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23/05/2023 às 13:27
Secretaria de Cultura e Economia Criativa conta histórias de quem faz a folia no Planalto Central
Vai ter Carnaval em tempos de São João em Brasília! Este ano, o desfile das escolas de samba será entre os dias 23 e 25 de junho, na passarela que será montada no Eixo Cultural Ibero-americano (antiga Funarte). O show de gala, como define o secretário Bartolomeu Rodrigues, será encerrado no terceiro dia, com a apuração das campeãs.
Para comemorar, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) vai contar a história das principais agremiações e mostrar que Brasília tem samba no pé, muito ziriguidum e até tradição. A cada semana, será contada a trajetória do samba em Brasília sob a ótica das comunidades que fazem o espetáculo dos grupos especial e de acesso.
A série tem início com a mais antiga das escolas do DF, a Associação Recreativa e Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc). Os amantes do samba também poderão conferir as histórias da União da Vila Planalto e da Capela Imperial de Taguatinga, que luta para voltar ao grupo especial.
Associação Recreativa
A maioria das escolas do DF nasceu das saudades de cariocas que se sentiam exilados das festas de momo com a transferência da capital para Brasília, ainda na década de 1960. A Associação Recreativa e Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc) foi fundada em outubro de 1961. “É a mais antiga em atividade”, comemora o jornalista Moacyr de Oliveira, ex-presidente da agremiação e espécie de enciclopédia viva do Carnaval brasiliense.
O gavião do estandarte remete ao antigo nome da região administrativa do Cruzeiro, sede da escola até hoje. Fundada para reunir os moradores, a associação recreativa e cultural foi campeã do Carnaval pela primeira vez em 1965. Hoje, acumula 31 vitórias, sendo oito seguidas. O sucesso garantiu à Aruc o título de patrimônio cultural e imaterial de Brasília, em 2009.
Embora não tenha havido desfiles por quase uma década, a escola se manteve em atividade junto à comunidade, por meio de ações como as feijoadas, eventos esportivos e culturais. Em 2015, a Aruc chegou a lançar um enredo para o desfile que acabou não acontecendo. Seria uma homenagem à companhia de comédia Os Melhores do Mundo. “Sem o desfile, a Aruc seguiu com as atividades em sua quadra, como a Feijoada do Gavião, que contou com várias edições”, ressalta o presidente da escola, Rafael Fernandes. Ele também destaca a parceria com alguns blocos carnavalescos e lembra que os integrantes da agremiação desfilaram pelas ruas do Cruzeiro nos carnavais de 2018 até 2020.
[Olho texto=”Em 2009, a Aruc recebeu o título de patrimônio cultural e imaterial de Brasília” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]
“Em 2018, lançamos o primeiro CD com sambas históricos da Aruc, gravado por nomes como Dhi Ribeiro, Marcelo Sena, Teresa Lopes e outros sambistas que interpretaram sambas campeões na avenida. Quando veio a pandemia, a Aruc foi a primeira escola de samba a realizar uma live, em outubro de 2020, transmitindo o concurso do samba-enredo para 2021 diretamente de sua quadra para a internet. Em 2021, voltou a desfilar, mas desta vez no mês de abril e também em outubro para comemorar os seus 60 anos. Em 2022, participou ativamente das lives e atividades carnavalescas promovidas pela Secretaria de Cultura e do projeto Escola de Carnaval”, relata Fernandes.
Este ano, a escola traz para a avenida o enredo Levanta, Sacode a Poeira e Dá a Volta por Cima, uma homenagem a todos que ajudaram a escola.
Capela Imperial
Coirmã e afilhada da Aruc, a Capela Imperial de Taguatinga foi fundada em 1976 por sambistas e amigos que trabalhavam no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e vieram transferidos do Rio de Janeiro. Eles foram alojados nas últimas quadras do setor QNJ.
“Após alguns encontros de organização, esses primeiros integrantes passaram a se encontrar no Bar do Zezão, em Taguatinga, onde até hoje fazemos os nossos ensaios juntamente com o apoio dos comerciantes e comunidade, e fundaram o Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco Capela Imperial de Taguatinga”, narra a presidente da escola, Lili Gaspar.
A Capela é uma das escolas de samba mais tradicionais, já que é a terceira agremiação mais antiga do Carnaval do DF. O nome faz alusão a Tião Padre, em cuja residência aconteceram muitos dos encontros. O apelido veio da paixão pelo samba e pelo vinho. “De Padre veio Capela e o Imperial veio para dar uma certa formalidade”, conta Lili.
Ela relata que, desde 2019, com o auxílio do vice-presidente Geovanny Silva, trabalha na preservação dos ensaios e na modernização do contato com a comunidade e os integrantes da escola por meio de lives.
Em 2023, a escola traz o enredo Taguatinga, a Ave Branca e espera, com ele, voltar ao grupo especial. A Capela foi para o grupo de acesso em 2012.
União da Vila
Uma borboleta com as cores azul, vermelho e branco é o símbolo da escola, fundada por moradores da Vila Planalto. Neste Carnaval, a agremiação vem com o enredo Plunct, Plact… venha você também na magia da infância.
A presidente Denise dos Santos, que também é líder comunitária, fala dos oito anos sem desfiles como um dos momentos mais difíceis pelos quais a escola passou. “A comunidade cobra muito, sempre cobrou, até porque a escola sempre foi um polo de geração de empregos, especialmente para os adolescentes”, detalha.
Denise diz que a escola também é uma forma de manter os idosos ocupados, além de ajudá-los a garantir uma renda extra. Ela diz que a situação ideal seria ter um barracão onde a comunidade pudesse não apenas ensaiar, mas ter acesso a cursos, capacitação e treinamentos profissionais.
*Com informações da Secec