12/01/2014 às 13:51

Brazlândia terá ensino integral a partir deste ano

A decisão beneficia 13 mil alunos, que ficarão na escola durante sete horas diárias

Por Da Redação


. Foto: Pedro Ventura / Arquivo

BRAZLÂNDIA (12/1/14) – Localizada a 53 km do Plano Piloto e com 74 mil habitantes, sendo 30 mil na zona rural, Brazlândia será palco de uma transformação social este ano: 13 mil alunos passarão a ficar sete horas diárias na escola. Isso é resultado da implantação do ensino integral, que será universalizado para as 15 escolas urbanas da região.
 

A primeira etapa da adoção do ensino integral abrangerá todas as escolas localizadas na área urbana da cidade. Durante sete horas, os jovens participarão das atividades que envolvem o ensino de disciplinas como português, matemática e ciências e a prática de atividades extracurriculares, dentro e fora dos muros da escola, a exemplo de natação, línguas e práticas esportivas.
 

Para a coordenadora da regional de ensino de Brazlândia, Márcia Gilda Moreira Cosme, a adoção do tempo integral na cidade será muito grande, pois os estudantes poderão ter contato com atividades diferenciadas que possibilitem o desenvolvimento de suas potencialidades: “É uma oportunidade única para nossas crianças e jovens, porque nós estamos na periferia de Brasília, então temos muita dificuldade de acesso à cultura, aos esportes e a todas as questões que permeiam a formação de um aluno, de uma criança, de um estudante, de um cidadão”, explicou.
 

Até o ano passado, duas escolas já adotavam essa metodologia. O Centro de Atenção Integral à Criança (Caic) e o Centro de Educação Infantil nº 2 – localizados na zona urbana – ofereciam uma jornada de 10 horas de estudo. No total, elas atendem 523 crianças e jovens e funcionam em dois turnos: das 7h30 às 14h30 e das 10h30 às 17h30. A escola Bucanhão, na área rural, que também é de ensino integral, atende 43 crianças.
 

As instituições oferecem atividades do eixo comum e atividades complementares desenvolvidas dentro da escola e em outros espaços como, por exemplo, o centro olímpico da cidade.
 

O Centro de Educação Infantil nº 2, segundo Márcia, é um ótimo exemplo de como funciona a educação integral. Ela ressaltou que um dos maiores benefícios do maior número de atividades escolares diárias é a possibilidade de os estudantes terem acesso a atividades complementares que, muitas vezes, a família não tem condições de oferecer. “Dentro do ambiente escolar, essa criança tem essa possibilidade. A escola é facilitadora desse processo que inclui esportes, cultura, idiomas”, acrescentou a coordenadora da regional de ensino de Brazlândia.
 

APROVAÇÃO – Andreza Rocha é moradora de Brazlândia, mãe de três crianças e professora. Andrya e André, seus filhos de 7 e 5 anos, respectivamente, estudam no Caic, onde cursam o 2º ano, antiga 1ª série, e o 1º ano.
 

Ela conta que teve a oportunidade de matricular a filha em uma instituição particular. “Mas não troquei de escola por causa da educação integral, que proporciona um grande desenvolvimento em termos de esporte e recreação”, afirmou a mãe. Andreza é uma defensora do ensino integral. “Se a Andrya estivesse em casa com uma babá, ela só ficaria em frente da TV e não teria um crescimento com qualidade. Falo para outras mães que a educação integral não significa que você vai se livrar do seu filho, mas é uma maneira de oferecer qualidade de tempo para o seu filho”, destacou.
 

Lucas Pereira, 11 anos, cursa o 5 º ano do Ensino Fundamental, antiga 4ª série, no Caic. Animado, ele defende a escola: “Não saio daqui por nada. Aqui a gente tem muita coisa. Temos várias refeições. Sou feliz aqui. Nunca vi uma escola como essa.”, declarou o menino, que também estuda espanhol. Outras crianças também afirmaram com alegria que têm muita satisfação em estudar no Caic de Brazlândia.
 

Irialdo Gonçalves é coordenador da educação integral no Caic. Segundo ele, antes de as crianças começarem a estudar no período integral, ela ficavam muito ociosas em casa no período vespertino. “No começo foi difícil eles se adaptarem. Mas agora, as crianças amam. Elas têm quatro refeições por dia aqui e fazem atividades a que antes não tinham acesso”, relatou o coordenador.
 

CDES-DF – A decisão de adotar o ensino integral em Brazlândia foi anunciada em outubro de 2013 pelo secretário de Educação, Marcelo Aguiar, durante reunião do Grupo de Trabalho de Educação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Distrito Federal (CDES-DF). A meta integra o Pacto pela Educação Integral – decisão construída pelos conselheiros que compõem esse GT, ao longo de cinco reuniões realizadas no último ano e capitaneadas pelo governador Agnelo Queiroz. Para acompanhar o andamento dessa transformação, o conselho montará uma rede de observação para monitorar, juntamente com a Secretaria de Educação, a efetivação e implantação do Pacto.
 

De acordo com dados da Secretaria de Educação do Distrito Federal, das 657 escolas da rede pública do Distrito Federal, 273 possuem algum tipo de atendimento com ampliação de jornada, o que significa que 36.695 alunos são contemplados com a extensão do horário escolar. 72 escolas oferecem atendimentos durante 10 horas por dia, e 104 unidades de ensino têm atividades todos os dias da semana.
 

Brazlândia foi escolhida por ser um território de alta vulnerabilidade social, segundo dados de 2010 do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apresentados pela Secretaria de Educação do DF, e também por ter 70% dos seus professores residindo na cidade.
 

MOBILIZAÇÃO – A ideia de universalizar o ensino integral na cidade tem mobilizado os moradores. Para isso, reuniões sazonais têm sido realizadas com lideranças locais para identificar de que maneira a sociedade pode colaborar.
 

De acordo com a coordenadora regional de ensino de Brazlândia, a cidade está bastante mobilizada com o projeto de tornar a cidade-polo do ensino integral no DF. “Estamos reunindo lideranças da cidade para sensibilizá-las. Vamos trabalhar de forma intersetorial para que a comunidade seja integrada”. Ela citou o exemplo do Batalhão do Corpo de Bombeiros, que possui um campo e uma piscina que poderiam ser usados pelas crianças.
 

(T.V*)