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20/11/2012 às 21:06
Shows, debates, exposições e desfiles de moda integram a programação da Semana da Consciência Negra, que segue até o próximo domingo (25)
O GDF abriu hoje as celebrações do Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado nesta terça-feira (20). Durante a solenidade de abertura da semana alusiva à data, realizada no Museu Nacional da República, o vice-governador, Tadeu Filippelli, e o secretário especial da Promoção da Igualdade Racial do DF, Viridiano Custódio de Brito, anunciaram três importantes políticas públicas de inclusão da população negra.
Ao ler o discurso do governador Agnelo Queiroz, Tadeu Filippelli citou a criação do Disque-Racismo, que começará a funcionar no início de 2013, e o mapeamento, no DF, das comunidades de terreiros de umbanda e candomblé, remanescentes dos quilombos. “É de extrema importância tornar Isso significa o reconhecimento da importância do combate ao preconceito, racismo e discriminação na agenda brasileira de redução das desigualdades”, destacou o vice-governador.
Representando Agnelo Queiroz, o vice-governador aproveitou a data para oficializar a nova gestão do secretário especial da Promoção da Igualdade Racial, empossado no dia 25 de outubro, Viridiano Custódio de Brito. “Ele vem reforçar a missão da secretaria de promover a igualdade racial com ações afirmativas que proporcionam o acesso da população negra, cigana, indígena e de outras etnias às políticas”, afirmou Filippelli.
O secretário destacou seu papel e o objetivo da pasta. “Queremos construir políticas que mobilizem outras secretarias de governo”, disse. “Nossa proposta é que, em um prazo bem curto, possamos diminuir a desigualdade ainda muito presente no DF”, completou.
20 de novembro – O Dia da Consciência Negra, adotado em 1995, é celebrado na data da morte de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra. Os negros brasileiros reverenciam Zumbi como o herói que lutou pela liberdade.
O chefe do Quilombo dos Palmares foi lembrado no evento de abertura da Semana da Consciência Negra. José Antônio Ventura, 61 anos, morador de Ceilândia e quilombola da Serra do Salitre, localizada em Patos de Minas (MG), não se esqueceu do dia da morte de Zumbi dos Palmares.
“O negro politizado vai longe. O que tem vida curta é o negro analfabeto, sem estudo, sem informação e jogado na sarjeta. Queremos que esse resgate com políticas públicas faça com que os negros sejam valorizados durante todo ano e não apenas em 20 de novembro”, declarou José Antônio.
Ainda na tarde de hoje (20), foi promovido o debate “O negro em Brasília e suas expectativas” e a apresentação do histórico do Movimento Negro em Brasília. Um palco montado no Museu Nacional da República trará, ainda, nesta terça (20) o desfile da beleza negra, além dos shows do Nós Negras, Coisa Nossa, Vanessa da Mata e Ellen Oléria (Veja quadro com programação completa).
Situação dos negros no DF – A Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) divulgou, nesta terça-feira (20), a pesquisa Perfil do Negro no DF – Escolaridade, Ocupação e Rendimento. A Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios do Distrito Federal – PDAD/DF 2011 apontou fortes desigualdades sociais com foco na questão racial.
Na população do Distrito Federal, estimada em 2.556.149 habitantes, a maioria é constituída por negros. Os não negros representam 46,0%, enquanto os negros representam 54%.
A pesquisa mostrou um padrão diferente quanto à moradia dos negros no Distrito Federal. Nas regiões de rendas mais altas, como o Lago Sul e o Lago Norte, 81% da população é formada por não negros, enquanto nas regiões de menor poder aquisitivo, como Estrutural, Varjão e Itapoã, a situação é inversa, 71% a 76% da população é negra.
No Distrito Federal, os dados da PDAD mostraram que a escolaridade dos não negros é maior em relação à dos negros. Verificou-se que, do total da população que possui nível superior completo (405.315), incluindo curso de especialização, mestrado e doutorado, 67,1% são pessoas não negras. Quando desagregados por região administrativa, observou-se o maior diferencial: Lago Sul 83,5%, Lago Norte 82,2% e Sudoeste/Octogonal 77,4%.
Em relação aos ensinos fundamental e médio, a situação se inverte: há muito mais pessoas negras com tais níveis de escolaridade em relação às não negras, salvo nas regiões de maior poder aquisitivo como Lago Sul, Lago Norte, Sudoeste/Octogonal, Park Way e Brasília.
Do total de negros (1.378.405) 4,4% são analfabetos, incluindo os que sabem apenas ler e escrever e os que possuem alfabetização de adulto, enquanto 9,7% possuem ensino superior completo. Nas regiões de maior poder aquisitivo, a população de raça negra possui grau de instrução elevado: a maioria possui ensino superior, como no Lago Norte (58,1%), Sudoeste/Octogonal (57,8%) e Lago Sul (51,5%). Por outro lado, nas regiões de menor poder aquisitivo predomina entre os negros o ensino fundamental incompleto, como na Estrutural (52,6%) e Itapoã (49,9%) (Tabela 2.1).
O estudo conclui que, ao analisar a situação entre negros e não negros sob a ótica da escolaridade, ocupação e rendimento, observa-se que, no Distrito Federal, os negros apresentam piores condições socioeconômicas.
Três perguntas para Viridiano Custódio de Brito – secretário especial da Promoção da Igualdade Racial
Qual é o principal objetivo das ações destacadas pelo vice-governador, Tadeu Filippelli, como o Disque-Racismo e o mapeamento das comunidades?
Queremos abrir um canal para as vítimas de injúria racial. Além disso, é muito importante valorizar a cultura negra e, a partir do mapeamento das comunidades de terreiros de umbanda e candomblé, definir políticas públicas específicas.
A longo prazo, existe algum programa sendo trabalho pelo GDF para promover ainda mais a inclusão dos negros?
Há uma articulação com a Secretaria de Educação para colocarmos em prática a Lei 10.639, que determina às escolas públicas e privadas ensinarem sobre a cultura dos negros e a história afro-brasileira a partir do ensino fundamental. Agora, estamos em processo de discussão com as escolas para colocar essas disciplinas em sala de aula. Além disso, queremos humanizar o tratamento dos negros nos hospitais e garantir melhor atendimento às doenças específicas da etnia, como a anemia falciforme.
Qual a importância de celebrar o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra?
O grande objetivo é abranger a discussão, para negros e não negros. Buscamos uma sociedade sem racismo, e para isso é preciso a participação de todos no debate. O GDF mostrou estar engajado na discussão, criando uma secretaria específica para trabalhar as políticas públicas do setor. E para as comemorações do Dia Nacional, os recursos já foram previstos no Diário Oficial do DF, na ordem dos R$ 470 mil.