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10/02/2024 às 20:36, atualizado em 05/03/2024 às 17:00
Os dois grupos reuniram centenas de carnavalescos celebrando a tradição candanga; neste ano, o festejo conta com recursos de R$ 6 milhões do GDF
As ruas de Brasília estiveram tomadas na tarde deste sábado (10) por centenas de foliões que foram brincar o Carnaval nos desfiles da Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc) e do Galinho de Brasília. Os dois grupos estão entre os mais tradicionais da folia candanga. Neste ano, o Governo do Distrito Federal (GDF) investiu mais de R$ 6 milhões no festejo.
A festa começou no Galinho de Brasília, bloco que nasceu inspirado no Galo da Madrugada, do Carnaval de Recife (PE). Embalados pelo frevo, os presentes fizeram o circuito no estacionamento do Setor de Autarquias Sul. Antes, o Pintinho de Brasília colocou a criançada para pular.
A pequena Sofia, 9, foi com a mãe, Simone Formiga, para conhecer o Carnaval sobre o qual os pais, pernambucanos, sempre lhe falavam. “Nós não pudemos ir para lá este ano, mas, como quando eu era criança dançava frevo e danças populares, fui passando essa alegria para ela, e hoje trouxemos ela aqui para conhecer essa energia do Galinho de Brasília, que é similar à do Galo da Madrugada”, contou Simone, que é professora de educação física.
Em sua estreia, Sofia dançou bastante os passos aprendidos com a matriarca. “É a minha primeira vez”, disse. “Estou achando incrível. Sempre amei o Carnaval, porque minha família é toda de Pernambuco e tem essa cultura”.
Circuito tradicional
Também foi em família que o bancário Celso Gomes curtiu o retorno do Galinho ao Carnaval brasiliense. “É muito legal ver o Galinho em seu circuito tradicional”, elogiou. “É muito gostosa essa área aqui”. Ao lado dos filhos Henrique e Olivia e da esposa, Giselle Fernandes, ele celebrou a organização da festa em Brasília: “É bom o governo apoiar, para mostrar para todo mundo que o Carnaval de Brasília também é uma festa boa”.
A professora Mércia Paiva escolheu pular o Carnaval no Galinho de Brasília para se reconectar com seu estado de origem. A pernambucana disse ter gostado muito da estrutura do bloco. “É muito importante o governo apoiar o Carnaval, porque precisamos de segurança, banheiros e infraestrutura para curtir à vontade”, ressaltou. “Estou me sentindo bastante confortável aqui”.
Campanhas e segurança
Em meio aos festejos do bloco, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) montou uma estrutura educativa para promover duas campanhas – “Se beber, não dirija” e “Não é não” – e identificar os foliões mirins com pulseiras. Logo nas primeiras horas de Galinho, cerca de 200 crianças receberam a identificação.
“A identificação do folião é uma novidade do Detran para o Carnaval para que os pais possam localizar suas crianças e, caso alguma se perca, possa ser levada às autoridades competentes”, explicou o chefe do Núcleo de Campanha Educativa do Detran-DF, Miguel Vidal.
“Nosso trabalho aqui é também garantir que as pessoas se conscientizem de que álcool e direção não podem se misturar”, lembrou. “Além do mais, estaremos com a nossa fiscalização nas ruas trazendo maior segurança e cuidando da fluidez de trânsito. Queremos que o cidadão chegue em casa com segurança.”
Samba no pé
No Cruzeiro, a folia ficou por conta da Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc), que, por mais um ano, promoveu um desfile de rua. A concentração começou às 16h, na Avenida das Mangueiras, que divide as áreas antiga e nova da região administrativa. Depois o grupo seguiu ao som de sambas clássicos e enredos da escola, como o mais novo Dinâmico R, o super-herói do Cruzeiro encontra Garuquinho, a mascote da Aruc, com apresentações de mestre-sala e porta-bandeira, passistas e bateria.
“Em 2018, começamos a fazer esse desfile de rua para ter o momento do Carnaval, e ficou”, lembrou o presidente da Aruc, Rafael Fernandes. “Desde então, a gente começou a fazer todo ano, porque o pessoal do Cruzeiro abraçou a ideia e realmente virou uma marca do Carnaval daqui”. A última vez que a agremiação se apresentou no Sambódromo de Brasília foi em 2014. No ano passado, as escolas de samba do DF fizeram um desfile fora de época, quando 13 grupos se apresentaram em junho, também com recursos do GDF.
À frente da bateria, Verônica Nuñes Amaral fez sua estreia no honroso posto no desfile da Avenida das Mangueiras. “É maravilhoso ver a comunidade aqui, com alegria, pronta para desfilar e cantar”, comemorou. “O Carnaval traz essa alegria de ser brasileiro. É mais gostoso ainda, porque sentimos o calor do público. É uma troca energética muito gostosa. Nos aproxima ainda mais das pessoas”.
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Energia foi o que não faltou ao militar Rui Silva. Natural do Rio de Janeiro, ele fez questão de sair do Jardim Botânico só para ver a Aruc passar pelo Cruzeiro. “Tem mais de dez anos que eu conheço a Aruc”, contou. “Quando cheguei a Brasília, procurei saber de lugares que tinham um bom samba. Vim à Aruc e nunca mais sai”.
Apoio fundamental
A dona de casa Juliana Mendes transfere para toda a família a paixão pela escola azul e branco. Foi com a mãe e os três filhos que ela viu a Aruc desfilar. “Ficamos na concentração a semana inteira”, relatou. “Compramos máscara, espuma, serpentina, confete, tudo porque gostamos do Carnaval da Aruc”. Segundo ela, a retomada do Carnaval é uma forma da sociedade voltar à normalidade: “É importante, porque, depois da covid, as pessoas passaram a ter problema de socialização. Então hoje é uma forma de socializar, e, com o governo apoiando, com polícia, bombeiro e tudo, é melhor ainda”.
O administrador do Cruzeiro, Gustavo Aires, foi conferir de perto o Carnaval da região e aproveitou para dar um recado aos presentes para que continuem combatendo a dengue na cidade: “Estamos hoje aqui com a equipe da administração aproveitando, mesmo em ritmo de Carnaval, para conscientizar a população em relação à dengue. Pedimos para a população continuar ajudando o nosso trabalho e desejamos também um bom Carnaval, porque a programação do Cruzeiro é extensa”.
Aires também reforçou a importância do apoio do governo à festa mais popular do país: “Todo mundo sabe das dificuldades de colocar o Carnaval na rua, então o governo, ao incentivar, está formando uma economia local também, fomentando as pessoas depois desse período muito complicado que passamos. Hoje podemos estar na rua curtindo com responsabilidade, então é muito importante essa participação do Estado”.