01/12/2019 às 00:16, atualizado em 02/12/2019 às 09:34

Conheça todos os ganhadores do Troféu Candango 

A obra ‘A febre’, de Maya Da-Rin, garantiu cinco prêmios. O filme brasiliense ‘O tempo que resta’, de Thaís Borges, foi o preferido do júri popular

Por Agência Brasília *

A 52º edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro se encerrou neste sábado (30) elogiado pela crítica e pelos milhares de espectadores que lotaram o Cine Brasília e encheram as oficinas de arte e de negócios. O filme A febre (RJ), de Maya Da-Rin, faturou os prêmios de melhor filme, direção, ator, fotografia e som da 52º edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O brasiliense O tempo que resta, de Thaís Borges, foio favorito do júri popular. Entre os curtas, (SP) foi considerado o melhor pelo júri técnico; Carne (SP), para os espectadores, foi o mais bem-avaliado. 

O tempo que resta | Foto: Divulgação

No geral, o 52º FBCB mostrou a que veio: 792 filmes inscritos e 111 selecionados para as 13 mostras que o compuseram. Na noite deste sábado (30), depois de nove dias de exibições nas telas do Cine Brasília e de outras três regiões administrativas, chegou o momento mais esperado: a entrega do prestigiado Troféu Candango. 

A febre (RJ), dirigido por Maya Da-Rin, impressionou pela quantidade de reconhecimento oficial: melhor longa-metragem (júri técnico), direção, ator (Régis Myrupu), fotografia (Bárbara Alvarez) e som (Felippe Schultz Mussel, Breno Furtado, Emmanuel Croset).

Para os espectadores, o brasiliense O tempo que resta, de Thaís Borges, foi eleito pelo público o melhor longa da Mostra Competitiva.

Índio vigilante
A febre narra a história de Justino (Régis Myrupu), um indígena do povo Desana que trabalha como vigilante em um porto de cargas de Manaus. Desde a morte da esposa, sua principal companhia é a filha Vanessa, que se prepara para estudar Medicina em Brasília. Justino, então, é tomado por uma febre misteriosa. Durante a noite, uma criatura misteriosa segue seus passos. De o dia, ele luta para se manter acordado no trabalho.

Dirigido por Gil Baroni, Alice Júnior (PR) foi o segundo maior ganhador desta edição do Festival de Brasília, com quatro Candangos: melhor atriz (Anne Celestino), atriz coadjuvante (Thais Schier), trilha sonora (Vinicius Nisi) e montagem (Pedro Giongo). 

O filme mostra a vida de Alice Júnior (Anne Celestino), uma youtuber trans cercada de liberdades e mimos. Depois de se mudar com o pai para uma pequena cidade onde a escola parece ter parado no tempo, a jovem precisa sobreviver ao ensino médio e ao preconceito para conquistar seu maior desejo: dar o primeiro beijo.

Na categoria curta-metragem, o merecedor do Troféu Candango de melhor filme, segundo o júri técnico, foi (SP), dirigido por Ana Flávia Cavalcanti e Julia Zakia. Já a animação Carne (SP), de Camila Kater, foi o preferido do público. Alfazema (RJ), de Sabrina Fidalgo, levou o prêmio de melhor direção. 

Mostra Brasília BRB
Exclusiva para filmes feitos no Distrito Federal, a Mostra Brasília BRB também revelou seus vencedores na noite deste sábado, no Cine Brasília. E o longa Dulcina, de Glória Teixeira, foi o melhor longa-metragem tanto para o júri técnico quanto para o popular. O mesmo ocorreu entre os curtas, com Escola sem sentido, de Thiago Foresti, conquistando a preferência de público e especialistas.

Dulcina é um documentário que retrata vida e obra da atriz e diretora de teatro Dulcina de Moraes por meio de depoimentos, imagens de arquivo e reconstituições. O longa também conquistou os prêmios de melhor atriz (Bidô Galvão, Carmem Moretzsohn, Iara Pietricovsky, Theresa Amayo, Glória Teixeira e Françoise Fourton) e direção de arte (Úrsula Ramos e Demétrius Pina).

Festival em números
A 52a edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro foi marcada pelo comprometimento do Governo do Distrito Federal com a valorização do audiovisual, que investiu R$ 3,3 milhões para realização do evento. O Banco de Brasília (BRB) foi o maior patrocinador da festa – assumiu, por exemplo, a Mostra Brasilia BRB, que premia as produções realizadas no DF.

Os impactos do Festival de Brasília vão além da promoção e difusão do cinema nacional: são 7,5 mil empregos diretos e indiretos gerados em todas as atividades que este ano percorreram nove Regiões Administrativas. As oficinas oferecidas capacitaram 122 pessoas em diversas áreas do audiovisual.

Foto: Paula Carrubba/Divulgação

Outro destaque ficou por conta do 3º Ambiente de Mercado, que proporcionou trocas de 216 empreendedores em 39 atividades. Durante três dias, 29 players nacionais e internacionais se reuniram com realizadores em reuniões, pitchings e palestras. Ao todo, foram 89 projetos selecionados, 218 reuniões em um expectativa de negócios de R$ 55,8 milhões.


