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21/07/2023 às 17:13, atualizado em 21/07/2023 às 18:10
Cerca de 120 estudantes de Santa Maria, Ceilândia e Estrutural assistiram a seis títulos nesta sexta (21)
Assim que o filme começa, a plateia abarrotada de alunos do ensino médio começa a gritar. O frisson não é motivado pela aparição de galãs e beldades hollywoodianas na tela. Pelo contrário. Ali, atuando em curtas-metragens com temáticas complexas estão adolescentes que dividem a rotina escolar com o público. Colegas de sala que venceram a vergonha para dar voz a realidades comuns aos jovens em vulnerabilidade social.
?A exibição dos filmes faz parte da sexta edição do projeto Vamos ao Cinema. A iniciativa oferece oficinas básicas de produção audiovisual para estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal. Ao final do curso, os alunos produzem filmes de curtíssima metragem que são avaliados por júri técnico e popular. Os vencedores ganham curso da Brainstorm Academy, uma das maiores escolas online de audiovisual do país.
Nesta sexta-feira (21), o projeto patrocinado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) levou cerca de 120 estudantes para assistir a seis curtas criados por eles mesmos. Munidos de pipoca e refrigerante, os adolescentes atendidos pelo Centro Educacional (CED) 310 de Santa Maria, pelo Centro de Convivência (Cecon) da Estrutural e pelo Centro Educacional 15 de Ceilândia encheram uma das salas do Espaço Itaú de Cinema, no CasaPark.?
O primeiro título exibido, Amor Imprudente, tratou de receios e dúvidas vividas por uma adolescente ao se ver grávida do namorado. Roteirista do curta, a estudante Gabriely dos Santos, 16 anos, ressaltou a importância da temática: “É uma situação comum, que já foi vivida inclusive na nossa escola”.
“É importante mostrar que as meninas não precisam ter medo, que elas podem encontrar apoio nas amigas”, afirmou a aluna do CED 15.?
Já o campeão da edição 2023 do Vamos ao Cinema refletiu sobre a segurança nas escolas. O curta Retrato de uma Obsessão conta a história de uma aluna que descobre, dentro de um banheiro desativado de sua própria escola, a existência de um altar construído em sua homenagem.
A diretora da obra, Hemily Lobo, 17 anos, aponta que a ideia surgiu em meio aos recentes ataques ocorridos em escolas de todo o Brasil. ? “O filme questiona a segurança no ambiente escolar, que nem sempre é boa. E mostra que muitas vezes somos observados de perto por pessoas que podem nos fazer mal e sequer percebemos isso”, explicou a estudante do CED 15.
“Essa foi a primeira vez que fiz um curta. E posso dizer que despertou em mim uma vontade grande de trabalhar com o audiovisual”, completou.
??Agenda 2030
?A abordagem de temáticas complexas é proposital no Vamos ao Cinema. De acordo com a idealizadora do projeto, Valéria Marcondes, um dos objetivos da iniciativa é instrumentalizar os jovens para que eles ampliem suas vozes. “Por isso também que trabalhamos com a propagação da Agenda 2030. Para que os adolescentes possam não só fazerem os filmes deles, mas também produzir cinema de impacto”, explicou.
?A Agenda 2030 é uma ação global que reúne 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, criados para erradicar a pobreza e promover vida digna a todos. O plano nasceu de um acordo firmado em 2015 pelos 193 países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU). “Ensinamos sobre a agenda, porque ela faz parte da nossa realidade. Ela trata de fome, pobreza, meio ambiente… Temas que fazem parte da nossa vida”, observou Valéria.
?Se o desenvolvimento social é o papo de fundo das oficinas do Vamos ao Cinema, a produção de vídeos é o principal assunto abordado nas aulas. Diretor do CED 310, Luís Cláudio Lopes de Araújo comemora o fato de os alunos terem a chance de aprender, com profissionais gabaritados, sobre construção de narrativas, redação de roteiros e criação de conteúdo audiovisual. ?“É um aprendizado que eles podem usar no futuro, para trabalhar”, garantiu. “E os alunos aprendem sem precisar sair do ambiente escolar. O projeto foi inserido dentro de uma das matérias eletivas do colégio, que são disciplinas extras escolhidas pelos próprios alunos”, apontou. As oficinas duram um semestre todo, com aulas ministradas uma vez por semana.
?O Vamos ao Cinema conta com recursos da Lei de Incentivo à Cultura (LIC), uma ferramenta de fomento essencial para a cadeia produtiva cultural do DF. “Graças a esse instrumento, é possível viabilizar projetos que alcançam toda a sociedade e beneficiam a economia criativa local”, destaca a secretária adjunta de Cultura e Economia Criativa, Patrícia Paraguassu. A edição 2023 do projeto contou também com patrocínio da Neoenergia Brasília.