13/09/2012 às 22:22

DF sai na frente na prevenção do suicídio

Pioneira no país, iniciativa do GDF prevê, entre outras medidas, tratamento continuado para pessoas com risco de morte

Por Suzano Almeida, da Agência Brasília

Problemas emocionais, depressão, consumo de álcool, situações de abuso, violência, perdas significativas e aspectos sociais e culturais são alguns dos fatores que podem induzir ao suicídio. Diante do aumento do número de pessoas que tiraram a própria vida nos últimos quatro anos, o Distrito Federal se tornou a primeira unidade da Federação a pôr em prática a prevenção do suicídio. O GDF, por meio da Secretaria de Saúde (SES), publicou nesta quinta-feira (13), no Diário Oficial do DF (DODF), a Portaria nº 184, de 12 de setembro de 2012, que institui a Política Distrital de Prevenção do Suicídio.

A coordenadora do Núcleo de Prevenção do Suicídio da SES, Beatriz Montenegro, explica que as taxas de mortalidade causadas por suicídio no DF não são altas, mas vêm crescendo nos últimos anos. Entre 2007 e 2010, o índice de pessoas que cometeram suicídio passou de 4,2 a 5,8 por 100 mil habitantes. Ela alerta ainda que nem todas as vítimas fazem parte desses números e que, para ajudar na prevenção, as estatísticas devem ser mais rígidas.

Segundo Beatriz, em 90% dos casos consumados, o suicida passou por problemas emocionais somados à depressão e ao consumo de substâncias como álcool. Ela afirma que é importante identificar com antecedência indícios em indivíduos com tendências suicidas e que as pessoas próximas são fundamentais para isso. “Às vezes, a família não nota que o parente precisa de ajuda, e quando percebe, ele já está próximo de cometer o suicídio.”

Isolamento e cansaço emocional, que inclui o sentimento de desistência e a falta de esperança, são alguns dos sintomas apresentados pelas pessoas com propensão a tirar a própria vida. “Para ajudar quem está nessa situação, é necessário, primeiro, nos aproximarmos dela. Depois, procuramos sensibilizá-la para que busque tratamento em um CAPs ou, em casos extremos, peça ajuda a instituições como o Samu [Serviço de Atendimento Médico de Urgência]”, explica Beatriz Montenegro.

Medidas – As diretrizes estabelecerão iniciativas intersetoriais nas áreas de Saúde, Educação, Trabalho, Justiça, Assistência Social e Direitos Humanos, entre outras, que ajudarão na prevenção desse tipo de morte. Com isso, o GDF pretende atender, em todas as instâncias, pessoas com esse perfil. A política prevê o tratamento contínuo do paciente, já que aqueles que tentaram o suicídio estão propensos a reincidir.

Entre as medidas de prevenção estão: identificação precoce de risco, com auxílio dos Centros de Assistência Psicossocial (CAPs), escolas, familiares e colegas de trabalho; dificultar acesso a armas; atendimento integral a pessoas com sofrimento psíquico; e formação de profissionais que auxiliarão no atendimento, em todas as instâncias, enquanto for necessário o acompanhamento ao paciente.

As sequelas de uma tentativa mal sucedida também podem motivar reincidências, principalmente nos casos de fraturas, cicatrizes e queimaduras, por provocarem lembranças dos motivos que levaram àquela situação.