09/07/2024 às 16:48, atualizado em 09/07/2024 às 18:01

Notificações de acidentes e doenças de trabalho crescem 44% no DF

Capital possui 1,7 milhão de trabalhadores economicamente ativos; nos primeiros meses de 2024, foram registrados 3.081 casos de acidentes, doenças e agravos relacionados ao ambiente profissional. Registros são essenciais para as estratégias de prevenção

Por Mayara da Paz, da Agência Brasília | Edição: Saulo Moreno

Acidentes de trabalho e doenças ocupacionais ganham cada vez mais relevância não apenas como um problema de saúde pública, mas também como um desafio para a segurança e bem-estar dos trabalhadores. Relatórios precisos e abrangentes sobre esses incidentes desempenham um papel crucial na assistência imediata aos afetados e na prevenção de futuros episódios.

“A notificação deve ser feita por qualquer profissional de saúde, a partir da suspeita de doenças e agravos relacionados ao trabalho. Todos os profissionais de saúde, em seu nível de atenção, precisam estar atentos a reconhecer e notificar esses casos”

Juliana Moura da Silva, gerente do Cerest-DF

O Distrito Federal conta com 1,7 milhão de trabalhadores economicamente ativos. Na capital, as notificações de acidentes, doenças e agravos têm aumentado. Apenas nos primeiros quatro meses deste ano foram 3.801 casos – um aumento de 43,8% em relação ao mesmo período de 2023.

A alta expressiva nos registros é acompanhada pelos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), que sensibiliza os profissionais da área sobre a importância da notificação de agravos relacionados ao trabalho. No DF, esse acompanhamento é coordenado pela Diretoria de Saúde do Trabalhador (Disat), vinculada à Secretaria de Saúde (SES).

Os centros de referência promovem ações para melhorar as condições de trabalho e a qualidade de vida do trabalhador por meio da prevenção e vigilância. Cabe a eles promover a integração da rede de serviços de saúde do SUS, assim como suas vigilâncias e gestão, na incorporação da Saúde do Trabalhador em sua atuação rotineira.

Relatórios precisos e abrangentes sobre acidentes de trabalho e doenças ocupacionais desempenham um papel crucial na assistência imediata aos afetados e na prevenção de futuros episódios | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Suas atribuições incluem apoiar investigações de maior complexidade, assessorar a realização de convênios de cooperação técnica, subsidiar a formulação de políticas públicas, fortalecer a articulação entre a atenção básica, de média e alta complexidade para identificar e atender acidentes e agravos relacionados ao trabalho.

Os relatórios que registram acidentes, doenças e outros agravos relacionados ao ambiente profissional são fundamentais para compreender a realidade desses incidentes. A partir deles, é possível traçar estratégias de prevenção mais eficazes. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, só em 2023 foram registrados mais de 540 mil acidentes de trabalho no país. No DF, foram 9.158 notificações ao longo de todo o ano passado.

As fiscalizações do Cerest são feitas através de denúncias no portal da ouvidoria do órgão, solicitações do Ministério Público do Trabalho, órgãos de representação dos trabalhadores ou quando há evidência epidemiológica de risco em ambientes de trabalho.

Algumas ações adotadas pela Diretoria de Saúde do Trabalhador estão na elaboração de notas técnicas, com cuidados e orientações sobre acidentes, doenças e agravos no ambiente de trabalho | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Colaboração entre setor público e privado

A colaboração entre a rede pública e privada é essencial para o registro eficiente desses casos. Quando um trabalhador dá entrada em uma unidade de saúde após um acidente de trabalho, por exemplo, o sistema de saúde tem um papel crucial em assegurar que o incidente seja adequadamente documentado.

Isso não apenas facilita o tratamento médico imediato, mas também contribui para estatísticas precisas que orientam políticas públicas e iniciativas empresariais de segurança.

“A notificação deve ser feita por qualquer profissional de saúde, a partir da suspeita de doenças e agravos relacionados ao trabalho. Todos os profissionais de saúde, em seu nível de atenção, precisam estar atentos a reconhecer e notificar esses casos”, explica Juliana Moura da Silva, gerente do Cerest-DF.

As fiscalizações do Cerest são feitas através de denúncias ou quando há evidência epidemiológica de risco em ambientes de trabalho | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília

Prevenção

De acordo com Elaine Faria Morelo, diretora do Disat-DF, a maioria dos acidentes de trabalho poderia ser evitada com medidas adequadas de prevenção.

Capacitação constante dos trabalhadores, implementação de normas de segurança rigorosas e revisão periódica das condições de trabalho são alguns passos fundamentais nesse sentido.

O engajamento, tanto do setor público quanto do setor privado, é crucial para promover uma cultura de segurança e prevenção no ambiente de trabalho.

“O nosso objetivo é promover ações para melhorar ambientes e processos de trabalho. A gente quer reduzir esses acidentes e agravos, doenças ocupacionais. A gente quer que o trabalhador tenha saúde e desenvolva suas ações e capacidades sem adoecer”, ressalta Elaine.

Algumas ações adotadas pela Diretoria de Saúde do Trabalhador estão na elaboração de notas técnicas, com cuidados e orientações sobre acidentes, doenças e agravos no ambiente de trabalho.

Há, por exemplo, documentos sobre acidentes de trabalho com exposição a material biológico, o uso de equipamento de proteção individual (EPI), e medidas de prevenção à dengue e síndromes gripais para empresas. Além disso, os centros de referência também marcam presença em empresas para sensibilizar os empregados sobre os cuidados necessários.