22/09/2023 às 19:40

Banco de Leite do Hospital Regional de Taguatinga comemora 45 anos

Referência nacional, a unidade foi a primeira do Centro-Oeste e salvou milhares de crianças no Distrito Federal

Por Agência Brasília* | Edição: Vinicius Nader

Em 1978, quando o país ainda não possuía uma política de incentivo ao aleitamento materno, um grupo de médicos e associados do Rotary Clube de Taguatinga fundava o primeiro banco de leite humano na região Centro-Oeste. Nasceu, assim, em 19 de setembro daquele ano, o Banco de Leite do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), que, ao longo de 45 anos, tem contribuído para a saúde e a história de centenas de crianças. A unidade é referência e procurada por profissionais de outros estados e países para treinamentos, indicados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Em celebração à data especial, funcionários e beneficiados receberam homenagem da Secretaria de Saúde (SES-DF), que concedeu certificados de reconhecimento pelos serviços prestados à saúde e um café da manhã em comemoração. A coordenadora de Políticas de Aleitamento Materno da pasta, Miriam Santos, emocionou-se ao recordar do esforço dedicado por muitos profissionais para manter a unidade em funcionamento.

A Secretaria de Saúde concedeu certificados de reconhecimento aos funcionários da unidade pelos serviços prestados à saúde | Foto: Divulgação/ Agência Saúde-DF

“Estou nessa missão desde 1992. É um sonho realizado. A gente só existe por causa dos bebês receptores de leite humano e das mães nutrizes. Eu sou apenas uma maestra, somente conduzo a grande banda. Sem cada um desses integrantes, que são os instrumentos disso tudo, não haveria como e nem porquê fazer este trabalho”, agradeceu Santos.

Rede que salva

O Governo do Distrito Federal (GDF) mantém bancos de leite em dez hospitais regionais, responsáveis por receber, pasteurizar e distribuir o leite materno a recém-nascidos internados em unidades neonatais. Além disso, esses bancos orientam mães sobre amamentação e técnicas de pega do bebê ao seio, uma vez que isso nem sempre é instintivo e pode causar desconforto e ferimentos, levando muitas mulheres a recorrerem à fórmula.

Só no primeiro semestre de 2023, as doações recebidas pela rede pública de saúde nutriram quase 8 mil bebês | Foto: Tony Winston/ Agência Saúde-DF

A coordenadora do banco de leite do HRT, Natália Conceição, acredita que os 45 anos de história da unidade foram muito marcantes: “Fazer parte dessa história e dar continuidade a essa ideia inovadora é algo transformador. Nossa equipe sabe que impacta a vida da população. O aleitamento materno é fundamental e é algo gratificante saber como contribuímos.”

É o caso do pequeno Henry de Moura, que nasceu de 36 semanas, mas com peso de uma criança de 33 semanas, e recebe o leite do banco. A mãe dele, Andressa Venâncio de Moura, 34 anos, se emociona ao saber que o filho recebe ajuda. “Meu leite começou a descer apenas nesta semana e nos próximos dias vamos pegar um complemento para que ele continue a ganhar peso”, detalha. “A gente olha e vê que não está saindo leite e começa a se desesperar. Aqui, aprendi como fazer massagem, fazer a pega. Coisas que eu nem tinha ideia”, conta.

[Olho texto=”“O trabalho dessa equipe é essencial. Sem esse alimento meu filho não estaria aqui. É muito especial pra mim celebrar esse momento com a SES-DF.”” assinatura=”Jessita Pereira” esquerda_direita_centro=”direita”]

Jessita Pereira, 28 anos, fala com a voz embargada que o filho está recebendo toda a alimentação pelo banco de leite, pois ela não estava produzindo. “O trabalho dessa equipe é essencial. Sem esse alimento meu filho não estaria aqui. É muito especial pra mim celebrar esse momento com a SES-DF.”

Uma vida dedicada ao aleitamento

[Olho texto=”“Colaborar com a saúde básica, pois um bebê alimentado corretamente sai da fila do SUS, não tem preço”” assinatura=”Rosilene Ribeiro da Silva, técnica em gestão de saúde” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Técnica em gestão de saúde, Rosilene Ribeiro da Silva trabalha há 24 anos no BLH do HRT e já perdeu as contas de quantas mulheres e crianças amparou: “Ajudar esse binômio [mãe e bebê] é uma ação indescritível. Colaborar com a saúde básica, pois um bebê alimentado corretamente sai da fila do SUS [Sistema Único de Saúde], não tem preço”, afirma, e ainda ressalta que se sente agraciada por participar de um projeto como esse.

Mesmo aposentada, Marli Leite Borges, continua amiga e apoiadora do banco de leite. “Dediquei dez anos da minha história na enfermagem à unidade e foi um dos lugares mais gratificantes em que estive.”, relata.

Como doar

[Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”]

Só no primeiro semestre de 2023, as doações recebidas pela rede pública de saúde nutriram quase 8 mil bebês. Foram coletados cerca de 11 mil litros de leite, volume que superou em 14% o mesmo período de 2022. Mas para continuar funcionando, a unidade depende de doações mensais.

Para agendar uma visita do CMBF, basta ligar no telefone 160 [opção 4] ou realizar o cadastro no site do programa Amamenta Brasília. A equipe do banco de leite mais próximo entrará em contato para marcar uma visita dos bombeiros, que já levam um kit com máscara, touca e potes esterilizados.

Santos explica que doar o leite materno excedente é mais fácil do que muitas mães pensam. “Um erro comum é achar que o frasco precisa ser preenchido de uma só vez com o alimento”, aponta a coordenadora de Políticas de Aleitamento Materno. “Na verdade, a mulher tem até dez dias para encher o pote”. Para isso, é preciso completar o frasco mantido no congelador com a ajuda de um copo de vidro, conforme o leite for retirado. Um pote com cerca de 300 ml do alimento pode garantir a nutrição de até dez recém-nascidos.

*Com informações da Secretaria de Saúde