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26/07/2024 às 20:30, atualizado em 26/07/2024 às 20:50
Os 30 militares atuaram por um mês na cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul; área queimada no bioma já é de 607 mil hectares
Os 30 integrantes do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) enviados para ajudar no combate às chamas no Pantanal voltaram para casa nesta sexta-feira (26). Eles embarcaram em 26 de junho para a cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, considerada o berço do bioma.
“A nossa operação consistiu em trabalhar em conjunto com a Força Nacional, o Corpo de Bombeiros do Mato Grosso do Sul, o PrevFogo — por meio do Ibama e do ICMBIO —, uma ação conjunta. Nós desenvolvemos atividades em 13 bases diferentes e, nessas bases, os nosso militares eram lançados de aeronaves e embarcações, ficavam um período de ciclos realizando o combate. Já que as frentes de fogo lá eram muito gigantescas e muito intensas, não eram combates de um dia, a situação lá realmente é bem complicada”, explicou o primeiro-tenente Claudio Modtkowski, comandante da equipe enviada ao Pantanal.
No desembarque no Grupamento de Proteção Ambiental, na Asa Norte, alguns militares foram recepcionados pelas famílias. O sargento Luan Santiago, por exemplo, recebeu o abraço apertado dos filhos Elisa, 8 anos, e Bento, 6. A esposa dele, Ingrid Luz, falou sobre a distância: “Foi difícil porque tinha que conduzir a saudade das crianças, a minha também, mas eu sempre procurei mostrar para eles o quão bonito é o trabalho do pai deles, o quanto ele estava fazendo bonito, ajudando a natureza, ajudando os animais. Então, apesar da saudade, tem muita admiração e muito orgulho”.
“A parte da família realmente pesa muito, é uma saudade que não tem como explicar. Mas foi uma grande experiência, muito engrandecedora profissionalmente. É um tipo de ambiente que é diferente do Cerrado. Então, nós tivemos conhecimentos novos, até para passar para os próximos alunos em futuros cursos de especialização”, apontou o sargento.
O período afastado também foi a maior dificuldade para o subtenente Anderson Matias. “Confesso que a parte mais difícil foi ficar longe da família, 30 dias é complicado. O tempo todo falando quando podia, porque a gente ficou muito tempo no meio do mato, às vezes 13 dias, 15 dias, sem comunicação, não tinha internet nos locais”, lembrou. “Ele nunca tinha feito uma viagem desse tipo, tanto tempo, mas é gratificante saber que era uma causa justa, era preciso”, emendou a esposa, Márbia Cristina.
Diferenças
Patrimônio Natural da Humanidade, o Pantanal é considerado a maior planície alagada do mundo. A diferença no bioma, citada por Luan, também foi destacada pela cabo Debora Damasceno. “A vegetação é muito diferente do que a gente está acostumado aqui no Cerrado. A gente vê uma mata muito difícil de entrar, mesmo quando o fogo está pequeno é difícil o acesso. Às vezes, a dificuldade para apagá-lo se torna maior não pelo fogo em si, mas pela vegetação. Fora isso, tinha lugar que a gente entrava na água e vinha jacaré junto, cobra na mata, barulho de onça. É uma realidade diferente da que a gente tem aqui no DF.”
Ela também ressaltou o orgulho de ser a única mulher da missão: “É uma honra muito grande como mulher, como cabo apenas ainda, no começo da carreira, ter uma oportunidade como essa. É inacreditável, é excelente a experiência. É uma honra gigantesca poder ter participado dessa operação, poder ter somado, ajudado a vegetação, a população local e o Brasil todo de maneira geral”.
A operação de combate ao fogo no Pantanal já dura 116 dias, sendo que, em 24 de junho, o Governo do Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência. Segundo o Executivo do estado, a área queimada até a quinta-feira (25) era de 607 mil hectares, com 3,2 mil focos de calor.