21/09/2023 às 08:22, atualizado em 21/09/2023 às 12:14

#TBT: Vila Telebrasília, símbolo da luta e resistência dos moradores

Agência Brasília traz a história do bairro que surgiu junto com a construção da capital da República e abriga uma grande comunidade de pioneiros

Por Josiane Borges, da Agência Brasília | Edição: Saulo Moreno

Logo no final da Asa Sul, às margens do Lago Paranoá existe um bairro que destoa um pouco das outras quadras da região, repleto de áreas verdes e praças arborizadas. A Vila Telebrasília, com 67 anos, recém-completados, e 5,5 mil moradores, mantém um passado bem vivo como símbolos de união e resistência.

Em vista aérea do acampamento montado pela construtora da nova capital da República, a Camargo Corrêa, o que se tornou a Vila Telebrasília | Foto: Wilson Susuki/Arquivo Público

A Agência Brasília conta, nesta quinta-feira (21), a história da Vila Telebrasília no #TBTDoDF – um especial de matérias que aproveita a sigla em inglês para Throwback Thursday para mostrar fatos que marcaram o Distrito Federal.

Com uma infraestrutura cada vez melhor e com equipamentos que oferecem lazer e diversão para os moradores, os cuidados com a cidade são vistos ao percorrer as ruas com espaços limpos e arborizados, além do campo sintético, símbolo da cidade, reformado | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

A Vila Telebrasília surgiu em 1956, como um dos inúmeros acampamentos construídos para alojar as pessoas que chegavam para trabalhar nas obras da construção da nova capital. No final da década, a região abrigava funcionários da Construtora Camargo Corrêa. Com o fim do processo de urbanização, o local se transformou em refúgio dos funcionários das empresas que se deslocaram para instalar os serviços de telefonia no centro do país. Primeiro a Cotelb e, logo em seguida, a Telebrasília, empresa criada para gerenciar esses serviços de telefonia, que mais tarde virou o nome do bairro.

João Almeida, professor que reside há 40 anos na Vila Telebrasília, com a saída da Camargo Corrêa, a manutenção dos moradores no local ficou precarizada e a comunidade resolveu se unir para reivindicar melhorias | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Anos mais tarde, os funcionários, de posse do alojamento, começaram a repassar e vender os barracos para outras pessoas que chegavam para tentar uma nova vida em Brasília. E foi assim que a cidade começou a crescer. Junto com ela, a luta pela permanência no espaço.

Resistência dos moradores

O professor João Almeida vive na vila há mais de 40 anos e lembra bem do período de acampamento e da trajetória de crescimento da comunidade. “Eu vim pra cá com a minha família no final dos anos 70. Era um acampamento tradicional, com casas de madeira, em uma comunidade pequena e acolhedora. Cheguei aos 17 anos e, logo cedo, começamos a discutir as necessidades dos moradores”, relembra.

Montada em 1956, a hoje Vila Telebrasília era um dos inúmeros acampamentos construídos para alojar as pessoas que chegavam para trabalhar nas obras da construção da nova capital | Foto: Wilson Susuki/Arquivo Público

Segundo ele, com a saída da construtora da cidade, a manutenção dos moradores no local ficou precarizada e a comunidade resolveu se unir para reivindicar melhorias. “Havia a necessidade de manutenção. Então montamos a associação e começamos a lutar pelas nossas causas e pela cidade. Em 1988 demos início a uma grande campanha para regularizar a nossa permanência no local, como um bairro de Brasília”, conta João Almeida.

Dona Maria do Carmo mora na Vila Telebrasília há 35 anos e tem uma história de amor com o local: “Era um assentamento, paguei 8 mil, mas nem me lembro a moeda, em um barraco. Com dez filhos foi muito difícil e uma luta para ficar aqui. Me lembro que mais de 300 famílias ainda foram retiradas da vila. Hoje amo demais morar aqui” | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Dona Maria do Carmo, de 88 anos, reside na vila há 35 anos e também relata o período que chegou. “Era um assentamento, paguei 8 mil, mas nem me lembro a moeda, em um barraco. Com dez filhos foi muito difícil e uma luta para ficar aqui. Me lembro que mais de 300 famílias ainda foram retiradas da vila. Hoje amo demais morar aqui”, ressalta.

A Praça Resistência se tornou símbolo da luta dos moradores, e aqueles que permaneceram não se arrependeram. Em 1991, a Lei nº 161 garantiu aos moradores o direito de fixação na Vila Telebrasília. Sete anos depois foi aprovado o primeiro projeto urbanístico da região, com os padrões de moradia existentes de ocupação original, com a manutenção da volumetria de edificações baixas e presença de vegetação. A comunidade passou a receber rede de energia elétrica e saneamento básico.

Símbolo da luta dos moradores, a Praça da Resistência simboliza as manifestações feitas para a vila em um bairro com infraestrutura e boas condições de residência | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

“A praça ganhou o nome por conta da luta da comunidade e a placa de entrada na cidade também é símbolo dessas manifestações. Foi feita por nós moradores, quando a partir daí veio água, esgoto, asfalto e as outras benfeitorias”, completa o professor Almeida.

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Tempos atuais

Hoje os moradores comemoram e aguardam a finalização do primeiro Centro de Educação da Primeira Infância (Cepi) que está sendo construído na Rua 18 da região. Com investimento de cerca de R$ 5 milhões, a previsão é atender aproximadamente 200 crianças. E os cuidados com a cidade são vistos ao percorrer as ruas com espaços limpos e arborizados, além do campo sintético, símbolo da cidade, reformado.

O administrador do Plano Piloto, Valdemar Medeiros, responsável pela gestão da Vila Telebrasília, garante que está sempre atento aos pedidos da comunidade. “A administração, juntamente com a comunidade e os demais órgãos do GDF, vem trazendo melhorias para a vila, que surgiu em 1956 para abrigar trabalhadores e suas famílias que vieram ajudar na construção de Brasília. É uma comunidade batalhadora, que merece todas as benfeitorias”, declara.

#TBT: Vila Telebrasília, símbolo da luta e resistência dos moradores