01/11/2023 às 20:30

Paciente relata “alívio de mãe” após cirurgia inédita feita no DF

Filha de Raiane da Rocha passou por procedimento corretivo de uma malformação ainda no útero materno e vai nascer em fevereiro

Por Agência Brasília* | Edição: Saulo Moreno

O sonho da Raiane da Rocha, de 36 anos, de ver a filha Agatha nascer saudável está mais próximo. A mãe recebeu alta nesta quarta-feira (1º) do Hospital Materno-Infantil de Brasília (Hmib) após a realização do primeiro procedimento cirúrgico no Distrito Federal para correção de espinha bífida com a criança ainda no útero.

Realização da cirurgia foi possível após a Secretaria de Saúde realizar gestões para fortalecimento da equipe e aquisição de insumos necessários ao procedimento inédito | Fotos: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF

A operação foi classificada pela equipe médica da Secretaria de Saúde (SES-DF) como bem-sucedida e, até o parto, previsto para fevereiro, será realizado o acompanhamento da mãe e da filha. “Para qualquer mãe, é um alívio”, conta Raiane, que chegou a ficar dois dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não apresentou complicações.

Secretária de Saúde acompanhou alta médica da paciente Raiane da Rocha, que passou por cirurgia pioneira no DF

Chamada cientificamente de meningomielocele, a doença ocorre quando há malformação na coluna do bebê, que fica exposta, fora do corpo. A enfermidade gera limitações motoras e problemas neurológicos desde o útero, com consequências até o fim da vida. Com a cirurgia intrauterina, contudo, as chances de recuperação plena são maiores que nos casos em que o procedimento ocorre só depois do nascimento.

Serviço traz esperança

Moradora de Águas Lindas de Goiás (GO), Raiane diz ter ficado feliz pela oportunidade de realizar o procedimento no DF, podendo ficar perto da família. A outra opção era passar pela cirurgia em São Paulo.

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A secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, acompanhou a alta hospitalar e agradeceu à paciente pela confiança. Também afirmou que, agora, a SES-DF estará preparada para realizar procedimentos do tipo. “Desejamos que não sejam muitos os casos, mas teremos. Está em construção uma rede de cuidados para o atendimento”, afirma.

A diretora do Hmib, Marina Araújo, destaca que o início dessas cirurgias na unidade exigiu um esforço administrativo. “Foi necessário fazer compras de insumos que não eram adquiridos. Agora estamos prontos para realizar novos procedimentos”, disse.

Para a cirurgia inédita, a SES-DF fortaleceu equipes, adquiriu materiais necessários e disponibilizou equipamentos para o centro cirúrgico, além de fornecer leitos da UTI. O Hmib também já conta com experiência de outros procedimentos intrauterinos, incluindo transfusão de sangue para fetos e laser em gestações gemelares (presença simultânea de dois ou mais fetos na cavidade uterina).

*Com informações da SES-DF