01/07/2024 às 13:30

Estudantes da rede pública assistem a filme educativo sobre trabalho escravo

Ação faz parte do projeto Trabalho em Tela, uma parceria da Secretaria de Educação com o TST e TRT-10 do Distrito Federal

Por Agência Brasília* | Edição: Débora Cronemberger

O estudo de um tema importante nem sempre requer que os alunos estejam dentro de uma sala de aula. Na última semana, para aprender sobre trabalho escravo e infantil, cerca de 200 estudantes do Centro de Ensino Médio (CEM) 03 de Ceilândia assistiram ao filme Pureza, do cineasta Renato Barbieri, na sede do Tribunal Superior do Trabalho (TST). A exibição do filme faz parte do projeto Trabalho em Tela, uma iniciativa voltada para os alunos da rede pública de ensino, fruto de uma parceria da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) com o Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT-10) e o TST.

O projeto Trabalho em Tela é uma iniciativa voltada para os alunos da rede pública de ensino em parceria com o TRT-10 e o TST | Foto: Jotta Casttro/SEEDF

O evento de abertura contou com a presença da secretária de Educação do DF, Hélvia Paranaguá, o presidente do Comitê de Responsabilidade Socioambiental do TRT-10, o desembargador Pedro Foltran, a juíza Natália Luiza Alves Martins, o presidente do TST, ministro Lélio Bentes Corrêa, e os ministros do TST Evandro Pereira Valadão Lopes e Alberto Balazeiro.

A secretária Hélvia Paranaguá reforçou o papel do Estado no combate ao trabalho escravo e infantil. “A Constituição é muito clara quando diz que o Estado tem que oferecer o acesso e a permanência do aluno na escola, e isso significa que o aluno não pode realizar qualquer tipo de trabalho. Então, recebemos com muita alegria essa parceria com o TRT-10 para mostrar aos jovens o que é certo e o que é errado”, diz.

O filme Pureza, estrelado por Dira Paes, passa por temas como aliciamento de menores e o cárcere de trabalhadores rurais ao retratar a saga de uma mãe que desafiou fazendeiros para resgatar o filho da escravidão na Amazônia. O longa é baseado na história real da maranhense Pureza Lopes Loyola, uma mulher que, na década de 1990, partiu em uma corajosa jornada à procura de seu filho desaparecido e que acabou se tornando um símbolo da luta contra a escravidão moderna.

“Um filme sobre luta e esperança”, definem as amigas Maria Eduarda, Yasmin Beatriz e Ana Beatriz

Após a exibição do filme, na sexta-feira (28), os estudantes participaram de uma roda de conversa com os magistrados que lidam com essas temáticas. Para as amigas Maria Eduarda Ferreira, Yasmin Beatriz Oliveira e Ana Beatriz Araujo, todas de 16 anos, o filme representa esperança e luta por liberdade.

“É complicado entender que realmente existem tantas desigualdades, mas o filme traz a ideia de que sempre existe uma esperança e que devemos denunciar casos onde o trabalhador é injustiçado”, afirma Maria Eduarda. “É um filme que fala sobre luta e resistência, e isso nos inspira a lutar por igualdade e respeito a todos”, pontua Ana Beatriz.

“É uma alegria imensa poder trazer os alunos para este projeto, e vamos dar continuidade em sala de aula, seja por meio de redações, rodas de conversa, e também nas demais disciplinas como sociologia, filosofia e história”, explica a coordenadora e professora do CEM 03, Vicene Braga.

A iniciativa

O projeto Trabalho em Tela foi idealizado pela Presidência do TST, pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e pelo TRT-10, por meio do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem (PCTI) e do Programa de Enfrentamento ao Trabalho Escravo, ao Tráfico de Pessoas e de Proteção ao Trabalho do Migrante (Pete).

As juízas Maria José Rigotti Borges e Ananda Tostes Isoni são responsáveis pelo Pete, e as juízas Laura Ramos Morais e Natália Luiza Alves Martins são responsáveis pelo PCTI no âmbito do TRT-10. Laura reforça que a sessão de cinema para os alunos da rede pública introduz o assunto aos jovens de forma prática e dinâmica, contribuindo para a erradicação do trabalho escravo.

“A única forma de prevenir essas situações é por meio da aprendizagem, do ensino e da educação. Acredito que o acesso ao trabalho deve ser feito com supervisão, visando à capacitação intelectual e ao desenvolvimento físico dos jovens, sem colocá-los no mercado de trabalho de forma precarizada. Então, este é o nosso objetivo aqui, mostrar como a educação é capaz de impedir o acesso ao trabalho escravo e ao trabalho infantil”, ressalta a juíza.

Próximas sessões

A programação do Trabalho em Tela inclui uma série de quatro exibições de filmes com temática alusiva ao trabalho escravo e infantil. As sessões do projeto ocorrerão até setembro, com a participação de mais escolas, com o intuito de provocar a reflexão dos participantes e servir de conteúdo também para discussões em sala de aula sobre as situações narradas nos filmes. As próximas exibições acontecem nos dias 9/8 (TRT-10), 30/8 (TST) e 20/9 (TRT-10).

*Com informações da SEEDF