06/03/2025 às 15:37, atualizado em 06/03/2025 às 17:45

Brasília Ambiental integra comitiva em visita a Áreas de Conservação da Costa Rica

Objetivo da missão foi o intercâmbio de conhecimento na gestão das Unidades Protegidas entre os dois países

Por Agência Brasília* | Edição: Ígor Silveira

O Instituto Brasília Ambiental participou de visita técnica a nove Áreas de Conservação da Costa Rica, realizada no período de 17 a 24 de fevereiro. A missão fez parte do projeto “Avaliação e Fortalecimento do Sistema de Unidades de Conservação Distrital e Estudo de Parcerias Público-Privadas e Público-Comunitárias”, do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS), da Universidade de Brasília (UnB), pelo Fundo de Amparo à Pesquisa (FAP) do Distrito Federal (DF).

O Brasília Ambiental foi representado pela superintendente de Unidades de Conservação, Biodiversidade e Água (Sucon), Marcela Versiani, e pela diretora de criação de Unidades de Conservação e Plano de Manejo, Carolina Lepsch.

A Costa Rica tem um sistema de mais de 50 anos de áreas protegidas, além de áreas com planos de manejo vigentes há mais de 30 anos | Fotos: Divulgação/Brasília Ambiental

Diferenciais do sistema de conservação da Costa Rica

A Costa Rica possui um sistema de mais de 50 anos de áreas protegidas, sendo uma referência internacional na conservação da biodiversidade. A elaboração de Planos de Manejo acontece há quase 30 anos e são revisados a cada 10 anos. O sistema conta com equipes consolidadas em cada área protegida, com cerca de seis a oito guarda-parques por área.

O planejamento do sistema deles é baseado na metodologia da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, semelhantemente à base do ICMBio no Brasil. No entanto, os elementos e componentes foram adaptados para as especificidades locais da Costa Rica. Outro fator relevante é que a conservação da biodiversidade no país está diretamente ligada à economia, compondo parte do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O turismo, por exemplo, representa 8% do PIB e é todo voltado para a conservação ambiental. A agricultura, com cultivos predominantes de banana e café, também está diretamente conectada à preservação. Os produtos possuem rótulos que valorizam a fauna local, reforçando a identidade do país com a biodiversidade.

“A biodiversidade é vista como um atrativo para o turismo. Criaram a consciência de que o turismo sustentável funciona melhor com áreas bem preservadas e com a boa divulgação do serviço ambiental prestado para a sociedade, trazendo pertencimento do cidadão desde criança”, ressalta Carolina Lepsch.

Similaridades entre os sistemas de conservação do Brasil e da Costa Rica
A visita integrou a etapa do projeto dedicada ao intercâmbio de informações entre o Sistema Distrital de Unidades de Conservação e o Sistema de Áreas de Conservação da Costa Rica. No país centro-americano, o Sistema Nacional de Áreas de Conservação (Sinac) é dividido em 11 áreas de conservação, abrangendo 153 Áreas Protegidas, classificadas em dez categorias, entre elas: Reserva Biológica, Parque Nacional, Refúgio Nacional de Vida Silvestre, Reserva Florestal e Monumento Natural.

A conservação da biodiversidade na Costa Rica faz parte do Produto Interno Bruto (PIB) local, e está embasada em todas as principais atividades econômicas do país

No que se refere à quantidade de profissionais por unidade, a realidade da Costa Rica se assemelha à do Distrito Federal. “Os Planos de Manejo da Costa Rica apontam que as equipes deveriam ser o dobro do que possuem atualmente. Isso é algo que também enfrentamos no DF, onde o Sistema de UCs só existe há 15 anos”, observa Lepsch.

O presidente do Brasília Ambiental, Rôney Nemer, destacou a importância dessa troca de experiência para aprimorar a gestão ambiental no DF. “Para crescermos em qualquer área, precisamos conhecer e aprender compartilhando com nossos semelhantes. O Brasília Ambiental fortalece ainda mais sua atuação ao participar de intercâmbios como esse, em que podemos comparar metodologias, desafios e soluções aplicadas na gestão das nossas Unidades de Conservação”.

A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, reforçou o compromisso do Governo do DF com a proteção ambiental e a importância da cooperação internacional para fortalecer as políticas públicas de conservação. “A troca de conhecimento com um país referência em preservação ambiental, como a Costa Rica, nos permite aprimorar nossas estratégias e buscar soluções inovadoras para garantir um futuro sustentável para o DF”, enfatiza Celina.

Sobre o projeto

O projeto “Avaliação e Fortalecimento do Sistema de Unidades de Conservação Distrital e Estudo de Parcerias Público-Privadas e Público-Comunitárias” se traduz no desenvolvimento de vários estudos que se distribuem em três componentes no DF. Os dois primeiros componentes, que são o Estudo de Gestão de Áreas Protegidas e o Uso Público e Visitação, principalmente voltado para o turismo, já estão em desenvolvimento.

Além da superintendente e da diretora da Sucon, participaram da visita à Costa Rica os professores do CDS/UnB, Mauro Capellari e André Cunha; a professora do Departamento de Geografia da UnB, Potira Hermuche; e o doutorando do CDS/UnB, Marcos Rugnitz Tito.