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16/07/2024 às 19:16, atualizado em 16/07/2024 às 19:42
Estádio Mané Garrincha agora conta com uma sala de acolhimento para atender mulheres vítimas de assédio; treinamento é feito em parceria com a Secretaria de Justiça e Cidadania
Protocolo de acolhimento às mulheres em casos de assédio e importunação sexual, o Por Todas Elas está entrando, literalmente, em novo campo: o dos estádios. Nesta terça-feira (16), um curso de capacitação ministrado na Arena BRB do Estádio Mané Garrincha reuniu mais de 150 profissionais que atuarão no jogo de futebol Juventude e Atlético Mineiro, válido pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro.
O curso é uma das ações do programa coordenado pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) que auxilia na promoção de ambientes seguros para o público feminino. Reforçado com o Decreto nº 45.772, assinado pelo governador Ibaneis Rocha no último dia 8 de maio, tornou-se um protocolo a ser seguido em todos os espaços de entretenimento e lazer da capital.
“A capacitação a respeito do protocolo Por Todas Elas é fundamental para que profissionais de diferentes postos de trabalho de eventos de entretenimento, lazer e esportivos saibam lidar em situações e casos de assédio, importunação sexual e violência. O treinamento realizado pela Sejus permite uma abordagem sensível e humanizada, aumentando a confiança das vítimas no apoio recebido e contribuindo para a erradicação dessas práticas. Com a capacitação, podemos criar ambientes mais seguros e acolhedores para todas as vítimas”, afirma a secretária de Justiça e Cidadania do Distrito Federal, Marcela Passamani.
A sala de acolhimento fica na ala R 16 da Arena BRB e é equipada com sofás, além de dispor de profissionais como psicólogos e assistentes jurídicos capacitados para apoiar e informar a mulher quais caminhos e decisões são possíveis após a situação à qual foi exposta. O trabalho também une forças com a Secretaria da Mulher e tem como intuito oferecer um espaço digno onde a vítima fique separada do potencial agressor e se sinta segura para tomar decisões como fazer uma denúncia, solicitar que alguém vá buscá-la ou até mesmo se recompor após passar por alguma situação difícil.
De acordo com a subsecretária de Apoio a Vítimas de Violência (Subav), Uiara Mendonça, a capacitação nos grandes espaços de entretenimento já alcançou outros eventos na Arena BRB e também o Na Praia, além de ter programações para o Capital Motoweek. Desde o lançamento do decreto, cerca de 500 pessoas já foram capacitadas para atuar na promoção de ambientes mais seguros para as mulheres.
“Todo o estafe sabe da existência dessa sala e da necessidade de conduzir essas mulheres. É um protocolo do governo do Distrito Federal que está sendo aplicado e une forças das secretarias para que todas as mulheres se sintam livres, seguras e à vontade para frequentar qualquer que seja o espaço de entretenimento. A informação rompe o ciclo de violência”, declarou.
Conduzir para acolher
O coordenador da empresa de segurança responsável pelos jogos da 17ª rodada do Brasileirão, Ricardo Ruffino, destaca que a equipe recebeu orientações para atuar nos dois jogos do Flamengo e também nos jogos do São Paulo que ocorrerão no estádio. “É muito importante não só termos essa capacitação de acolhimento a essas vítimas de qualquer tipo de assédio ou agressão, mas também conduzi-las a um local específico onde elas possam receber todo o atendimento necessário”, observou.
O segurança Daniel Barros Oliveira estava entre os que receberam as orientações passadas pela Sejus e reforçou a importância do trabalho durante os shows e eventos. “Essa orientação é fundamental, porque nem todos têm o entendimento e o conhecimento desse limite. Às vezes pensam que certo contato é normal, mas não é. E aí tem uma salinha no estádio separada para acolher, achei muito boa e nunca tinha visto antes. Já fiz alguns eventos e não tinha ouvido falar desse novo protocolo”, ressaltou.
Para a gerente de comunicação da Arena BRB, Karen Bonfim, a ação é um modelo de aplicação do protocolo no Distrito Federal a ser seguido por todos os locais que sediam grandes eventos. “A ideia é que a gente consiga mostrar para outros espaços que é possível, mesmo numa arena tão grande, você ter esse protocolo realmente efetivado e um espaço fixo que vá atender essas pessoas”, explicou.
“A gente precisa que quem está na ponta e tem contato com o público saiba que existe uma sala e um protocolo que está aqui para ser cumprido e efetivado”, acentuou. “Muitas vezes em eventos acontecem as primeiras agressões de um relacionamento, por exemplo. Então, é importante que a vítima saiba o que fazer e, sobretudo, não se sinta sozinha. Ela precisa sentir que tem onde se abrigar para tomar as decisões a partir dali, mesmo em um grande espaço”.