27/02/2025 às 07:51, atualizado em 27/02/2025 às 09:17

Carnaval eleva risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis; saiba como se prevenir

Além da clássica camisinha, testes, vacinas e profilaxias pré e pós-exposição são aliados importantes para não esquentar a cabeça mesmo se a folia ficar tórrida

Por Fernando Jordão, da Agência Brasília | Edição: Chico Neto

Para os fãs da folia, o Carnaval é uma oportunidade para conhecer novas pessoas, beijar na boca e, quem sabe, até ir além. Mas, se o clima esquentar, é importante estar atento para se prevenir das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Diferentes procedimentos de prevenção, como a testagem rápida, estão disponíveis na rede pública de saúde | Fotos: Geovana Albuquerque/Agência Brasília

A primeira recomendação, antes mesmo do Carnaval, é fazer testes. “Se a pessoa vai com os exames em dia, já sabe que não tem nada ou que, se tiver, já pode tratar para não transmitir – lembrando que há várias ISTs que podem ser assintomáticas, como HPV, clamídia e gonorreia”, alerta Marcos Davi Gomes, infectologista do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM).

Ainda na folia pré-carnavalesca, é importante também estar com as vacinas em dia. Infecções que podem ser transmitidas durante o ato sexual, como a hepatite A e B e o vírus HPV, têm imunização disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para grupos específicos.

Camisinha

Preservativos, como a camisinha, são considerados itens essenciais para proteção

“A pessoa pode usar camisinha sempre, mas, sob efeito, perde essa noção”

Marcos  Gomes, infectologista do Hospital Regional de Santa Maria

Já na chamada “hora H”, é o momento da maior aliada contra as ISTs: a camisinha. Ela pode ser externa — a mais tradicional — ou interna —  para as mulheres. Ambas são distribuídas gratuitamente na rede pública de saúde, e a dica é sair de casa com uma guardada. “Às vezes, na hora da relação a pessoa não vai encontrar”, aponta Marcos, ressaltando que o preservativo é indicado para todos os tipos de sexo, incluindo o oral.

Também vale ficar atento ao uso de lubrificantes — de preferência à base de água, segundo o infectologista — e para não exagerar no álcool e em outras drogas. “Elas podem diminuir a percepção do usuário”, aponta. “A pessoa pode usar camisinha sempre, mas, sob efeito, perde essa noção”.

Por último, mas não menos importante, estão dois protocolos que utilizam medicamentos para evitar as ISTs: a Profilaxia Pré-Exposição (Prep) e a Profilaxia Pós-Exposição (Pep). O médico detalha: “São duas tecnologias biomédicas que já estão disseminadas, mas muita gente desconhece. A Prep tem que começar a tomar antes da relação sexual, sendo indicada para pessoas que se percebem em um risco maior. O uso é uma decisão conjunta entre o usuário e o profissional de saúde”.

Ele também explica a diferença entre esses procedimentos: “Já a Pep é para aquela pessoa que não estava usando Prep, não usou preservativo e teve uma relação que julga de risco. Ela tem até 72 horas para procurar um serviço médico e fazer essa profilaxia durante 28 dias”.

Onde encontrar?

Teste, vacina, preservativo, lubrificante, Prep, Pep… Tudo isso está disponível gratuitamente na rede pública de saúde — em hospitais, unidades básicas de saúde (UBSs) e unidades de pronto atendimento (UPAs). Mas o lugar mais garantido para encontrá-los — à exceção da Prep — é o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), que funciona no Centro Especializado em Doenças Infecciosas (Cedin), na 508 Sul.

A enfermeira Leidijany Paz, do Centro de Testagem e Aconselhamento, lembra: “ O nosso público são pessoas que identificam que tiveram alguma situação de exposição sexual”

“E, se vacilar e não conseguir usar, esteja aqui na quarta-feira de Cinzas”

Leidijany Paz, do CTA

“É uma unidade de saúde voltada para o fornecimento de diagnóstico na modalidade de testagem rápida para a população como um todo”, explica a enfermeira Leidijany Paz, do CTA. “Nós antigamente ficávamos na Rodoviária [do Plano Piloto], e agora nós temos uma unidade lá e abrimos essa aqui também na Asa Sul. O nosso público são pessoas que identificam que tiveram alguma situação de exposição sexual.” 

Leidijany reforça: “O mais importante é que toda a nossa equipe é muito sensibilizada e voltada para o acolhimento de uma questão muito tabu da nossa população, que é o exercício da sexualidade. Então o jovem, o homem, a mulher que vem aqui na nossa unidade vai encontrar uma equipe sensibilizada e preparada para acolher nessas questões que podem ser difíceis de conversar em outros contextos”.

O caminho ideal, portanto, é visitar a unidade antes do Carnaval e garantir os insumos de prevenção, como preservativo, lubrificante e teste rápido — que, inclusive, não precisa ser feito no local, podendo ser levado para casa. “E, se vacilar e não conseguir usar, esteja aqui na quarta-feira [de Cinzas]”, recomenda a enfermeira.

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