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01/12/2024 às 17:03, atualizado em 01/12/2024 às 17:32
Com apoio da Emater-DF, agricultoras familiares aprendem técnicas de artesanato sustentável e conquistam autonomia financeira
“Eu achava que não tinha talento para nada”, relembra Sabina José da Silva, 60 anos, emocionada ao falar sobre a jornada de descoberta no artesanato. Graças à ajuda da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), a produtora rural e hoje artesã aprendeu a transformar a fibra da bananeira em uma fonte de inspiração e renda. “Hoje, olho para várias plantas e penso em peças de artesanato. Descobri que a bananeira não é só para dar cacho de banana”, afirma.
Residente do Assentamento Márcia Cordeiro Leite, em Planaltina, Sabina afirma que, atualmente, é do trabalho artesanal que sai a maior parte de sua renda. “A venda dos produtos ajuda bastante a conseguir um dinheiro no fim do mês, especialmente nessa época do Natal, quando as vendas aumentam e a produção também. Quando exponho nas feiras sempre vendo alguma coisa; é difícil voltar para casa com os produtos”.
Histórias como a de Sabina se repetem entre produtoras rurais das mais diferentes regiões do DF. Desde janeiro, a Emater já promoveu 67 oficinas de qualificação e capacitação em técnicas de artesanato, muitas delas realizadas no espaço colaborativo Olhares do Campo, localizado na sede da empresa, na Asa Norte. Na última quarta-feira (27), no local, dez agricultoras do Gama aprendiam sobre bordado e costura.
Outras oficinas abordam técnicas como o uso de fibras de bananeira, palha de milho e capim-colonial — materiais encontrados em abundância no ambiente natural das agricultoras familiares. Segundo a extensionista Sandra Evangelista, a proposta é reduzir a dependência de matérias-primas industrializadas, valorizando recursos locais e agregando qualidade ao acabamento das peças.
“A gente busca introduzir a utilização de recursos aos quais elas têm acesso o ano todo e com muito mais facilidade. A costura e o acabamento, por exemplo, são realizados com a própria fibra da bananeira. A qualificação permite que elas entendam as técnicas e, a partir daí, desenvolvam as artes”, explica.
Conhecimento compartilhado
Além de formar artesãs, a Emater ajuda a capacitar produtoras rurais para atuarem como verdadeiras disseminadoras do conteúdo ensinado nas oficinas. É o caso de Adriana Fernandes, 55, residente do Assentamento Pequeno William, em Planaltina, que utiliza o conhecimento adquirido para coordenar o projeto Arte em Fibra.
“O artesanato é mais que uma alternativa de renda; é uma forma de autonomia financeira, uma verdadeira terapia ocupacional. Graças ao empenho dessas mulheres conseguimos a aprovação de projetos no Fundo de Apoio à Cultura (FAC) em 2018 e 2022, que possibilitaram a continuidade do nosso trabalho”, conta Adriana, que também desenvolve biojoias com elementos do Cerrado.
Valdira Sena Santos, 38, também faz questão de compartilhar o que sabe sobre o artesanato rural. Desde 2011, ela ensina técnicas de confecção de arte com palha de milho e fibra de bananeira. “Nunca imaginei que tinha capacidade para fazer tudo isso e ainda mais para ensinar outras pessoas a fazer arte. Hoje, ensino outras assentadas e amo produzir bonequinhas de palha de milho”, afirma.