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26/04/2023 às 17:39, atualizado em 26/04/2023 às 20:05
Longa-metragem dirigido por José Eduardo Belmonte contou com apoio do FAC. No elenco, Johnny Massaro e Julia Dalavia, entre outros
O título remete a uma fábula, mas fala sobre um dos períodos mais sombrios da história recente do país, quando questões ideológicas colocavam pessoas em lados opostos da política, das relações humanas e até da própria vida. Com investimento de R$ 5,4 milhões, sendo R$ 660 mil do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), o drama O pastor e o guerrilheiro, de José Eduardo Belmonte, aborda tema pertinente nos dias de hoje: a intolerância. O filme estreia nesta quarta-feira (26) no Cine Brasília.
Nascido em São José dos Campos (SP), mas com carreira consolidada no DF, o diretor José Eduardo Belmonte fala da emoção de poder gravar na cidade em que fez a carreira desde o sucesso de A concepção (2005). “É um retorno diferente, a gente amadurece, é um olhar interessante e um momento muito generoso”, avalia o cineasta. “É um filme que tem muito a ver com a minha própria história, muito da UnB, de muitas coisas que acreditei e vi, lugares que eu passei”, lembra.
O produtor Nilson Rodrigues destaca a importância de falar sobre os tristes anos de chumbo às novas gerações. “É só olharmos ao nosso redor e conversar com as pessoas que veremos que a memória sobre a ditadura militar foi enterrada no país”, lamenta o produtor. “E é também por isso que hoje vemos pessoas pedindo a volta da ditadura. Há muitas histórias sobre esse período que precisam ser contadas”, defende Rodrigues.
Com locações às margens do Rio Araguaia e em Brasília, a trama perpassa dois brasis de épocas distintas, mas com cenário político similar, polarizado por ideias que suscitam sentimentos de raiva, esperança, intolerância e fé.
Baseado no livro Relato de um guerrilheiro, de Glênio Sá, a obra conta a história de João (Johnny Massaro), guerrilheiro de esquerda preso e torturado na capital em pleno regime militar, encarcerado junto com Zaqueu (César Mello), pastor cristão evangélico detido por engano. Quis o destino que, quase três décadas depois, a trajetória dos dois cruzasse com a da jovem ativista Juliana (Julia Dalavia), filha ilegítima do torturador dos dois nos porões da ditadura. É durante as agruras e suplícios da prisão que a dupla sela um reencontro na virada do milênio na Torre de TV de Brasília.
Experiência profunda
Para interpretar o religioso que não tem nada a ver com a guerra ideológica travada entre o Estado e o povo, o ator César Mello emagreceu 16 kg e assistiu a muitos cultos em uma igreja do Rio de Janeiro. “Foi uma experiência profunda”, conta. “Toda geração precisa aprender que a tortura é um crime, que o diálogo é a melhor escolha pra resolver conflitos e que o amor e o perdão são chaves pra evolução. Está aí a maior importância do filme”, diz.
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Com referência histórica contundente, O pastor e o guerrilheiro fez parte do projeto Cinema nas Escolas, do Governo do Distrito Federal, iniciativa que permite que alunos de regiões distantes do DF tenham contato com experiências audiovisuais. Ao todo, são dez instituições públicas de ensino local envolvidas com a pauta, somando, no total, 18 sessões seguidas de debates. Familiares dos estudantes também participam do encontro.
“As escolas recebem um guia preparado por nossa coordenadora pedagógica, que destrincha os temas que perpassam o filme, como ditadura militar, tortura, exclusão dos direitos”, afirma a produtora executiva do programa, Kakau Teixeira. “Dessa forma, os professores podem trabalhar esses assuntos com os alunos antes da sessão”, explica.
O pastor e o guerrilheiro integra a mostra Brasília, Duas ou Três Coisas que eu Sei Dela, com exibição às 20h35 desta quarta-feira (26). A partir desta quinta-feira (27), entra para a grade de programação do Cine Brasília.
*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec)