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12/06/2019 às 18:47, atualizado em 12/06/2019 às 21:10
Alunos de escola pública tiveram uma tarde cultural pela cidade
“Tio, ô tio! Aqui é o aeroporto, é?! E onde fica o Mané Garrincha? Dá pra ver o zoológico?”. A quantidade de perguntas foi disparada por um grupo de estudantes entusiasmados da Escola Classe Guariroba de Samambaia, diante de um mapa estilizado da cidade exposto na quadra modelo da 308 Sul. O passeio, por um dos lugares mais charmosos da cidade, foi motivado pelo projeto de educação patrimonial criado pelo professor da Secretaria de Educação do DF, Rinaldo Paceli, e apresentado pela primeira vez na Feira do Livro de Brasília. A valorização da cidade como patrimônio cultural está entre um dos temas explorados pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF este ano.
“Bolamos esse projeto pensando em mostrar Brasília de uma maneira diferente do turismo tradicional, fazer com que os participantes sintam a cidade durante o passeio. Tanto que o programa inicialmente era chamado de ‘Sentir Brasília’”, destaca Pacelli, que dá aulas de história no Centro de Ensino Fundamental 10 de Taguatinga. “A ideia é mostrar para os alunos porque a cidade virou patrimônio cultural e porque ela é tombada”, explica o educador, desde 2006 com a atividade na ativa.
A experiência mexeu com os alunos, à revelia da pouca idade e conhecimento sobre o assunto. Tudo foi novidade, um mundo de descobertas que fizeram os olhinhos dos pequenos brilharem e a imaginação voar. “Ih, olha lá a parede daquela igreja!”, disse Wendel Cabral, 9 anos, deslumbrado com o azul lírico dos azulejos de Athos Bulcão na fachada de um dos espaços mais carismáticos desenhado pelo arquiteto Oscar Niemeyer – a igrejinha da 308 Sul. “Eles estão amando, viajando no passeio”, observou a professora Yasmim Resende. “Como são alunos da área rural, diversão como essas acontecem raramente, para muitos é a primeira experiência deste tipo”, conta a mestre, há um ano lecionado na escola de Samambaia.
Diversão cultural
O roteiro cultural teve início na Feira do Livro de Brasília, a primeira parada dessa jornada do saber e da diversão cultural. Lá, as duas turmas do 3º ano passearam por entre estantes abarrotadas de livros e brinquedos lúdicos. Brincaram e interagiram com o show de contação de história da dupla Cláudia e Cláudio e as narrativas dos contos: “O Bem Te Vi e o Sabiá” e “O Grãozinho de Areia”. Ganharam livros com temática religiosa e gibis da Turma da Mônica.
“A gente até tem biblioteca, um sistema de empréstimo de livros, mas até pela faixa etária, eles não têm muito o hábito da leitura, nem tanto acesso assim à literatura como deveria ter. Então essa é uma experiência única para eles”, destacou o coordenador pedagógico da instituição, Danilo Simões.
Mas a aventura maior mesmo aconteceu pelas calçadas, gramados, ruas e prédios da 308 Sul, espaço que sintetiz, com todas as suas particularidades e encanto, o projeto ousado de Lucio Costa. Logo ao desembarcarem na calçada diante da igrejinha, um susto. Ou melhor, uma cena angelical. “Nossa, tem uma noiva bem ali”, se encantou a pequena Sophia Yasmim, 9 anos, despertando atenção de toda turma diante de uma cena corriqueira entre os noivos da cidade, que disputam vaga para se casar ali.
Antes de uma visita bucólica ao laguinho idealizado pelo paisagista Roberto Burle Marx, tombado como Patrimônio Cultural Histórico do DF, com suas carpas e espelho cativante, uma algazarra geral no tradicional parque de diversões. Animado pelo retorno da garotada, o professor Pacelli defendeu cada vez mais aulas culturais como essa no dia a dia das escolas. “Na rede de ensino do DF até tem muitas iniciativas sobre o tema, mas são ações localizadas, o ideal seria ter maior integração entre as escolas”, avalia.