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28/05/2024 às 19:54, atualizado em 28/05/2024 às 20:31
Nas enfermarias, pacientes, familiares e acompanhantes participam com profissionais usando recursos divertidos para ajudar a lidar com a doença de forma lúdica
No Hospital da Criança, o ato do brincar é usado em tratamentos. Nas enfermarias, pacientes, familiares e acompanhantes participam com profissionais usando recursos divertidos para ajudar a lidar com a doença de forma lúdica.
Na área de tratamento de fibrose cística, uma doença congênita que pode deteriorar rapidamente o quadro clínico e acentuar as crises pulmonares e gastrointestinais, a criança precisa ser acessada rapidamente e aderir ao tratamento. “A criança necessita de uma enzima digestiva para melhor a digestão de alimentos, então usamos umas ‘cápsulas animadas’ para saber o que as enzimas fazem no trato gastrointestinal. Brincando, conseguimos chegar aos objetivos de forma terapêutica”, diz a enfermeira Kely Poliana, que atua na área.
Para usar o recurso de forma terapêutica, ela diz que nunca encontrou um brinquedo específico, então, ao longo dos anos, foi adaptando, refinando recursos. “Temos o pulmão de material emborrachado com que o paciente brinca. Temos a reprodução de algumas bactérias e, dessa forma, fomos construindo ao longo do tempo alguns recursos e com materiais simples”, diz a enfermeira.
Nas mãos das enfermeiras do Hospital da Criança, o mundo mágico do brincar se transforma com massinhas de modelagem e biscuit. Uma pia de brinquedo é um instrumento eficiente para ensinar a família e o paciente como higienizar os utensílios usados para nebulizar.
Heda de Alencar, da área de diabetes do Hospital da Criança e mestre de tecnologia e inovação em enfermagem, diz que improvisa recursos para brincar. “Nós temos uma almofadinha de aplicação de insulina para os pacientes e desenvolvemos diversas brincadeiras como colocar o paciente para responder perguntas, para que saiba o que fazer quando a glicemia está baixa. A gente educa de uma forma que aquele momento de furar o dedo do paciente para aplicar insulina não seja tão traumático. Então, temos de empregar uma forma mais lúdica e mais agradável para que o momento seja o menos dolorido ao usar o instrumento perfurante”, afirma.
“Ansiedade, dor e medo diminuem substancialmente. É o antes e o depois quando há o brinquedo”, destaca Simone Prado, diretora de Práticas Assistenciais.
Em maio, quando se comemora o Dia do Enfermeiro e do Técnico de Enfermagem, a equipe do Hospital da Criança participou de vários cursos para vivenciar as práticas dentro da linha de atuação de uma enfermagem de precisão e práticas avançadas.
Experiências bem-sucedidas
Um dos pacientes passou por um transplante hepático, cuja cicatriz fica muito aparente no abdômen. No retorno ambulatorial, o menino recebeu um boneco parecido com ele e que apresentava uma cicatriz igual. A identificação foi importante e o menino adotou o brinquedo como companheiro , auxiliando na aceitação no momento crítico da recuperação.
A prática se repete em todos os casos mais graves. Uma das pacientes que sofreu alopécia, que leva a perda do cabelo, recebeu de presente uma boneca com as mesmas características e foi o diferencial para aceitar a situação que se encontrava e o tratamento.
Essas experiências são o resultado do uso do brinquedo terapêutico instrucional aplicado no dia a dia do tratamento. Os profissionais, ao se dirigirem ao paciente , devem usar uma linguagem simples e clara, e com o uso dos bonecos mostram como será o tratamento e a recuperação. E os bonecos podem ser acompanhantes dos pacientes antes ou depois, dependendo da faixa etária e da necessidade do uso do brinquedo.
*Com informações do Hospital da Criança de Brasília (HCB)