01/12/2024 às 13:42, atualizado em 01/12/2024 às 14:10

Ambulatório do Viajante oferece cuidados gratuitos para quem vai deixar o país

Espaço no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) indica como cuidar da saúde em diferentes partes do mundo; viajantes que retornam também são atendidos, para evitar entrada de doenças no Brasil

Por Fernando Jordão, da Agência Brasília | Edição: Chico Neto

Roupas, documentos, reservas… São muitas as preocupações na hora de viajar. Mas a saúde não pode ser deixada de lado. Atender a essa necessidade é o objetivo do Ambulatório do Viajante, no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), que oferece orientações sobre vacinas e cuidados que devem ser tomados em outros países do mundo, bem como atende pacientes que retornam de viagem, a fim de evitar que tragam doenças de fora para o Brasil.

Durante o atendimento, a pessoa que vai viajar recebe todo tipo de orientações sobre vacinas e medicamentos | Fotos: Joel Rodrigues/Agência Brasília

“[O viajante] é acolhido e, na consulta médica, tem prescrições de vacinas e de medicamentos necessários para aquele país, de acordo com as orientações da OMS [Organização Mundial da Saúde]”, explica Thallys Silva, chefe do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie) do Hran, setor responsável pelo Ambulatório do Viajante. “Dependendo do caso, ele também recebe explicações com relação ao sistema de saúde do país para o qual está viajando e tem orientações com relação ao retorno para o Brasil: quais médicos buscar, quais tipos de doenças podem ser contraídas nesses países etc.”

Funcionamento

“A consulta se adequa às necessidades daquele paciente”, afirma Thallys Silva, chefe do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie) do Hran

O espaço foi inaugurado em 2014, durante a Copa do Mundo no Brasil, e é inspirado em experiências europeias. As consultas ocorrem às terças e quintas-feiras, no período vespertino, mediante agendamento, que pode ser feito pelo telefone 3449-4733 ou pelo e-mail hran.crie@saude.df.gov.br. Em todo o ano passado, houve 424 atendimentos. Este ano, até o início de novembro, 383 pessoas haviam sido atendidas.

Qualquer cidadão pode procurar o serviço, que é gratuito. Mas o atendimento é personalizado para cada tipo de viajante — se é um turista ou um trabalhador em missão, por exemplo, que pode ser exposto a mais riscos.

“Muitos pacientes vão em missão — diplomatas, ministros de Estado, políticos, militares, policiais federais”, detalha Thallys. “Essas pessoas que têm características especiais também são tratadas de maneira especial; é visto qual o nível de exposição que elas vão ter nesse país, se vão ter contato com animais, falta de saneamento básico. A consulta se adequa às necessidades daquele paciente.”

O policial federal Carlos Eduardo Moreira é um desses casos. Ele conheceu o ambulatório por indicação de amigos. Antes de viajar a trabalho para a França, recebeu indicação de vacinas contra difteria, tétano e poliomielite. “Sempre que a gente vai para algum lugar que exige algum tipo de aconselhamento em termos de imunização, a gente tem que vir por aqui. É bem mais fácil”, afirma.

Prevenção

“Uma pessoa que está hoje, por exemplo, na Ásia, em menos de 24 horas chega aqui no Brasil, e essa mesma pessoa pode ser um potente carregador de doenças”

Fernando Moraes, médico do Hran

Fernando Moraes, médico que atua no local, destaca a importância do trabalho de prevenção feito no Ambulatório do Viajante: “O mundo hoje está muito globalizado, muito próximo, com investimento muito grande em companhias aéreas, em aeroportos. Uma pessoa que está hoje, por exemplo, na Ásia, em menos de 24 horas chega aqui no Brasil, e essa mesma pessoa pode ser um potente carregador de doenças. Então é isso que a gente quer evitar ou minimizar, o risco de adoecimento. A prevenção é o que eu acho mais lindo na abordagem da medicina, porque ela salva vidas. Eu já peguei caso de diagnosticar malária em um paciente que retornou da África, com 30, 40 dias depois que ele estava aqui. A gente ensina a eles a abordagem preventiva”.

Se por um lado a globalização pode contribuir para a proliferação de doenças, é ela também que permite ao médico estar sempre atualizado com as principais recomendações globais. “Você se atualiza estudando pelo site da OMS, do CDC americano [Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos], da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], do Ministério da Saúde… É um trabalho lindo, porque ajuda muito nesse contexto da prevenção”, ressalta o médico.

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