Muita emoção e lágrimas marcaram a celebração do aniversário de cinco anos da Unidade de Cuidados Prolongados Pediátricos (UCPPed) do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). A comemoração ocorreu nesta quarta-feira (16) e contou com a presença de toda a equipe que atua no setor, superintendência do hospital e familiares de pacientes e ex-pacientes que passaram pela unidade.
A UCPPed é uma unidade de internação do HRSM destinada aos pacientes pediátricos (crianças e adolescentes) que possuem alguma condição crônica complexa em saúde, tais como paralisia cerebral, síndromes genéticas, dentre outras.
“Quando a gente acorda todo dia, não tem outro motivo que não seja acreditar no que a gente faz e no amor que a gente tem para entregar para esses pacientes, mesmo com todas as dificuldades que existem, pois reconhecemos que elas existem. Mas eu espero que, daqui a cinco anos, a UCPPed esteja ainda melhor e diferente”, afirma pediatra e chefe do Serviço da Unidade de Cuidados Prolongados Pediátricos do HRSM, Lara Vieira.
A comemoração ocorreu nesta quarta-feira (16) | Fotos: Divulgação/IgesDF
Desde 2019, a UCPPed já conseguiu atender um total de 609 pacientes. Somente neste ano, de janeiro até outubro, já foram 102 pacientes internados na unidade. Trata-se de crianças com condições clínicas complexas, das quais mais de 90% recebem dieta enteral e pelo menos 80% utilizam traqueostomia e/ou precisam de ventilação mecânica.
Reconhecimento
Durante o evento, houve uma mesa de bate-papo com mães que já tiveram seus filhos internados na UCPPed. Diana Pereira, mãe de Ângela Maria, 2 anos, que possui paralisia cerebral conta que passou cerca de 30 dias internada com a filha na unidade.
“Todos os profissionais daqui são empenhados em ajudar os nossos filhos. Cuidam com amor e carinho, têm todo o cuidado e a capacidade. Meu maior desafio é com a sonda nasal, porém quando tenho algum problema em casa, eu venho até aqui”, relata.
Jhennifer Gomes é mãe do pequeno Adrian, que faleceu há dois meses, quando tinha apenas 2 anos. Apesar da dor de perder o filho, ela conta que o período em que esteve com ele na UCPPed foi de muito aprendizado. “Meu filho nasceu aqui no HRSM, foi pra UTIN e depois para a UCPPed. Só tenho a agradecer a todos da equipe por terem me ensinado tanto nos últimos dois anos. São pessoas que cuidaram do Adrian da melhor maneira possível. Depois dessa experiência que tive aqui, sinto até vontade de estudar e fazer algo na área da saúde”, agradece.
Ana Mesquita é avó de Maria Vitória, de 7 anos. Ela era uma criança saudável até os 2 anos, quando sofreu um afogamento, ficou em estado grave e se tornou uma paciente de home care.
Desde 2019, a UCPPed já conseguiu atender um total de 609 pacientes
“Minha neta ficou aqui por três meses e meio. Fomos muito bem-treinados para cuidar dela em casa, e eu só posso dizer que ao longo desses últimos cinco anos ela já passou por muitos hospitais; e digo com a convicção de que a parte humana eu nunca vi igual em outro lugar. São todos muito atenciosos no cuidado. Hoje, eu e o avô dela que cuidamos da Vitória, já que o nosso filho faleceu; e, mesmo com todos os desafios, quando precisamos, somos muito bem-acolhidos”, relata.
Emocionada, a superintendente do HRSM, Eliane Abreu, destacou que a pediatria é um grande desafio. “São profissionais trabalham com amor, empatia, sabedoria, e eu tenho orgulho de representar um hospital que entrega amor, pela maneira respeitosa e amorosa que tocam o serviço”, parabeniza.
Equipe multidisciplinar
Composta por uma equipe multidisciplinar, a UCPPed tem médicos pediatras, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogo, assistente social, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional para prestar assistência aos pequenos pacientes.
A equipe de fisioterapia da unidade criou o Protocolo de Desmame de Ventilação Invasiva Prolongada, cujo objetivo é melhorar a qualidade de vida das crianças e tentar retirar a utilização da ventilação mecânica. Em 2023, das 27 crianças aptas, 15 entraram no protocolo e nove receberam alta da ventilação mecânica.
Já em 2024, das 26 crianças aptas, dez entraram no protocolo, seis receberam alta e quatro receberam alta parcial, quando é possível ficar algumas horas do dia respirando sem a ventilação mecânica. Além disso, são realizados projetos como o Rolezinho, que tem o intuito de retirar a criança do quarto para fazer pequenos passeios dentro do hospital, saindo do ambiente de leito hospitalar.
A terapia ocupacional também desempenha o papel fundamental na vida dos pequenos pacientes, realizando a promoção da qualidade de vida através da prevenção, manutenção, reabilitação e do brincar.
A psicologia também tem papel importante, pois como as internações dos pacientes da UCPPed costumam ser longas, as famílias precisam do acolhimento – dependendo do caso, pode haver até mesmo o adoecimento psíquico. Somente neste ano, já foram prestados 639 atendimentos de psicologia.
Por conta da necessidade do acolhimento desses pais e parentes, a equipe multi criou o projeto Nardo, com ações voltadas para os acompanhantes dos pacientes da unidade, que tentam minimizar o sofrimento dos familiares, favorecendo o bem-estar, aprendizado e autocuidado.
“É muito gratificante a gente olhar esses cinco anos e ver o que a gente construiu, olhar as histórias que a gente conta juntos. Eu falo que a UCPPed por si só, ela é um grande ensinamento. Eu acho que você não se torna o mesmo ser humano depois de passar por ela”, conclui Lara Vieira.
*Com informações do IgesDF
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