09/11/2024 às 12:10

Projeto Currículo Lilás busca inserir mulheres vítimas de violência no mercado de trabalho

Iniciativa recém-criada faz uma ponte entre as mulheres que são acompanhadas pelo dispositivo Viva Flor com instituições parceiras do programa Empresa Responsável Comunidade Mais Segura

Por Adriana Izel, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader

O enfrentamento à violência contra a mulher passa por pilares como prevenção e repressão. Uma das formas de proteger as vítimas é reduzindo as vulnerabilidades. Com o objetivo de combater uma dessas fragilidades nasceu mais um projeto do Governo do Distrito Federal (GDF). Batizada de Currículo Lilás, a iniciativa estimula mulheres inseridas no programa Viva Flor – que monitora vítimas e permite o acionamento de socorro policial por meio de um dispositivo – a fornecerem os currículos delas para empresas parceiras do GDF. O objetivo é garantir empregabilidade e diminuir a fragilidade econômica.

O projeto foi criado pela Subsecretaria de Prevenção à Criminalidade da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), responsável por gerenciar o programa Viva Flor, dispositivo de segurança fornecido a mulheres vítimas de violência para monitoramento e acionamento de socorro policial. O órgão também está à frente do projeto Empresa Responsável Comunidade Mais Segura, que sensibiliza a iniciativa privada a participar de ações de segurança pública.

O Currículo Lilás é voltado para as mulheres monitoradas pelo Viva Flor, que são informadas durante a entrada no programa | Foto: Joel Rodrigues/ Agência Brasília

“É uma iniciativa recente que foi criada dentro do contexto da Empresa Responsável Mais Segura, que, sob a perspectiva de integralidade, incentiva a sociedade civil – neste caso as empresas da iniciativa privada – a exercer um papel de responsabilidade social com a segurança pública, que não é uma função só do Poder Público”, comenta a subsecretaria de Prevenção à Criminalidade da SSP-DF, Regilene Siqueira.

O Currículo Lilás é voltado para as mulheres monitoradas pelo Viva Flor, que são informadas durante a entrada no programa. Segundo o dado mais recente da SSP-DF, 787 vítimas são assistidas pelo dispositivo. “Veio para reduzir a vulnerabilidade e incentivar a mulher a sair do ciclo de violência. Estamos focando nas mulheres que estão no Viva Flor. A partir do momento que ela é incluída no programa, pedimos o currículo dela e, se ela tiver interesse de inserção no mercado de trabalho, oferecemos para as nossas empresas parceiras”, explica Regilene.

“A receptividade tem sido muito boa. Porque muitas mulheres que estão no Viva Flor estão em situação de vulnerabilidade por falta de oportunidade de promover o próprio sustento”

Regilene Siqueira, subsecretária de Prevenção à Criminalidade

Os currículos captados são encaminhados para as empresas que fazem parte do programa Empresa Responsável. Atualmente integram o acordo de cooperação técnica, Uber, Multiplan, Sinduscon, Funn Entretenimento, R2 Produções e Agenciauto. Após a triagem, cabe à empresa fazer a seleção de acordo com as necessidades de trabalho. “A receptividade tem sido muito boa. Porque muitas mulheres que estão no Viva Flor estão em situação de vulnerabilidade por falta de oportunidade de promover o próprio sustento”, comenta Regilene.

Por isso, a subsecretária faz um convite para que mais empresas integrem a iniciativa: “O combate à violência contra a mulher não se faz apenas com as forças de segurança. É preciso que a sociedade civil participe ativamente disso. Qualquer empresa privada que tenha disposição para contribuir e ser um parceiro da segurança pública, a SSP está de portas abertas para a parceria e o desenvolvimento do projeto Currículo Lilás”.

Para participar, basta entrar em contato pelo canal telefônico (3441-8664), pelo e-mail (coops@ssp.df.gov.br), ou preenchendo o formulário digital.

Empregabilidade

A autonomia financeira também é o pilar de acordos de cooperação técnica firmados pela Secretaria da Mulher do Distrito Federal (SMDF) com 13 órgãos ligados ao governo federal e aos poderes Judiciário e do Legislativo, que garantem a reserva de 4% a 8% das vagas de emprego formais a vítimas de violência, trans, quilombolas e outras mulheres inseridas em situações de vulnerabilidade, em empresas terceirizadas que prestam serviços às instituições.

“Temos diversas ações de capacitação às mulheres do Distrito Federal visando o empreendedorismo e a empregabilidade”

Giselle Ferreira, secretária da Mulher

Desde o início dos acordos, 105 mulheres já foram beneficiadas com empregos em empresas terceirizadas, além do acompanhamento por equipes multidisciplinares com psicólogo, pedagogo e assistente social.

“Temos diversas ações de capacitação às mulheres do Distrito Federal visando o empreendedorismo e a empregabilidade. As ações são planejadas levando em consideração a diversidade de perfis de mulheres e o fomento à autonomia econômica. Superar esses desafios exige um esforço conjunto entre governo, sociedade civil, setor privado e comunidade. O compromisso do GDF é garantir que as políticas públicas sejam efetivas e que os direitos das mulheres sejam respeitados e protegidos. Só assim poderemos construir uma sociedade mais justa, igualitária e livre de violência de gênero”, destaca a secretária da Mulher, Giselle Ferreira.