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17/06/2023 às 09:14, atualizado em 17/05/2024 às 10:06
Em ambientes controlados, o espaço do Jardim Botânico de Brasília tem procurado reproduzir, preservar e conservar as espécies do terceiro maior bioma do país
A cada mês, o laboratório de reprodução in vitro do Jardim Botânico de Brasília (JBB) reproduz mais de mil plantas do cerrado em risco de extinção e espécies de outros biomas, como orquídeas, cactos, bromélias e palmeiras, para serem reintroduzidas futuramente na natureza.
O espaço é o único desse tipo no Distrito Federal, e a estação ecológica contribui para a preservação. Recentemente, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) avaliou 7.385 espécies do cerrado, das quais 1.199 foram consideradas em risco – 16,2% do total.
“Fazemos um trabalho de suma importância, pois pode acontecer de plantas que estamos acostumados a ver simplesmente sumirem”, afirma a superintendente técnico-científica do JBB, Lilian Breda. “Aqui temos uma variedade muito grande de plantas reproduzidas e estamos fazendo um trabalho de formiguinha, mas empenhados em preservar e conservar o cerrado.”
A gestora alerta sobre alguns fatores que aumentam causas da extinção de algumas espécies: “Algumas pessoas coletam bromélias e levam para casa, retiram a planta do habitat natural dela para embelezar a casa; elas acabam morrendo e, com isso, temos várias espécies ameaçadas. As queimadas são outro fator que contribui para a extinção”.
Processo de reprodução
O laboratório conta com sala climatizada com cerca de 10 mil mudas em estágio inicial que acabaram de iniciar a germinação e 5 mil em frascos em fase final de crescimento ou já preparadas para serem aclimatadas em ambiente externo, além de três estufas com as plantas maiores. O espaço também tem equipamentos que promovem a recirculação de 100% do ar, mantendo o espaço estéril para o manuseio das espécies, o que evita contaminações do meio externo nas amostras manipuladas.
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“Realizamos todo um processo de desenvolvimento e crescimento em ambiente controlado, com climatização, iluminação e temperatura controladas”, explica o gerente do laboratório, Daniel de Oliveira Mata, doutor em biologia molecular.
Ele detalha o trabalho com as plantas: “Assim que estão aptas, elas serão aclimatizadas no ambiente externo para ambientação em estufas apropriadas, com controle de irrigação e adubação. Após todo esse processo, que pode durar anos, assim que preparadas para viver em um ambiente externo, elas vão para o orquidário, ou podem ser replantadas no JBB ou na natureza. Temos a capacidade de gerar novas mudas em um processo científico que visa à conservação das espécies, melhora o meio ambiente e preserva o Cerrado”.
Entre as mudas produzidas no laboratório, informa ele, destacam-se, nos exemplares do Cerrado, as espécies Cattleya walkeriana, uma orquídea em risco de extinção, e Ubelmania pectinifera (tipo de cacto). Mas também há bromélias e mais orquídeas de outros biomas.