21/12/2024 às 21:56, atualizado em 21/12/2024 às 23:44

Brasilienses celebram noite no Teatro Nacional com apresentação de Almir Sater

Show marca o primeiro dia de programação aberta ao público desde a reabertura do espaço cultural, na quarta (18); Sala Martins Pena passou por modernização e readequação

Por Mayara da Paz, da Agência Brasília | Edição: Ígor Silveira

A noite deste sábado (21) teve um gosto de nostalgia para quem foi ao Teatro Nacional Claudio Santoro prestigiar o primeiro dia de programação aberta ao público. O espaço cultural foi reaberto após uma década, com a reinauguração da Sala Martins Pena, que passou por modernização e readequação para cumprir as normas de segurança, combate a incêndio e acessibilidade.

Segundo o secretário de Cultura, Cláudio Abrantes, a programação de reabertura está sendo um teste para que as atividades culturais no espaço sejam retomadas de forma contínua e organizada a partir do ano que vem.

O cantor e violeiro Almir Sater, acompanhado por sua viola de dez cordas, apresentou clássicos de sua carreira | Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília

“Essa programação de agora são momentos de teste, de avaliação de como é que está a obra, a acústica do espaço, para que a gente retome já em fevereiro a abertura com a programação normal, inclusive com a orquestra voltando à sua temporada aqui, e a abertura da pauta para novos espetáculos”, destacou.

Entre o público presente neste sábado, muitos relembraram histórias de quando o Teatro Nacional era ponto de encontro para os amantes da arte. “É nostálgico vir aqui. A última vez que vim ao Teatro Nacional eu tinha 19 anos de idade. Poder caminhar e notar as nuanças de diferença é bem interessante. Vinha bastante com o meu pai. De certa forma, as memórias voltam”, ressalta o analista e desenvolvedor de sistemas, Gabriel Vogado, de 28 anos.

Morador do Recanto das Emas, ele celebra a reabertura do Teatro Nacional. “O esforço deste GDF em reabrir o Teatro Nacional é muito importante porque esse espaço é um patrimônio. A população merece esse espaço, que é muito bonito e não merece ser desperdiçado. É um lugar interessante para termos acesso à cultura, à música e a artistas que acompanham a evolução do Distrito Federal.”

Neuza Cardoso dos Santos: “Eu venho aqui desde que eu tinha 12 anos. Voltar aqui é uma emoção muito grande”

Para celebrar a data e receber os brasilienses de todos os cantos do Distrito Federal, o cantor e violeiro Almir Sater, acompanhado por sua viola de dez cordas, apresentou clássicos de sua carreira, como Tocando em Frente, Chalana e Trem do Pantanal. O artista também apresentou projetos mais atuais, como AR (Grammy Latino 2016) e +AR (2018) em parcerias com Renato Teixeira, com faixas como D de Destino, Bicho Feio, Assim Os Dias Passarão e Venha Me Ver.

“As condições [de estrutura] são as melhores possíveis. A qualidade do som, da acústica, está muito boa. Tocar em Brasília é tocar para o Brasil inteiro, porque há gente de todos os cantos do país”, pontuou Almir Sater.

A nostalgia também marcou a noite de Neuza Cardoso dos Santos, 48, e da mãe, Domingas Cardoso dos Santos, 77. “Eu venho aqui desde que eu tinha 12 anos”, disse Neuza. “A minha mãe foi a primeira camareira do Teatro Nacional. Voltar aqui é uma emoção muito grande. E, claro, estou muito ansiosa para curtir o show, afinal, é o Almir Sater.”

O estudante Kauan Andrade Sampaio, 17 anos, destacou a importância da reforma para as novas gerações

A reabertura do equipamento público também traz um gostinho do que virá pela frente no cenário cultural brasiliense. Pela primeira vez no teatro, o estudante Kauan Andrade Sampaio, de 17 anos, destacou a importância da reforma para as novas gerações.

“É muito importante estar aqui porque é através de apresentações como a de Almir Sater que nós podemos ter mudanças em pequenos aspectos da sociedade. Eu, como morador de Ceilândia, quando recebo uma carga cultural dessa, acredito que posso mudar o ambiente onde eu moro”, enfatizou.

Programação de reabertura

Esse foi o terceiro dia de festa no equipamento público. Na quarta-feira (18), coube aos operários e aos servidores dos órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF) que trabalharam na obra o privilégio de serem os primeiros a assistirem um espetáculo da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS), que voltou ao espaço após 11 anos – a última temporada do grupo no complexo cultural foi em dezembro de 2013. Na sexta (20), o complexo cultural foi oficialmente reaberto pelo governador Ibaneis Rocha. O ato contou com apresentação da orquestra sinfônica e da dupla Chitãozinho & Xororó.

A programação da reinauguração segue nos próximos dias. Neste domingo (22), o dia será voltado às artes cênicas. Sob o título de “De volta aos palcos”, as atividades começam às 11h com a apresentação do musical infantil “Os Saltimbancos”, dirigido por Hugo Rodas, além de duas sessões do espetáculo inédito em Brasília, TelaPlana, da Cia. de Comédia Os Melhores do Mundo, às 17h e às 19h30.

Na segunda-feira (23), a cidade de Brasília e o rock serão homenageados com o show “Hoje é dia de rock”, da banda Plebe Rude e convidados, a partir das 20h. Já a quinta-feira (26) será dedicada a apresentações de balé clássico, dança contemporânea, dança urbana e dança brincante.

As apresentações são gratuitas e abertas ao público, mediante retirada de ingressos no site Sympla, de acordo com a disponibilidade.

Restauro

A obra de restauração teve início pelo Governo do Distrito Federal (GDF) em dezembro de 2022, pela Sala Martins Pena e seu respectivo foyer. A viabilidade da reforma só ocorreu depois que este GDF decidiu fracionar o projeto em quatro etapas.

Com investimento de R$ 70 milhões por meio da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), a primeira etapa consistiu na adequação da infraestrutura para as diretrizes atuais, bem como a recuperação da sala Martins Pena.

Serão investidos R$ 315 milhões na próxima fase da obra, que teve o edital de licitação divulgado no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). O projeto inclui a Sala Villa-Lobos, o Espaço Dercy Gonçalves, a Sala Alberto Nepomuceno e o foyer da Villa-Lobos.

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