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14/11/2024 às 13:17
Investigação é conduzida pela Polícia Federal com apoio das forças de segurança do DF; o caso é tratado como ato terrorista e contra o Estado Democrático de Direito
O episódio das explosões na Praça dos Três Poderes, na noite de quarta-feira (13), está sendo investigado pela Polícia Federal (PF) com apoio das polícias Militar (PMDF) e Civil (PCDF) como um ato terrorista e contra o Estado Democrático de Direito. Durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (14), a PF anunciou que o suspeito foi identificado como Francisco Wanderley Luiz, e que o inquérito, já instaurado, será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“O episódio de ontem não é um fato isolado, mas é conectado com várias outras ações que a Polícia Federal tem investigado no período recente”, afirmou o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Na sequência, ele elogiou o empenho do Governo do Distrito Federal (GDF) no caso. “Quero também trazer um registro importante aqui de agradecimento ao GDF, particularmente à Polícia Militar e à Polícia Civil. Conversei ontem com a governadora em exercício Celina Leão, com a coronel da PMDF, Ana Paula [Habka], com o delegado-geral da Polícia Civil, José Werick. Estivemos no local durante a madrugada ainda, trabalhando juntos; e, com o apoio decisivo das polícias Militar e Civil, a área foi prontamente isolada, e as forças de segurança do DF prestaram todo o apoio para que as nossas equipes pudessem atuar.”
Andrei Rodrigues: “O episódio de ontem não é um fato isolado, mas é conectado com várias outras ações que a Polícia Federal tem investigado no período recente” | Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília
Em agenda no Hospital de Base, nesta quinta-feira (14), a governadora em exercício Celina Leão destacou o trabalho conjunto entre as polícias Federal e do DF para o andamento das investigações: “Todo suporte está sendo dado pela parte operacional da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros. Todas as ações foram tomadas e o protocolo de segurança foi 100% cumprido, o que protegeu as vidas das pessoas que estavam no local no momento do ocorrido. Conseguimos localizar a casa do suspeito com rapidez, fizemos a busca dentro da residência e havia explosivos”.
A investigação preliminar aponta que o autor tem 59 anos, trabalhava como chaveiro, tem filiação partidária e foi candidato a vereador. Natural de Santa Catarina, ele estava na capital federal há cerca de quatro meses e alugou uma casa em Ceilândia e um trailer — encontrado também nas proximidades do STF.
“Todas as ações foram tomadas e o protocolo de segurança foi 100% cumprido, o que protegeu as vidas das pessoas que estavam no local no momento do ocorrido”
Celina Leão, governadora em exercício
“Há indícios de um planejamento de longo prazo. Essa pessoa já esteve em Brasília em outras oportunidades; inclusive, segundo relatos de familiares, estava aqui no começo do ano de 2023. Ainda é cedo para dizer se houve participação direta ou não nos atos de 8 de Janeiro. Isso a investigação apontará, mas essa pessoa estava aqui no começo do ano, e hoje, na residência em Ceilândia, havia uma mensagem escrita nas paredes, no espelho, fazendo menção a um ato de pichação que foi feito no 8 de Janeiro na estátua da Justiça”, informou Rodrigues.
Foi encontrado ao lado do corpo do suspeito um extintor de incêndio que simula um lança-chamas, e foi apreendido um telefone celular. No porta-malas do veículo foram localizados fogos de artificio montados e estruturados em tijolos, que chegaram a causar um incêndio parcial no carro. Nesta manhã, também foi encontrada uma caixa enterrada nas proximidades do STF.
Na residência dele, em Ceilândia, foram identificados mais materiais explosivos do tipo tubo construídos de maneira artesanal semelhantes a uma granada, e houve, inclusive, uma explosão após o robô antibombas abrir uma gaveta no local.
As forças de segurança do Distrito Federal seguem empenhadas nas ações relacionadas ao ocorrido. As investigações estão sob responsabilidade da Polícia Federal, com o apoio das polícias Civil e Militar do Distrito Federal.
Sobre o atentado
De acordo com a PCDF, a primeira explosão ocorreu em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde Francisco Wanderley Luiz detonou um artefato explosivo junto ao próprio corpo, resultando em sua morte. Uma segunda explosão foi registrada nas proximidades, atingindo o veículo do autor, que estava estacionado em uma via auxiliar.
A Operação Petardo foi acionada, mobilizando equipes do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope/PMDF). As equipes isolaram o local e realizaram varredura com cães farejadores. A PCDF também esteve no local para coleta de informações e realização da perícia. Diligências adicionais foram realizadas na residência do autor, em Ceilândia, onde novas evidências foram encontradas.
Durante a operação, foi identificado material potencialmente explosivo junto ao corpo de Francisco, além de um aparelho celular. O Esquadrão de Bombas do Bope deu continuidade à neutralização dos artefatos e à coleta de vestígios até a madrugada desta quinta-feira. O local permaneceu isolado para a realização da perícia e neutralização dos artefatos. Todo o protocolo da operação permanece para garantir a segurança e preservação das provas que se encontram no terreno.
O Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF), por sua vez, atuou no combate ao incêndio do veículo estacionado no entorno do STF, próximo à Praça dos Três Poderes, em apoio à Operação Petardo.
Em relação ao trânsito na Esplanada dos Ministérios, a PMDF tem feito interdições para garantir a segurança e a fluidez do tráfego urbano, com apoio do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF) nas vias adjacentes, especialmente na S2 e na N2. Elas visam melhorar o fluxo de veículos nas áreas próximas.
Na via S1, o tráfego foi desviado para a Avenida das Bandeiras. Na N1, o trânsito está bloqueado na altura do acesso pela L4 Norte, próximo ao quartel do Corpo de Bombeiros. O trânsito na Esplanada foi liberado parcialmente, e, após avaliação final dos especialistas das forças de segurança, poderá retornar à normalidade.
*Colaboraram Thaís Miranda, Fernando Jordão e Ian Ferraz