Imagens do Arquivo Público serão disponibilizadas em portal na internet em três línguas

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27/01/2014 às 12:18, atualizado em 12/05/2016 às 17:53

Profissionais com deficiência ajudam a criar a Biblioteca Digital do DF

Imagens do Arquivo Público serão disponibilizadas em portal na internet em três línguas

Por Vaneska Freire, da Agência Brasília


. Foto: Brito

 BRASÍLIA (27/1/14) – Em um ambiente descontraído, 120 profissionais com deficiências variadas trabalham para digitalizar os documentos da construção e da história de Brasília. Surdos, cegos e cadeirantes se esforçam diariamente para democratizar o acesso a esses arquivos, tombados como patrimônio histórico e cultural da humanidade.

 

A ideia é disponibilizar tudo em português, inglês e espanhol em um portal na internet . O lançamento deve acontecer ainda no primeiro semestre deste ano.

 

O serviço começou em novembro do ano passado e já digitalizou mais de 48 mil documentos, incluindo registros, fotos e reportagens da época da construção da capital federal. A previsão é que até o fim do ano todos os 6 milhões de documentos do Arquivo Público do DF sejam digitalizados.

 

“O governador determinou que criássemos a Biblioteca Digital do DF. Para isso, fizemos uma parceria entre o Arquivo Público do DF e a Secretaria de Ciência e Tecnologia com a Fundação de Apoio à Pesquisa (FAP)”, explicou o superintendente do Arquivo Público do DF, Gustavo Chauvet, à Agência Brasília.

 

“Para realizar o serviço contratamos uma Organização não Governamental que trabalha somente com pessoas com deficiência. É uma oportunidade de gerar emprego e renda para essas pessoas”, ressaltou o coordenador do Arquivo Histórico do Arquivo Público, Wilson Vieira Junior.

 

Um exemplo de superação é o do deficiente visual Marcos Santos, de 31 anos. Formado em educação física, busca tempo entre as aulas de natação, no Centro Olímpico de Santa Maria, e as de Goalball – esporte criado durante a 2° Guerra Mundial para deficientes físicos – para trabalhar no Arquivo.

 

“Nasci com conjuntivite crônica e comecei a perder a visão aos 12 anos. Hoje enxergo apenas 35%. Isso não me impediu de estudar e trabalhar. Dou aulas de manhã e depois venho para o Arquivo. É uma experiência nova. Sempre trabalhei com educação física, está sendo legal porque eu estou dando conta de fazer o serviço”, declarou Marcos Santos.

 

A deficiente auditiva Kemilly Lima, 21 anos, se encanta ao digitalizar as imagens do período de criação de Brasília. “As fotos são muito engraçadas, achei lindo o uniforme das meninas que usavam blusa e sainha. As roupas daquela época são muito diferentes”, avaliou.

 

“A maioria desses arquivos vai ajudar os estudantes, pois tem muito assunto interessante sobre a nossa história. Ao mesmo tempo em que estamos trabalhando, estamos adquirindo conhecimento”, declarou o cadeirante Sérgio Bandeira, 46 anos.

 

Sérgio, que ficou sem o movimento das pernas após levar um tiro aos 16 anos, planeja o que vai fazer com o dinheiro que recebe pelo trabalho no Arquivo. “Meu objetivo agora é juntar o salário daqui e dar entrada em um carro adaptado”, afirmou.

 

Vanusa Francisca de Lima, 36 anos, e Alice Almeida, 45 anos, afirmam que essa atividade lhes proporciona independência. “Moro sozinha, minha família mora em Formosa. Com o salário eu me mantenho e ainda ajudo a minha família”, ressaltou Alice Almeida.

 

Segundo a gerente do projeto da Associação de Centro de Treinamento de Educação Física Especial (Cetefe), Andréa Vieira, o serviço passa por várias fases antes de chegar à página do computador.

 

“Primeiro os arquivos são higienizados. Depois os documentos são organizados, identificados e recebem uma ficha para a indexação. Em seguida vão para a digitalização e, após serem conferidos, voltam para o Arquivo”, explicou a gerente.

 

A equipe de profissionais já teve experiência com os serviços realizados em outros órgãos, como o Superior Tribunal de Justiça, Anvisa, Tribunal Superior do Trabalho, na Justiça Federal e no Tribunal Regional Federal.

 

(V.F/J.S*)