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22/07/2024 às 10:34, atualizado em 22/07/2024 às 23:33
Hospital Cidade do Sol, em Ceilândia, expande área de atendimento após o fim da pandemia de covid-19; atuação do profissional possibilita avaliação precoce nos casos de disfagia, que é a dificuldade de levar o alimento da boca até o estômago
Com o fim da demanda de pacientes de covid-19, o Hospital Cidade do Sol (HSol), em Ceilândia, criado com essa finalidade específica no período da pandemia, ampliou o atendimento para outras especialidades. Atualmente, a área de fonoaudiologia tem registrado aumento de atividade na unidade hospitalar. Segundo a chefe do Núcleo de Assistência Multiprofissional do HSol, Camila Frois, tem crescido o número de pacientes com risco de broncoaspiração.
“São em sua maioria idosos, alguns com alterações neurológicas, portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica [DPOC] descompensada ou com a presença de dispositivos como sondas de alimentação e traqueostomias, e alguns apresentam quadros de desnutrição e desidratação”, explica a médica. Hoje o HSol conta com uma profissional da área cedida pelo Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) que faz um trabalho diário de atendimento aos pacientes do grupo de risco.
“A atuação do fonoaudiólogo possibilita uma avaliação precoce e um diagnóstico diferenciado nos casos de disfagia, que nada mais é do que a dificuldade de levar o alimento da boca até o estômago – o que causa tosse, engasgos e a sensação de que algo está preso na garganta; o objetivo é prevenir problemas respiratórios e evitar ou minimizar complicações clínicas ao paciente”, lembra Camila.
Após uma avaliação fonoaudiológica minuciosa, as intervenções e condutas são discutidas com os outros profissionais envolvidos na equipe multiprofissional – médicos, enfermeiros, nutricionistas e fisioterapeutas. Todos seguem na busca da reabilitação do usuário para reduzir o tempo de internação, os custos hospitalares e uma alta segura.
Tratamento multiprofissional
Aos 67 anos, J. B. sofreu o terceiro acidente vascular cerebral (AVC) em menos de um ano e meio. Seu filho, Carlos, levou-o até a UPA de Riacho Fundo II em busca de atendimento, onde, após passar alguns dias recebendo cuidados, ele foi transferido para um leito no HSol.
“O problema dessa vez foi mais severo”, lamenta Carlos. Categorizado como um AVC isquêmico central, a condição deixou o paciente com o lado esquerdo do corpo mais debilitado. “Outra consequência foi a dificuldade na fala e na deglutição. Ele passou a se alimentar via sonda nasoenteral”, relata.
“Ele é um paciente que está em um estágio mais crítico da disfagia, que tem um risco maior de broncoaspirar, então vai precisar de uma via alternativa de longo prazo”, explica a fonoaudióloga do HSol, Kayce Tuanne. “O corpo humano produz em média uns dois litros de saliva por dia; então, se ele não tiver uma deglutição efetiva ou se essa língua estiver suja, perde a sensibilidade e acaba não protegendo a via aérea superior, que também precisamos manter funcionando bem.”
Quando seu pai estiver perto de receber alta, Carlos receberá um treinamento sobre os procedimentos necessários para o dia a dia. “Estou aprendendo muito com o trabalho realizado pela fonoaudióloga”, conta.
“Esse treinamento eu faço para que a família seja capaz de reconhecer o estado de alerta do paciente, se está seguro ou não ofertar a dieta para ele naquele momento, e também sobre a consistência correta e segura”, lembra Kayce. A fonoaudióloga orienta a família também quanto ao posicionamento do paciente, qual o utensílio correto para se dar a comida, além de formas sobre como manter a higiene oral.
Camila Frois lembra um caso de um paciente com desfecho clínico positivo e alta hospitalar com dieta exclusiva e segura por via oral. “Ele foi internado com diagnóstico de neurossífilis, pneumonia e broncoaspiração”, conta. “Chegou à unidade em uso de sonda de alimentação, foi avaliado e teve liberada a dieta por via oral, sendo acompanhado até o dia de sua alta”.
*Com informações do IgesDF