26/10/2023 às 08:14, atualizado em 26/10/2023 às 10:05

#TBT: As duas emas do Recanto

Conheça a história das esculturas que são o cartão-postal da cidade que se tornou região administrativa em 1993

Por Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Igor Silveira

No balão do Recanto das Emas, moram os dois símbolos da cidade: as esculturas das aves que dão nome ao local. Cartão-postal da região, elas enfeitam a rotatória da entrada há anos.

A primeira ema surgiu em 1992 e, durante o transporte entre o local de produção e o destino final, acabou perdendo as pernas. Por isso, foi criado um ninho ao redor da escultura, que tem dois metros de altura e pesa duas toneladas.

As esculturas que enfeitam a rotatória do Recanto das Emas são consideradas o cartão-postal da cidade | Fotos: Divulgação/Arquivo Público

Já a segunda ema foi instalada em 1993, com quatro metros de altura e 650 quilos, sendo posicionada de pé. As esculturas foram criadas pelo artista plástico Carlos Alberto Mendes, mais conhecido como Roberto da Ema.

O escultor foi o responsável por criar o símbolo da cidade. Ele foi o segundo morador da região e recebeu o convite para criar as obras assim que chegou ao local, em 1992. Em entrevistas, Roberto disse que fazia várias peças de artesanato para a filha, como corujas e outros bichinhos. Quando lhe perguntaram se poderia fazer uma ema de quatro metros, ele aceitou.

No ano seguinte, o artesão fez a outra escultura para acompanhar a primeira, justificando que o nome da cidade é no plural.

Todo o material para a confecção das esculturas foi cedido pelo comércio local da época, e o sucesso das obras atravessou fronteiras, chegando a se tornar uma referência internacional.

Cadê as emas que estavam aqui?

Durante as obras do viaduto do Recanto das Emas, iniciadas em 2021, as duas esculturas foram retiradas do local, tendo sido recolocadas em fevereiro deste ano, próximo à conclusão das construções.

O Recanto das Emas surgiu em 28 de julho de 1993, como resultado da distribuição de 15.619 lotes dentro do Programa Habitacional do GDF

Durante esses dois anos, as emas ficaram guardadas na administração da região. “Houve uma mobilização das pessoas preocupadas se as emas iam voltar. A população as adotou e abraçou; é o nosso principal cartão-postal. E elas já voltaram ao local de protagonismo”, declarou o administrador da região, Carlos Dalvan.

Ednamar de Jesus Rezende, de 63 anos, reclamou quando elas foram retiradas do balão. “Quando tiraram para fazer o viaduto, eu exigi que voltasse para o lugar. Elas são o símbolo da nossa cidade”, afirmou. A aposentada lembra de levar os filhos para brincar com as emas e até tirar fotos em cima delas. Uma das moradoras mais antigas do Recanto das Emas, a mineira de Araxá viu a cidade crescer. Ela chegou com o marido e quatro filhos no fim de 1992.

Durante as obras do viaduto do Recanto das Emas, em 2021, as duas esculturas foram retiradas do local e foram recolocadas em fevereiro deste ano

Por que emas?

A Região Administrativa do Recanto das Emas surgiu em 28 de julho de 1993, como resultado da distribuição de 15.619 lotes dentro do Programa Habitacional do GDF. Antes, a área era formada por chácaras que pertenciam à Fundação Zoobotânica. Na época, a previsão era que a região tivesse 86 mil habitantes.

O nome Recanto das Emas é uma referência a um arbusto muito comum na cidade, conhecido como canela-de-ema. Com o crescimento da cidade, diversas obras, além do viaduto, foram feitas. O artista plástico Alexandre Silva, responsável por ter restaurado as emas para serem recolocadas no novo balão, recorda dos espaços reformados e do convite para restaurar o cartão-postal do Recanto.

O artista plástico Alexandre Silva foi o responsável por ter restaurado as emas para serem recolocadas no novo balão | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

A cidade fez parte do projeto Criança Feliz, que, entre 2018 e 2019, trouxe de volta as brincadeiras infantis, como a pintura, nas unidades de pronto atendimento (UPAs), unidades básicas de saúde (UBSs), administração e escolas. “Fiz essa parte de desenhos no chão no grafite. A restauração das emas foi muito gratificante, porque, enquanto nós estávamos fazendo, os moradores ficam animados”, comenta o artista.

Alexandre destaca a dedicação para deixar as emas novamente bonitas. Foram dois dias para completar a restauração, um de preparação e outro de pintura. “O trabalho foi voluntário, em amor à arte. E tenho um vínculo forte com elas, porque, para o artista, cada trabalho realizado é uma conquista”, ressalta.

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