31/10/2023 às 08:50, atualizado em 31/10/2023 às 10:09

Produtores rurais visitam unidade de referência no plantio de baunilha

Agricultores do PAD-DF, Ceilândia e São Sebastião aprenderam sobre o manejo da planta

Por Agência Brasília* | Edição: Vinicius Nader

Com um manejo exigente, mas de alta rentabilidade, o cultivo da baunilha natural atraiu produtores de várias regiões do Distrito Federal em busca de conhecimento sobre técnicas de cultivo, peculiaridades, cuidados e comercialização. Para promover a troca de conhecimento, a Emater-DF levou os produtores a uma propriedade que é referência de produção de baunilha, no Núcleo Rural Tororó, onde é possível ver dois tipos de cultivo: em sistema agroflorestal e em estufa.

A unidade de referência é conduzida pelo casal Anajúlia Heringer e João Sales. Eles têm atualmente cerca de mil pés de baunilha de cinco diferentes espécies. Há cinco anos, o casal faz testes com diferentes variedades e formas de condução do plantio, adubação e irrigação em parceria com a Emater-DF.

Grande parte do plantio é das variedades Vanilla pompona e Vanilla planifolia, mas o casal também está investindo em variedades como Vanilla bahiana, Vanilla chamissonis e Vanilla cribbiana, com a intenção de encontrar o melhor sabor e aroma, além de verificar a variedade que melhor se adapta às condições locais.

Produtores conheceram uma propriedade onde são cultivados quatro tipos de baunilha | Foto: Divulgação/ Emater-DF

Na última sexta-feira (27), o extensionista rural da Emater-DF Carlos Morais guiou um grupo de aproximadamente 15 pessoas pela unidade de referência. “A baunilha é um tipo de orquídea trepadeira, então ela precisa de um tutor para crescer; e, se [o pé] for alto demais, dificulta o manejo”, explicou Morais. “Assim como as orquídeas, a baunilha não pode ter excesso de água, porque as raízes apodrecem”.

Questões como o plantio, o manejo da planta, a polinização das flores e a colheita das favas foram apresentadas ao grupo de produtores. “Assim que você colhe a fava da baunilha, ela não tem nenhum aroma, então é preciso passar por um processo de cura – que não é uma simples secagem, porque tem que manter uma certa flexibilidade e umidade para conseguir uma leve fermentação. Só depois dessa cura é que a fava atinge o máximo aroma e sabor”, ensinou Anajúlia Heringer.

[Olho texto=”Não é uma iguaria fácil de obter, mas, com o manejo e processamento corretos, o produtor consegue um fruto raro, saboroso e de demanda da alta gastronomia, o que, consequentemente, aumenta a renda do produtor”” assinatura=”Carlos Morais, extensionista rural da Emater-DF” esquerda_direita_centro=”direita”]

Por conta da diferença de sabores e aromas das espécies de baunilha, Anajúlia a compara com a produção de vinhos. “A baunilha do Cerrado tem sabor diferente da baunilha de Madagascar, como vinhos de uvas diferentes. As duas são uma delícia, mas são sabores diferentes”, explica.

Para Carlos Morais, são essas questões específicas que fazem da baunilha uma especiaria tão cara. “Não é uma iguaria fácil de obter, mas, com o manejo e processamento corretos, o produtor consegue um fruto raro, saboroso e de demanda da alta gastronomia, o que, consequentemente, aumenta a renda do produtor”, afirmou.

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A produtora rural Antônia Quaresma, de Valparaíso (GO), saiu da visita decidida a iniciar um plantio, ainda que apenas para consumo próprio.

Mesma iniciativa teve Maria Rubeneide de Lima, do Incra 9, que pretende começar um plantio para consumo próprio para ver se vale a pena aumentar. Ela se disse encantada com a oportunidade de acompanhar o manejo na prática e as possibilidades da baunilha natural. “Ver a demonstração da baunilha no fruto curado e ver no pé, ver a flor e a polinização, foi ótimo”, ressaltou.

*Com informações da Emater-DF