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06/05/2023 às 09:38, atualizado em 06/05/2023 às 13:40
A ordem de serviço para o início das obras do restaurante foi assinada em abril pelo governador Ibaneis Rocha, um investimento de R$ 7,3 milhões; futura estação tem aporte de cerca de R$ 1,5 milhão e possibilitará a ampliação de linhas de ônibus que passam na cidade
Quando dona Maria da Paz Ribeiro, 69 anos, mais conhecida como Paz, chegou com os cinco filhos no Varjão, nada tinha por lá. Ela pegava água na bica e lavava roupas no córrego em frente ao barraco em que morava. Assim, era a vida da primeira moradora da cidade, no início dos anos 80. Passados mais de 40 anos, ela viu as chácaras virarem lotes, o loteamento encher de barracos, a transformação por casas de alvenaria e a urbanização e infraestrutura chegarem à região, tudo da janela da sua casa na Quadra 1.
“Quando cheguei só tinha eu mesma e os meninos [referindo-se aos cinco filhos], fiquei quase seis anos sem nenhum morador próximo. Era uma vida de batalha, até o dia que a Terracap dividiu a região que era de chácaras e loteou, e assim vieram outros moradores para cá. Fui atrás de muita coisa para a cidade: escola, posto de saúde e quadra de esporte. Sempre pedia nas reuniões de moradores e nada acontecia, até que um dia, aconteceu, e aos poucos a vida foi melhorando”, relata a pioneira.
A 11 km do Plano Piloto, entre o Setor Habitacional Taquari e o Setor de Mansões do Lago Norte, as casas antes feitas de madeira, que eram fruto de invasão, hoje são minoria na cidade. Completando 20 anos como região administrativa, neste sábado (6), o Varjão vive um cenário totalmente diferente. Regularizada por decreto em 1991, a juventude relativa da cidade se soma às histórias dos pioneiros de mais de quatro décadas.
Investimentos na cidade
[Olho texto=”“Estamos construindo o terminal e o governador assinou a construção do restaurante comunitário. É uma cidade que está em movimento. A administração regional e o Governo do Distrito Federal estão cuidando da cidade”” assinatura=”Daniel Crepaldi, administrador regional do Varjão” esquerda_direita_centro=”direita”]
Nos últimos anos, o Varjão recebeu investimentos empregados na pavimentação com bloquetes em vários bairros e na construção de novas paradas de ônibus ao longo da Avenida Principal. Há dois anos, a via ganhou sentido único para melhorar o fluxo de automóveis e garantir a segurança de pedestres. E os investimentos não param.
“Estamos construindo o terminal e o governador assinou a construção do restaurante comunitário. É uma cidade que está em movimento. A administração regional e o Governo do Distrito Federal estão cuidando da cidade”, afirma o administrador regional do Varjão, Daniel Crepaldi.
A ordem de serviço para o início das obras do restaurante comunitário na RA foi assinada em abril pelo governador Ibaneis Rocha. A previsão é que o espaço localizado na Quadra 8 seja inaugurado em 2024 já no novo formato – aberto de segunda a domingo, com café da manhã, almoço e jantar. Com investimento de R$ 7,3 milhões, o restaurante terá capacidade para 368 lugares e fornecimento de até 2,4 mil refeições por dia.
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Próximo ao restaurante, na Quadra 10, está sendo construída a futura rodoviária da região administrativa, o que possibilitará a ampliação de linhas de ônibus que passam na cidade. Com investimento de cerca de R$ 1,5 milhão, as obras estão avançadas. De acordo com a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), o terminal já está com as telhas instaladas, caixa d’água pronta para o uso, instalações hidráulicas concluídas e toda a preparação para receber a rede elétrica.
“Nesta gestão conseguimos também reformar cinco quadras poliesportivas e um campo sintético. Agora, começamos a reforma do campo maior, em parceria com o RenovaDF [Programa de aprendizagem da Secretaria do Trabalho], temos diversos programas sociais e cursos de qualificação para que os jovens da comunidade ingressem no mercado de trabalho. Estamos dando uma cara nova para a cidade”, completa o administrador.
Passados os anos, com apenas 162,95 hectares e aproximadamente nove mil habitantes, o Varjão é a menor RA do DF, e mesmo com todo o desenvolvimento e urbanização, a cidade mantém no dia a dia o ar interiorano.
As lembranças estão presentes na memória da moradora Lindaura Sousa, 92 anos, que com vigor e lucidez admiráveis relembra momentos da construção de Brasília e do início do Varjão. “Morar aqui é ótimo, um sossego. Me sinto alegre e realizada. Tem mais de 40 anos que moro aqui, e na verdade nem tinha Varjão, só tinha chácaras, e depois o povo foi fazendo barracos e virou uma ‘barraqueira só’. Agora não, está tudo diferente. Sinto que aqui é minha terra, nem me lembro de outros lugares que morei”, conta.
“No Varjão se concentra a maior quantidade de classes D e E da região central. Atuamos ativamente na vida da comunidade, temos um envolvimento social, com a distribuição de cestas básicas, realizamos eventos como a Páscoa Solidária, intermediamos os conflitos, como as brigas de vizinhos. Enfim, é uma cidadezinha do interior, a menos de 10 km do poder central do país”, enfatiza Crepaldi.
De acordo com a Administração Regional do Varjão, as comemorações do aniversário da cidade serão realizadas em junho.
Comunidade participativa
A população do Varjão é ativa na busca de melhorias para a cidade e possui conselhos de Segurança (Conseg) e de Cultura e está implantando um de Saúde. Tem também prefeitos de quadras e associação de idosos. A manicure Michelle Costa, 32 anos, é uma dessas lideranças na comunidade. Conhecida por todos, ela procura ajudar a comunidade na solução dos problemas.
“Temos uma rede de apoio maravilhosa e uma estrutura social boa. No Conselho de Segurança nos reunimos uma vez por mês com os representantes das forças de segurança para apresentar as demandas da comunidade. Temos Conselho de Cultura, que busca melhorias para a comunidade nessa área, e estamos implantando o de Saúde. Além disso, ainda tem a rede Lago Norte-Varjão, que auxilia as pessoas mais carentes”, conta Michelle.
Para a manicure, essa atuação em conjunto é um grande diferencial na comunidade. “Enfim, procuramos trabalhar junto com a administração, com o Cras [Centro de Referência de Assistência Social] e até com a unidade básica de saúde, tudo para melhorar o atendimento à comunidade. Somos acolhedores. Temos pouco, mas dividimos o pouco que temos, para criarmos nossos filhos em um lugar saudável”, diz.