25/09/2023 às 13:16

Adolescente autista faz visita guiada pelos bastidores do metrô

Além de conhecer a cabine do trem, Marcos Vinícius visitou o Centro de Controle Operacional (CCO) e o setor de manutenção

Por Agência Brasília* | Edição: Vinicius Nader

Marcos Vinícius Estevão dos Santos Dias tem 14 anos e, desde os 6 anos, convive com o diagnóstico de transtorno do espectro do autismo (TEA). Estudante da 8ª série na Fundação Bradesco, ele tem uma rotina de idas e vindas a hospitais e clínicas, onde faz diversos tratamentos médicos. É um usuário frequente do metrô, sempre acompanhado da mãe, Mônica Estevão da Rocha. Eles moram a cinco minutos da Estação Ceilândia Centro. Mas a relação do rapaz com o sistema metroviário sempre foi além do uso convencional do transporte.

“Desde pequeno ele tem fascínio pelo metrô. Passa horas vendo cenas de metrôs pelo YouTube e sonhava em conhecer a cabine do piloto”, revela Mônica. A Escola Metroviária entrou em contato com a mãe para entender a condição de Marcos e tomar as providências cabíveis para que a visita fosse tranquila, confortável e proveitosa para ele. O sonho do adolescente se tornou realidade na última sexta-feira (22), quando ele fez uma visita guiada pelos bastidores do metrô, começando pelo trem, passando pela manutenção e pelo Centro de Controle Operacional (CCO).

Marcos Vinícius é fascinado pelo metrô desde pequeno | Fotos: Asley Ribeiro/ Metrô-DF

Com o pretexto de ir a uma consulta, Marcos seguiu com a mãe para a Estação Ceilândia Centro às 9h. “Para evitar que ele ficasse muito ansioso, eu não contei da visita, deixei que fosse surpresa”, contou Mônica. Já no trem, o piloto escalado para acompanhar a visita abriu a cabine que tem comunicação com o primeiro carro e convidou Marcos para conhecer o espaço.

O sorriso veio de imediato. Com os olhos brilhando, Marcos sentou-se na cadeira de piloto, recebeu explicações sobre os equipamentos e seguiu na cabine durante todo o trajeto até a Estação Águas Claras. No percurso, foi ele quem anunciou paradas em estações e orientou passageiros sobre o lado correto para a saída do trem.

“É um dia que ele vai guardar para o resto da vida”, afirmou Mônica. Sempre com o sorriso de satisfação no rosto, Marcos ganhou uma plaquinha de piloto das mãos de Júlio César Soares Nicésio, piloto e instrutor que acompanhou toda a visita.

“É muito gratificante ver a satisfação dele. Nós sempre ficamos muito felizes quando as pessoas, em especial as crianças, têm interesse pelo nosso sistema e vêm conhecer de perto como tudo funciona e saber mais sobre a nossa profissão”, disse Júlio César.

Um dos momentos mais esperados por Marcos foi a visita à cabine do piloto. Agora, o jovem quer seguir a profissão

Marcos ganhou também dois trenzinhos feitos de papelão das mãos de Daniele Gomes Prandi, chefe do Núcleo de Desenvolvimento de Recursos Humanos. Foi ela quem entrou em contato com a mãe para organizar a visita. Ela disse que não é raro receber no sistema crianças e adolescentes autistas. “Já recebemos algumas visitas. Eles têm realmente uma grande curiosidade pelo sistema. Sempre que chega um pedido pela Ouvidoria, nós preparamos tudo para que eles se sintam confortáveis e seguros”, avalia. Segundo Daniele, o metrô recebe visita de escolas dentro do projeto Educação nos Trilhos e de alunos de cursos técnicos profissionalizantes e de graduação.

Após viver seus momentos como piloto do metrô, Marcos Vinícius conheceu o galpão de manutenção, onde entrou em um trem parado, subindo à cabine mais uma vez. Roberto Audy, que acompanhou a visita na manutenção, mostrou também um motor de trem a Marcos.

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Para finalizar a visita, Marcos conheceu o CCO, a sala de controle, na sede do Metrô-DF. Alexandre Santarem fez as honras da casa, mostrando todos os detalhes do local onde se concentra a inteligência do sistema. O rapaz ficou encantado com a sala com muitas telas e monitores que sinalizam e controlam, em tempo real, o percurso dos trens e todos os outros detalhes do sistema.

Marcos registrou tudo com extrema atenção e, ao fim da visita, disse que estava feliz e que tinha gostado muito. À pergunta “agora, vai estudar para ser piloto?”, ele respondeu com um sonoro “sim”. “Para mim, é também um sonho realizado ter conseguido proporcionar momentos assim para ele”, concluiu Mônica.

*Com informações do Metrô-DF