver, e nós, produtores, ainda mais para cuidar da plantação”.

Mais tecnologia, menos desperdício 

Segundo o responsável da Emater pelo projeto de revitalização dos canais, Edvan Sousa Ribeiro, o DF tem 66 canais de irrigação que, em uma extensão de 240 km, foram planejados, na década de 1960, para levar água aos inúmeros núcleos rurais e colônias agrícolas criados para estimular a produção agropecuária local e atender a demanda crescente por alimentos frescos da população.

“Com o passar dos anos, esses canais sofreram forte degradação de suas estruturas físicas e foram perdendo sua eficiência de transportar água na ordem de 50%”, enumera. “A Emater, em parceria com a Secretaria de Agricultura, vem apoiando fortemente as ações de revitalização desses canais. Já chegamos a 100 km de canais tubulados, e outros estão em fase adiantada de tubulação.”

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Extensionista rural do escritório da Emater no PAD-DF, Gilmar Batistella lembra que o crescimento de árvores e raízes foi solapando os canais construídos por manilhas de concreto, provocando perda de água por infiltração. “Essa perda de água durante a severidade da seca, nos meses de agosto e setembro, fazia com que muitas chácaras não fossem mais abastecidas pelo canal”, explica. 

O trabalho atual feito no canal local inclui o uso de polietileno de alta densidade (Pead), material que apresenta maior durabilidade. “Isso significa tecnologia empregada para o menor desperdício de água para atender 25 chácaras, que envolvem 50 famílias impactadas diretamente”, aponta.

Também participam do projeto de revitalização dos canais, junto à Emater e à Seagri, a Caesb, a Adasa e a Sudeco (Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste). Ainda para este ano, estão previstas obras nos canais de Sobradinho II, Tabatinga, Sítio Novo, Lagoinha, Nova Betânia, Capão Comprido (Ramal I e Ramal II) e Rodeador.

*Com informações da Emater