07/10/2024 às 13:34, atualizado em 07/10/2024 às 13:51

Computadores doados pelo Reciclotech mudam realidade de alunos da rede pública

Programa da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação recolhe e recondiciona equipamentos que iriam para o lixo; quase 4 mil já foram doados

Por Fernando Jordão, da Agência Brasília | Edição: Carolina Caraballo

Sete de agosto foi um dia marcante para o Centro de Ensino Fundamental 102 Norte. Na data, a escola recebeu 25 computadores do programa Reciclotech. “Quando chegaram as máquinas, coincidentemente, os alunos estavam aqui no pátio e a gente foi, mostrou para eles, pediu para o pessoal da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação falar um pouquinho. Nossa, o que eles gritaram e ficaram felizes…”, lembra a diretora, Viviane Lima.

Os alunos do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 102 Norte receberam 25 computadores do programa Reciclotech, no dia 7 de agosto | Fotos: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Lucas Brilhante, 13 anos, estava nesse momento e guarda a memória com carinho. “Foi um dia especial”, conta. “Foi muito legal, porque a gente começou a pesquisar [na internet] e isso está ajudando no desempenho da maioria dos alunos”.

O CEF 102 Norte foi uma das diversas instituições contempladas pelo programa da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti-DF), que funciona da seguinte maneira: o governo, por meio de Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), recolhe materiais considerados lixo eletrônico, capacita jovens na área da informática – ensinando-os, entre outras coisas, a recondicionar os equipamentos recolhidos – e, depois, doa os computadores recondicionados a órgãos públicos ou entidades sem fins lucrativos que realizem projetos de inclusão digital.

O estudante Lucas Brilhante elogia o programa da Secti-DF: “A gente começou a pesquisar [na internet] e isso está ajudando no desempenho da maioria dos alunos”

Desde que foi criado, em 2020, o Reciclotech já formou 2.065 alunos, entregou 3.919 computadores e descartou corretamente 2.237 toneladas de inservíveis – a parte do lixo eletrônico que não pôde ser reaproveitada. Atualmente, são 102 PEVs para recolhimento dos materiais em todas as regiões administrativas. Já os Polos de Economia Criativa (PECs), onde são ministradas as aulas de qualificação, passaram de um para cinco, atendendo cinco macrorregiões do DF.

“O mais legal do programa é a gente visitar uma escola como essa, que é uma escola-modelo aqui na Asa Norte, que recebeu esses equipamentos. Ou seja, esses computadores foram, em algum momento, despejados como lixo eletrônico; alunos trabalharam neles, foram certificados e recuperaram esses equipamentos; e, ao fim da cadeia, esses mesmos equipamentos estão aqui, servindo para outros alunos dessa escola acessarem a internet, tendo uma oportunidade de inclusão digital. Então, aqui a gente vê o fim da cadeia, a entrega de fato do Reciclotech”, destaca o secretário Leonardo Reisman, durante visita ao CEF 102 Norte.

Impacto

Hoje, os computadores doados pelo programa são usados para pesquisa, digitação e para o desenvolvimento de atividades lúdicas na unidade de ensino. “Essa geração está muito acostumada com tecnologia, eles amam aprender com tecnologia. Então, os estudantes gostariam de ter todas as aulas lá [na sala de informática]. O impacto para eles é muito legal, a motivação aumenta muito para a aprendizagem. Os professores veem que, quando é uma aula que vai utilizar a tecnologia, eles ficam muito mais motivados”, aponta a diretora.

“Antes, a gente tinha dez computadores, inferiores a esses aqui, que a gente herdou ou recebeu de doações, porque a gente sempre foi atrás de parceiros que doassem. Mas doavam um ou dois. O Reciclotech trouxe 25 de uma vez e terminou dando um upgrade nesse laboratório que a gente tinha”, acrescenta o professor Rúben Reis, coordenador de Tecnologia Educacional do CEF 102 Norte.

Com os computadores doados para o CEF 102, a aluna Valentina Carvalho teve contato pela primeira vez com programas como o Microsoft Word: “Eu nem sabia que existia e é o recurso básico dos trabalhos”

Outros alunos reforçam a contribuição do programa para o ensino. “Eu gosto dos computadores e, como eu sou autista, eu acho que ajuda muito na questão da aprendizagem com essas ferramentas de trabalho”, relata Wendell Sousa, 11. “A gente não tinha como pesquisar, tinha que usar o celular; e a maioria das pessoas não tem celular com internet”, emenda Valentina Carvalho, 12, que ainda diz ter o Microsoft Word como maior aprendizado: “Eu nem sabia que existia e é o recurso básico dos trabalhos”.

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