11/08/2024 às 13:51, atualizado em 11/08/2024 às 14:05

Projeto que conecta voluntários a ações tem mais de 44 mil inscritos

Plataforma do Voluntariado em Ação, da Secretaria de Justiça e Cidadania, traça perfil de voluntários para encaminhá-los a diferentes iniciativas — como um “match”

Por Fernando Jordão, da Agência Brasília | Edição: Débora Cronemberger

“Os velhos são esquecidos. Hoje nós somos lembrados.” Diná de Souza Braga, de 73 anos, solta essa declaração enquanto conversa em uma casa na QNN 24 de Ceilândia. No mesmo espaço, há uma mesa farta preparada para receber os convidados. Ao lado dela, outras quatro idosas emendam o coro agradecido. “Foi uma transformação para mim, na minha mente”, diz Júlia Elvira de Freitas, 76. “Nos faz muito bem. Me tirou de casa, de cima de um sofá”, aponta Kátia Maria da Silva, 61. “Para mim, foi muito importante. Eu estava muito deprimida, porque tinha perdido meu marido”, lembra Maria Madalena Silva, 67.

Maria José Alves, de 75 anos, elogia o atendimento no projeto Viver 60+: “É um pessoal muito amoroso com a gente, muito carinhoso” | Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília

O que despertou todos esses sentimentos foi o Viver 60+, projeto da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), que conta, e muito, com a participação de voluntários inscritos no Voluntariado em Ação. São eles, aliás, os convidados recepcionados com o lanche e muito carinho.

“A iniciativa do GDF, por meio da Sejus, é uma forma de beneficiar a população com novas ações sociais de saúde, educação, esporte e lazer, e, ao mesmo tempo, também gerar experiências e capacitação profissional, o que abre portas para o mercado de trabalho”

Marcela Passamani, secretária de Justiça e Cidadania

Carlos Augusto Teles é um. “Já tem um bom tempo que eu descobri esse projeto através de um colega meu, que hoje também é voluntário. Para mim, foi a melhor coisa que aconteceu”, conta. Fisioterapeuta, ele atende especialmente idosos em diferentes projetos — como o Viver 60+ e o GDF Mais Perto do Cidadão —, aplicando técnicas como a auriculoterapia. “É gratificante doar esse tempo. Trabalhar no Voluntariado em Ação é a melhor coisa”, garante. “Tem o pagamento que é de carinho, amor, afeto… É muito bom, uma coisa muito rica”, acrescenta.

Kátia Maria da Silva diz que o Viver 60+ lhe faz muito bem: “Me tirou de casa, de cima de um sofá”

O Voluntariado em Ação serve como uma ponte entre quem quer ajudar e quem precisa de ajuda. Reformulado em 2020, o projeto ganhou um site que conecta esses dois lados. Os interessados em prestar qualquer tipo de serviço se inscrevem nesta plataforma, indicando a disponibilidade de trabalho e o eixo de atuação de preferência — que pode ser, entre outros, educação, saúde, esporte ou meio ambiente. A Sejus, então, traça um perfil do voluntário e o direciona à ação mais adequada. Em termos de redes sociais, seria como um “match”.

Hoje, mais de 44 mil voluntários estão cadastrados na plataforma. “O programa se propõe a atrair cada vez mais pessoas interessadas em fazer parte do time voluntário do Distrito Federal. A iniciativa do GDF, por meio da Sejus, é uma forma de beneficiar a população com novas ações sociais de saúde, educação, esporte e lazer, e, ao mesmo tempo, também gerar experiências e capacitação profissional, o que abre portas para o mercado de trabalho”, destaca a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani.

A empresária Joana Ribeiro é voluntária para ajudar nos passeios promovidos pelo Viver 60+: “Hoje, Brasília tem sua primeira população idosa [de nascidos aqui], então tem que ter esse olhar, porque a população está ficando ociosa”

“Sabemos das dificuldades para conseguir o primeiro emprego, então o programa Voluntariado em Ação é uma opção de experiência profissional. Assim, os cidadãos se qualificam, desenvolvem novas habilidades, enquanto os voluntários atuam com a solidariedade”, completa a titular da pasta.

Pessoas jurídicas também podem se inscrever. A empresária Joana Ribeiro, por exemplo, ajuda com os lanches e na organização dos passeios promovidos pelo Viver 60+: “A minha história com os idosos vem desde criança, por acompanhar minha avó. Hoje, Brasília tem sua primeira população idosa [de nascidos aqui], então tem que ter esse olhar, porque a população está ficando ociosa, devido à pandemia também. E é muito bom. Eles vão para um passeio e já ficam querendo saber do próximo, já querem colocar na agenda”.

Maria José Alves, 75 — a quinta idosa do grupo —, só tem a agradecer. “Amo demais essas pessoas que não têm preconceito com idosos. É um pessoal muito amoroso com a gente, muito carinhoso”, afirma. “Depois que eu entrei nesse grupo, graças a Deus, eu sou outra pessoa. Estou com 15 anos”, conclui, aos risos.

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