Criada há 25 anos, a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher do Distrito Federal realiza um trabalho especial com as vítimas de violência
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08/03/2012 às 03:00
Criada há 25 anos, a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher do Distrito Federal realiza um trabalho especial com as vítimas de violência
Evelin Campos, da Agência Brasília
A Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) do DF, reinaugurada nesta quinta-feira (8), foi uma das primeiras a ser instituída no Brasil. O surgimento dela, em 1986, demonstra o quanto é peculiar a situação da mulher vítima de crimes domésticos e sexuais. “Imagina o quanto é constrangedor para uma dona de casa sentar diante de um balcão e acusar o próprio marido de uma agressão? A delegacia surgiu para dar a ótica diferenciada que a situação merece”, avalia a delegada-chefe da Deam, Ana Cristina Melo.
Para oferecer o tratamento direcionado, a Deam enfrenta o desafio de desconstruir conceitos machistas entre os policiais que atuam na unidade. “Eles têm que se despojar daqueles preconceitos de que a mulher apanha porque gosta ou vive entre tapas e beijos. Existem estudos que revelam uma situação chamada ciclo de violência, em que o casal está totalmente comprometido emocionalmente e precisa de apoio externo”, destaca Ana Cristina.
Visitas às delegacias, distribuição de material informativo e postagem de informações na intranet são algumas das ferramentas de intercâmbio entre os policiais. Quando se identifica a necessidade de um trabalho mais específico de capacitação, a Academia de Polícia Civil organiza cursos e palestras. Atualmente, a Deam conta com uma equipe de oito delegadas e 50 servidores entre agentes e escrivães.
Rotina – O primeiro contato da mulher é com o plantão da Deam. Agentes e uma delegada registram a ocorrência e encaminham a vítima de acordo com cada caso. A delegacia possui um cartório para procedimentos burocráticos, como instauração de inquéritos, e uma seção de apoio administrativo para recebimentos e tramitação de documentos.
No setor de orientação psicológica, uma agente com formação na área aborda a denunciante. “Ela não faz terapia. Mas tem uma forma especial de conversar com a mulher, ver se ela precisa de acompanhamento psicoterápico e encaminhá-la, caso ela se disponha”, explica a delegada-chefe. A sessão também recebe o agressor, que pode ser orientado a fazer tratamento caso esteja disposto ou assim o juiz determine.
A apuração de denúncias de crimes, mandados de busca e apreensão, entre outros, ficam sob responsabilidade da seção de investigação. O setor de repressão ao estupro dá andamento em inquéritos de crimes sexuais. Por fim, a delegacia possui uma seção de informática.
A Deam é chefiada somente por delegadas, já que atende um público bem específico. As demais seções possuem equipes mistas, e apenas nos setores de investigação e de repressão ao estupro os homens são maioria, devido ao contato direto com o agressor e acompanhamento da vítima.