17/08/2023 às 16:28, atualizado em 17/08/2023 às 18:00

GDF investe em ações de prevenção da Síndrome de Burnout em servidores

Entre as iniciativas estão espaços de convivência, treinamentos em gestão do tempo e comunicação com foco na qualidade do ambiente de trabalho; estratégia reflete em melhor atendimento à população

Por Josiane Borges, da Agência Brasília I Edição: Débora Cronemberger

A Síndrome de Burnout é um desequilíbrio emocional diretamente relacionado ao acúmulo de estresse por conta do trabalho. Também conhecida por Síndrome do Esgotamento Profissional, causa sintomas físicos e psicológicos, como dores musculares, insônia, transtorno de ansiedade e até distúrbios alimentares ou do sono.

[Olho texto=”“Se não tratada, toda a sociedade fica prejudicada. Perde o servidor, que não vai conseguir prestar o atendimento necessário, o governo, a família e a sociedade; enfim, é um jogo em que todos perdem”” assinatura=”Jacqueline Ferraz, psicóloga da Subsecretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SubSaúde)” esquerda_direita_centro=”direita”]

Para prevenir a doença entre os servidores, o Governo do Distrito Federal (GDF) investe em uma série de ações nos ambientes de trabalho que reflete em um melhor atendimento e acolhimento da população do DF.

A síndrome é classificada como doença ocupacional pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Para a psicóloga Jacqueline Ferraz, da Subsecretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SubSaúde) do GDF, não só o excesso de trabalho contribui para o desenvolvimento da síndrome, mas um ambiente considerado tóxico também é propício para o adoecimento.

Visando ao bem-estar dos servidores, o GDF tomou iniciativas como a criação da Sequali e a oferta de cursos, por meio da Egov, que trabalham ferramentas e técnicas para tentar evitar que o servidor chegue à Síndrome de Burnout | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

“A síndrome nunca vem sozinha, vem acompanhada de transtornos de ansiedade e depressão. Envolve pessoas muito comprometidas com o trabalho, com alta performance, sob um ambiente competitivo, de assédios moral e sexual, falta de reconhecimento do trabalho ou em um ambiente muito rígido que não permite que o trabalhador não participe das decisões; são fatores que podem desencadear o Burnout”, destaca. “É um esgotamento físico, mental e social, é uma falência múltipla. Prejudica tudo, é muito diferente de um simples cansaço”, completa Ferraz.

[Olho texto=”?Os servidores têm acesso ao Espaço Qualidade de Vida, que é uma área de 1.320 m², no anexo do Palácio do Buriti, que oferece refeitório, atendimento multidisciplinar e salas destinadas a jogos, meditação, descompressão e leitura para quem trabalha nas administrações direta e indireta do DF” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

O foco do trabalho da SubSaúde é preventivo, e para isso a pasta disponibiliza e atua junto aos servidores por meio de programas voltados para a saúde mental. São eles avaliação psicológica, atenção à saúde mental materna, orientação para a aposentadoria, atenção ao servidor dependente químico, suporte psicológico e psicoterapia.

“Se não tratada, toda a sociedade fica prejudicada. Perde o servidor, que não vai conseguir prestar o atendimento necessário, o governo, a família e a sociedade; enfim, é um jogo em que todos perdem”, alerta a psicóloga da SubSaúde. “Acreditamos que é muito melhor promover estratégias de prevenção, de como a organização pode minimizar os riscos e eliminar do contexto do trabalho e estimular fatores de proteção como o cuidado da mente e do corpo.”

Qualidade de vida no trabalho

A preocupação com o bem-estar dos servidores é uma das prioridades na gestão atual, e um exemplo disso foi a criação da Secretaria Executiva de Valorização e Qualidade de Vida (Sequali), há três anos, dentro da estrutura da atual Secretaria de Fazenda (Sefaz).

“A administração atual mudou o olhar do governo para com o servidor. Passou a entendê-lo como um ser humano completo, profissional e pessoal. Então, tentamos proporcionar a eles qualidade de vida no trabalho, com um ambiente cuidado, em que ele consegue expressar suas emoções, contra um esgotamento. E isso vai resultar em um bom atendimento para a população”, explica o secretário-executivo de Valorização e Qualidade de Vida, Epitácio Júnior.

“Percebemos uma transformação na postura das gestões, mudando a cultura e o ambiente, estão de fato preocupados com a qualidade de vida dentro do local de trabalho”, afirma o secretário-executivo da Sequali, Epitácio Júnior | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

O cuidado com os colaboradores reflete o que há de mais moderno em termos de política laboral. E o GDF tem sido pioneiro no assunto, despontando como a única entidade pública do país a ter o Plano Distrital de Qualidade de Vida.

?Os servidores têm acesso ao Espaço Qualidade de Vida, que é uma área de 1.320 m², no anexo do Palácio do Buriti, que oferece refeitório, atendimento multidisciplinar e salas destinadas a jogos, meditação, descompressão e leitura para quem trabalha nas administrações direta e indireta do DF. Por mês, em média 6 mil funcionários frequentam o local. Além do espaço, os servidores também têm acesso gratuito à Academia Buriti, que oferece 11 modalidades, entre treinamento funcional e artes marciais.

A rede de cuidado e qualidade de vida no trabalho tem se ampliado e o programa já é executado por algumas administrações regionais, assim como em outros órgãos do GDF. “Estamos vivendo uma cultura de mudanças significativa, com as RAs montando os seus espaços de convivência. Percebemos uma transformação na postura das gestões, mudando a cultura e o ambiente. Estão de fato preocupados com a qualidade de vida dentro do local de trabalho”, aponta o secretário-executivo da Sequali.

Treinamento

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Por meio da Escola de Governo (Egov), o GDF investe também em cursos que trabalham ferramentas e técnicas para tentar evitar que o servidor contraia a Síndrome de Burnout, com instruções de organização do tempo, comunicações saudáveis e feedback positivo para que o ambiente de trabalho não seja gerador da doença.

“O servidor acessa ferramentas para aceitar a finitude do tempo lidando com prioridades, focar a comunicação no receptor e desenvolver rotinas dentro das oscilações de energia do corpo humano e das organizações. A capacitação nessas vivências leva a equipes mais saudáveis, ambientes de foco e concentração e reduz o desgaste diário. É um investimento em saúde física e mental que impacta diretamente a expectativa e qualidade de vida”, defende a instrutora da Egov e especialista em produtividade e equilíbrio Sane Alessandra Marques.

A diretora-executiva da Egov, Juliana Tolentino, acentua que os treinamentos têm a intenção de melhorar a entrega para a população, com um olhar comportamental e inovador para o atendimento: “Na agenda de cursos, mapeamos as competências, as tendências e as dores, com o foco de uma melhor devolutiva para a população, desde um servidor mais satisfeito a uma comunicação não violenta, com técnicas para lidar com o outro. O governador trouxe esse olhar, e utilizamos as temáticas para facilitar o dia a dia de trabalho e o atendimento à comunidade”.