06/12/2013 às 11:02, atualizado em 12/05/2016 às 17:53

Vale do Amanhecer, símbolo de sincretismo religioso, atrai milhares de visitantes

Cerca de 5 mil pessoas frequentam semanalmente a doutrina fundada por Tia Neiva, em busca de curas e tratamentos espirituais

Por Leandro Cipriano, da Agência Brasília


. Foto: Mary Leal

BRASÍLIA (6/12/13) – Reconhecida como a primeira manifestação religiosa criada junto com o Distrito Federal, o Vale do Amanhecer, em Planaltina, reúne constantemente milhares de pessoas em busca de curas e tratamento espiritual, na doutrina fundada pela clarividente Neiva Zelaya – a Tia Neiva.
 

O sincretismo religioso é a principal marca dos ritos, que têm influências cristãs, das religiões afro-brasileiras, e até símbolos baseados em crenças orientais, incas, maias e egípcias, tudo praticado por uma comunidade de mais de mil médiuns.
 

“As pessoas buscam aqui, principalmente, uma cura para as aflições, depois de terem procurado em vários lugares. Elas chegam como se fosse sua última oportunidade e encontram esse sincretismo religioso, que tem um pouco de tudo que já buscaram”, contou o coordenador de Relações Públicas do Vale do Amanhecer, João Flausino, à Agência Brasília.
 

A estimativa da Gerência Regional do Vale é de aproximadamente 5 mil frequentadores, por semana, no local. Quartas-feiras, sábados e domingos costumam ser os dias mais visitados, pois é quando todos os trabalhos oferecidos pela doutrina estão disponíveis aos interessados.
 

Curas espirituais para problemas físicos, passes e conselhos mediúnicos estão entre os mais procurados. Contudo, os visitantes sempre passam primeiro pelas orientações dos espíritos de luz – entidades que, incorporadas nos médiuns, indicam o trabalho de que a pessoa mais precisa naquele momento.
 

O pintor Francisco Ferreira, 33 anos, foi ao espaço pela primeira vez há 20 anos para curar um problema que sofria nas pernas. Hoje, não apenas consegue andar normalmente como se tornou um dos seguidores mais assíduos, inclusive, contribuindo nas assistências mediúnicas.
 

“Procurei os médicos e nenhum deles conseguiu resolver meu problema. Então pedi aos meus pais para vir ao Vale do Amanhecer. Aqui, o mentor preto velho me disse que era um problema espiritual e que eu precisava fazer os trabalhos, só então que eu consegui melhorar”, relatou Francisco.
 

Para a professora do Departamento de Psicologia Social da Universidade de Brasília (UnB), Ana Lucia Galinkin, a possibilidade de os médiuns atenderem diretamente os pacientes e darem uma assistência direcionada aos visitantes torna a doutrina ainda mais atraente ao público.
 

“(Os médiuns) são agentes ativos no processo de tratamento das pessoas que buscam solucionar seus problemas. Isso traz uma satisfação pessoal aos visitantes, que se sentem mais próximos e reconfortados daquilo que irá ajuda-los”, explicou.
 

SÍMBOLOS – Localizado em uma área de 10 mil m², o lugar logo se transformou em ponto turístico de Planaltina, devido à grandiosidade da estrutura e dos seus mais diversos símbolos religiosos.
 

Entre eles estão a estátua do Pai Seta Branca – índio tupinambá que em vida passada teria sido São Francisco de Assis -, uma pirâmide egípcia e uma estrela construída em um lago imenso, no ponto chamado Estrela Candente.
 

Tia Neiva passou a designar seguidores para erguer outros locais de cura espiritual, a começar por Unaí (MG) e Alvorada do Norte (GO). Contudo, a Estrela Candente é firmada apenas em alguns templos, pois somente com ela podem ser feitos todos os trabalhos descritos por Neiva.
 

Agora, a doutrina nascida em Brasília ultrapassou as suas origens. Segundo a Gerência Regional do Vale do Amanhecer, atualmente existem mais de 600 templos ativos em todo o Brasil e em países da América Central.
 

HISTÓRIA – Mãe de quatro filhos, viúva e caminhoneira, Neiva Chaves Zelaya recebeu o convite de Bernardo Sayão para trabalhar na construção de Brasília. Quando veio ao local, que mais tarde seria a cidade do Núcleo Bandeirante, ela começou a realizar seus trabalhos mediúnicos.
 

Em 1958, já conhecida como Tia Neiva, deixou a cidade com os filhos e outras famílias e fundou, em 8 de novembro de 1959, a União Espiritualista Seta Branca (UESB), na Serra do Ouro, próximo a Alexânia (GO).
 

Finalmente, Tia Neiva e seu grupo chegaram ao Morro da Capelinha, em Planaltina, onde demoraram dez anos para construir o atual templo. E então, o Vale do Amanhecer, como é conhecido hoje, foi fundado, em 9 de novembro de 1969.


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(L.C/J.S*)