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25/10/2023 às 18:13, atualizado em 25/10/2023 às 18:31
Com as técnicas e boas práticas aprendidas, os produtores podem conseguir maior produtividade de mel, gerando uma renda extra
Saber identificar a abelha-rainha de uma colmeia, uma concentração de zangões ou, ainda, a hora certa de manejar as caixas de abelha pode ser um grande diferencial na apicultura e para determinar uma boa produção de mel.
O Curso de Prática e Manejo de Apicultura oferecido pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) traz todos esses ensinamentos para os produtores rurais assistidos pela empresa pública, reunidos no PAD-DF esta semana.
Na fase final, o curso gratuito é de 24h, dividido em três dias com partes teóricas e práticas. Iniciado com uma aula básica de noções de apicultura, os conteúdos foram focados nas práticas pós-safra, que são a manutenção e multiplicação de colmeias de abelhas, além da seleção dos melhores enxames para que produzam o que se espera de uma colmeia bem administrada na próxima safra.
O instrutor do curso, João Pires, explica que a capacitação veio de uma demanda dos agricultores familiares da região do PAD-DF que praticam apicultura e estavam reclamando da baixa produtividade dessa atividade, com um baixo retorno econômico. “Conversamos com eles e percebemos que o que estava realmente faltando eram práticas corretas de manejo”, afirma o técnico em agropecuária.
O extensionista da Emater-DF também destaca a importância social, econômica e ambiental da produção de mel. “Socialmente ajuda na melhoria da alimentação dessas famílias, que passam a ter o mel e enriquecer a alimentação. Já do ponto de vista ambiental, você está trabalhando com um potencial polinizador, que são as abelhas, e obviamente todo apicultor é um ferrenho defensor da natureza, porque ele precisa dela preservada para que as abelhas possam trabalhar na produção de mel. Economicamente é mais uma atividade que pode somar renda para essa família, além da rapidez de retorno econômico da atividade apícola”, explica.
Investimento nas abelhas
De acordo com o especialista, todo investimento no primeiro ano na atividade apícola – indumentária (traje especial), equipamentos e caixas – se paga na primeira produção de mel. Isso na perspectiva de trabalhadores da região que utilizam técnicas corretas de manejo e não tenham uma produção menor (de 5 kg a 10 kg de mel por ano), mas uma média de 30 kg por colmeia ao ano.
“Com o preço médio de R$ 50, o quilo, estamos falando de R$ 1.500 por colmeia. Pensando em uma agricultura familiar com 10, 20, 30 caixas, você multiplica isso por esse rendimento, tirando aí 10% de custo de manutenção, é uma renda considerável”, pontua João Pires.
Segundo o produtor rural Lucas Duarte, 30 anos, a grande importância do curso é o manejo correto. Ele conta que normalmente as práticas rurais são de conhecimentos passados de geração em geração, na linha de “meu avô fazia isso”, mas sem instruções realmente técnicas. “Acho que a palavra fundamental na apicultura seja manejo. Antigamente ficava uma questão de fazer de qualquer jeito, fazer igual o vizinho fazia, mas hoje não. A gente tem as práticas e maneiras corretas de ter uma autoprodutividade maior. E foi isso que vim buscar neste curso, para realmente ser algo rentável e economicamente viável”, destaca.
Um favo de mel
A agricultora Joana Pires Domingues de Oliveira, 57, é dona da Chácara 3 Meninas, localizada na VC-401, onde é realizado o curso. Ela e o marido têm oito colmeias espalhadas pela propriedade. Joana recorda que o técnico da Emater que os acompanha incentivou o marido, Maurício, a cultivar abelhas e logo ele se envolveu bastante, feliz com a ideia. O casal chegou a colher 40 litros de mel recentemente.
“Vendemos ocasionalmente, da última vez não deu nem para os vizinhos e já tem gente querendo mais. A procura é grande. É um mel medicinal mesmo, porque tem muitas plantas de aroeira e eucalipto aqui, além de muitas flores do Cerrado medicinais. Com o mel, então, é maravilhoso”, ressalta a agricultora.
Como Joana é alérgica, as abelhas europeias que eles criam ficam mais abaixo na mata e, próximo à casa, ficam as pequenas e sem ferrão, também chamadas de melíponas. Ela cuida da propriedade de dois hectares há cerca de 20 anos. Há um ano, o casal cria abelhas e hoje ela não se vê sem o mel.
“Depois do almoço tenho que pegar um pedacinho do favo. É uma gratidão muito grande, a Emater está em tudo que você vai fazer, a prestação de serviço é nota 10. Dá assistência, ensina, orienta em relação às abelhas… É um incentivo ao agricultor familiar. Quem quer realmente consegue ter uma renda vivendo do campo, que é a realização do meu sonho”, acrescenta Joana.