27/11/2012 às 14:34

Secretaria da Criança lança gibi para combater preconceito contra soropositivos

Lançamento da revista ocorrerá em escola de Brazlândia

Por Secretaria da Criança

Igor e Vitória são as personagens soropositivas da Turma da Mônica que vão ajudar a Secretaria da Criança e a de Educação a combaterem, nas escolas públicas, a discriminação e o preconceito contra crianças e adolescentes portadoras do vírus HIV. A revista em quadrinhos intitulada Amiguinhos da Vida será lançada na escola modelo Centro de Educação Infantil 02, na Região Administrativa de Brazlândia, na próxima quinta-feira (29), às 10h.

“O projeto é uma forma de estimularmos a leitura e o diálogo entre professores, pais e filhos e, por intermédio da escola, combatermos a desinformação, o preconceito e a discriminação que ainda persistem no convívio social e escolar de crianças afetadas pela Aids”, afirma a secretária da Criança, Rejane Pitanga.

O projeto envolve desde a distribuição do gibi aos estudantes e a seus pais até a capacitação de coordenadores educacionais para que possam instruir o educador a usar o quadrinho de forma pedagógica a fim de evitar ou de corrigir situações de preconceito. A iniciativa é resultado de parceria da Secretaria da Criança com a Organização Não Governamental (ONG) Associação dos Amigos da Vida e a Embaixada da Austrália, com patrocínio da Petrobras e do governo federal e o apoio da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Na primeira etapa do projeto, a Secretaria da Criança usará a revista em quadrinhos como antídoto contra esse tipo de discriminação e preconceito em três regionais da Secretaria da Educação: Núcleo Bandeirante, Plano Piloto e Taguatinga. Em seguida, ampliará para toda a rede de educação pública do DF. Atualmente, segundo dados da Associação Amigos da Vida, há 280 crianças soropositivas na capital federal com registro no Sistema Público de Saúde, que adquiriram a doença por meio de transmissão vertical – ou seja, durante a gestação da mãe.

O foco da campanha será as crianças assistidas pela secretarias da Criança e de Educação. No lançamento, a ONG Associação Amigos da Vida apresentará vídeo com declarações da secretária Rejane Pitanga sobre o problema e sobre o gibi.

Linguagem e pedagogia – A revista não é para fazer a prevenção. Ela é um instrumento de combate ao preconceito e à discriminação. Tem uma linguagem que, apesar de ser voltada para a criança e o adolescente, atinge adultos. O conteúdo aborda eixos temáticos importantes, como, por exemplo, as formas de infecção da Aids, o que é o vírus, como conviver com crianças soropositivas e, o mais importante, o impacto social causado pela patologia.

Igor e Vitória são crianças saudáveis que levam uma vida normal, porém, são portadoras do vírus HIV. Na brincadeira, Igor se machuca numa queda e, a partir desse acidente, a revista trabalha o problema do preconceito e da discriminação e mostra que as crianças soropositivas podem brincar tranquilamente com crianças não infectadas sem riscos.

O quadrinho ensina que não é pelo fato de Igor ter caído, se machucado e do ferimento ter saído sangue que as crianças que brincam com ele estarão com a saúde em risco. “Com o soropositivo você pode dividir tudo, só não pode dividir sexo sem camisinha nem objetos perfurocortantes. O resto pode fazer tudo”, disse Cristiano.

Exemplo – No gibi, Mauricio de Sousa usa o exemplo do ex-jogador de basquete norte-americano, Magic Johnson, considerado o maior armador de todos os tempos do National Basketball Association (NBA). Ele criou a Fundação Magic Johnson, após encerrar a carreira precocemente, aos 43 anos, porque ninguém queria jogar com ele pelo fato de ser HIV positivo.

O cartunista Mauricio de Sousa avalia que o preconceito ainda existe e que é necessário focar na disseminação da informação o mais cedo possível. “Uma criança com HIV/Aids, por exemplo, não tem culpa de ter contraído o vírus e é vista com receio pelos próprios coleguinhas e seus pais. Por essa razão precisamos já promover sua inclusão junto aos seus colegas na escola. Serão adultos melhores”, diz o cartunista.