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20/12/2023 às 20:06, atualizado em 20/12/2023 às 23:46
Aos três meses de idade, o menino foi a primeira criança a detectar síndrome grave ainda no teste do pezinho e passar por transplante de medula óssea
Depois da alta do menino Miguel Rodrigues, três meses – a primeira criança a detectar a síndrome da imunodeficiência combinada grave (Scid) no teste do pezinho e passar por transplante de medula óssea para tratamento –, o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) reuniu profissionais para dar mais detalhes sobre o caso. A secretária de Saúde do Distrito Federal, Lucilene Florêncio, e a superintendente executiva do HCB, Valdenize Tiziani, também participaram da entrevista.
A secretária Lucilene Florêncio elogiou a atuação do HCB no atendimento rápido a Miguel, afirmando que o hospital conta com “profissionais que despontam com a melhor medicina realizada no mundo e no Brasil.” A secretária também destacou a importância do trabalho em rede para garantir o sucesso. “Tivemos uma rede de assistência funcionando: o pré-natal realizado pela unidade básica de saúde; o parto realizado no Hospital Materno Infantil (Hmib); a Rede Cegonha, que organiza parto e pós-parto. A equipe técnica do Hospital da Criança de Brasília realizou o transplante e, hoje, podemos celebrar; é uma segunda chance de vida.”
Valdenize Tiziani expressou o orgulho que o HCB tem de fazer parte de uma rede de saúde de alto desempenho. “Todas as crianças da triagem neonatal adentram o Hospital da Criança de Brasília imediatamente, porque não podem ficar retidas no sistema de regulação. Temos toda uma estrutura preparada para dar seguimento; nosso laboratório tem testes confirmatórios e é altamente integrado com a equipe clínica, o que é um privilégio”, disse Tiziani. Ela ressaltou que o trabalho coletivo que resultou no transplante de Miguel é fruto de “união, cooperação, parceria com o propósito único de dar a melhor atenção às crianças.”
A médica coordenadora de imunologia e alergia do HCB, Cláudia Valente, reforçou o pioneirismo do Distrito Federal ao incluir a Scid no rol de doenças diagnosticadas pela triagem neonatal. “Agora é que estão sendo publicados dados de países de primeiro mundo que iniciaram a triagem neonatal, como Estados Unidos e Israel. Podermos fazer uma medicina de primeiro mundo é maravilhoso!”, disse a médica. Valente também destacou “o privilégio de ter a equipe de transplante já instituída no hospital, que faz uma medicina terciária com bastante qualidade.”
A médica onco-hematologista do HCB Paula Tacla explicou a importância do transplante de medula óssea para garantir que o paciente com Scid passe a fabricar as células responsáveis pela imunidade. Ela relembrou o primeiro caso de transplante feito pelo HCB para tratamento da síndrome, em uma criança de 10 meses de idade em 2020, e as diferenças acarretadas pela pouca idade de Miguel. “O cenário dele é completamente diferente, chegou para nós com um mês de vida. Pudemos começar antibiótico, antifúngico, antiviral, mesmo antes de ser submetido ao transplante; várias medidas já foram tomadas enquanto fazíamos os testes de compatibilidade e escolhíamos um doador”, celebrou a médica.
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A médica responsável técnica de imunologia do HCB, Fabíola Scancetti, explicou o que é a Scid e a importância do tratamento precoce. “Se fazemos o transplante antes dos três meses de vida, as chances de cura são enormes; do contrário, sem esse tratamento definitivo, o que pode haver é a não-sobrevida até os dois anos de idade. A Scid é uma emergência pediátrica e, aqui no hospital, é encarada dessa forma. Todos os profissionais se envolvem, se comprometem e esse ponto é nossa marca.”
A secretária de Saúde ecoou a opinião positiva, afirmando: “O HCB é um hospital 100% SUS, que cuida da alta complexidade da pediatria do Distrito Federal. Temos o conforto de saber que, nessa casa, se cuida, se pesquisa, se valoriza a ciência e se entrega a melhor medicina, que nossas crianças precisam e merecem.”
*Com informações do HCB