E os vencedores foram…

Mostra Competitiva – Longa-metragem

MELHOR SOM

A febre, filme de Maya Da-Rin

Equipe de Som: Felippe Schultz Mussel, Breno Furtado, Emmanuel Croset

MELHOR TRILHA SONORA

Alice Júnior, filme de Gil Baroni
T
rilha sonora de Vinicius Nisi

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

Piedade, de Cláudio Assis | Foto: Divulgação

Piedade, de Cláudio Assis

Direção de Arte: Carla Sarmento

MELHOR MONTAGEM

Alice Júnior, filme de Gil Baroni

Montagem: Pedro Giongo

MELHOR FOTOGRAFIA

A febre, filme de Maya Da-Rin

Direção de Fotografia: Bárbara Alvarez

MELHOR ROTEIRO

O tempo que resta, filme de Thaís Borges

Roteiro: Thaís Borges

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Piedade, de Claudio Assis

Ator coadjuvante: Cauã Reymond

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Alice Júnior, filme de Gil Baroni

Atriz coadjuvante: Thais Schier

MELHOR ATOR

A febre, direção de Maya Da-Rin

Melhor ator: Régis Myrupu

MELHOR ATRIZ

Alice Júnior, direção de Gil Baroni

Melhor Atriz: Anne Celestino

MELHOR DIREÇÃO – LONGA METRAGEM

A febre, direção de Maya Da-Rin

Filme A Febre – Foto: Divulgação

MELHOR LONGA METRAGEM – JÚRI POPULAR

O tempo que resta, filme de Thaís Borges

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI – LONGA-METRAGEM

Cláudio Assis, pelo filme Piedade

MELHOR LONGA METRAGEM – MOSTRA COMPETITIVA (PRÊMIO TÉCNICO DOT CINE)

A febre, filme de Maya Da-Rin

PRÊMIO SARUÊ – CORREIO BRAZILIENSE

Escola sem sentido, filme de Thiago Foresti

PRÊMIO ABRACCINE – MELHOR FILME LONGA METRAGEM COMPETITIVA

O tempo que resta, filme de Thaís Borges

Mostra competitiva – Curta-metragem

MELHOR SOM

A nave de Mané Socó, filme Severino Dadá

Som: Guma Farias e Bernardo Gebara

MELHOR TRILHA SONORA

Alfazema, filme de Sabrina Fidalgo

Trilha sonora: Vivian Caccuri

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

Parabéns a você, filme de Andreia Kaláboa

Direção de arte: Isabelle Bittencourt

MELHOR MONTAGEM

A nave de Mané Socó, filme Severino Dadá

Montagem: André Sampaio

MELHOR FOTOGRAFIA

Parabéns a você, filme de Andreia Kaláboa

Direção de Fotografia: João Castelo Branco

MELHOR ROTEIRO

A Carne, de Camila Kater

Roteiro: Camila Kater e Ana Julia Carvalheiro

MELHOR ATOR

A nave de Mané Socó, filme Severino Dadá

Melhor ator: Severino Dadá

MELHOR ATRIZ 

Angela, filme de Marilia Nogueira

Melhor atriz: Teuda Bara

MELHOR CURTA METRAGEM JÚRI POPULAR – MOSTRA COMPETITIVA (PRÊMIO TÉCNICO EDINA FUJII CIARIO)

A carne, filme de Camila Kater

MELHOR CURTA METRAGEM – MOSTRA COMPETITIVA (PRÊMIO TÉCNICO DOT CINE E CINEMATICA)

, de Júlia Zakia e Ana Flavia Cavalcanti 

PRÊMIO MARCO ANTÔNIO GUIMARÃES

Chico Mendes, um Legado a Defender, de João Inácio 

PRÊMIO CANAL BRASIL DE CURTAS – MELHOR FILME CURTA METRAGEM COMPETITIVA

Sangro, de Tiago Minamisawa e Bruno H. Castro. Co-direção de Guto BR

PRÊMIO ABRACCINE – MELHOR FILME CURTA METRAGEM COMPETITIVA

A Carne, de Camila Kater

Mostra Brasília BRB

MELHOR DIREÇÃO

Mãe, filme de Adriana Vasconcelos

MELHOR CURTA METRAGEM JÚRI POPULAR

Escola sem sentido, filme de Thiago Foresti

MELHOR LONGA METRAGEM JURI POPULAR

Dulcina, filme de Glória Teixeira

MELHOR CURTA METRAGEM – MOSTRA BRASÍLIA (PRÊMIO TECNICO EDINA FUJII CIARIO)

Escola sem sentido, filme de Thiago Foresti

MELHOR LONGA METRAGEM– MOSTRA BRASÍLIA (PRÊMIO TECNICO EDINA FUJII CIARIO)

Dulcina, filme de Glória Teixeira

MELHOR DIREÇÃO CURTA METRAGEM – MOSTRA COMPETITIVA

Alfazema, filme e direção de Sabrina Fidalgo,

MELHOR EDIÇÃO DE SOM

Mito e música – a mensagem de Fernando Pessoa, filme de André Luiz Oliveira e Rama Oliveira

Edição de Som: Laurent Mis

MELHOR TRILHA SONORA

Mito e música a mensagem de Fernando Pessoa, filme de André Luiz Oliveira e Rama Oliveira

Trilha de: André Luiz Oliveira

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

Dulcina, filme de Glória Teixeira

Direção de arte: Ursula Ramos e Demétrios Pina

MELHOR MONTAGEM

Ainda temos a imensidão da noite, filme de Gustavo Galvão

Montagem: Marcius Barbieri

Gustavo Galvão – Foto: Divulgação

MELHOR FOTOGRAFIA

Ainda temos a imensidão da noite, filme de Gustavo Galvão

Direção de fotografia: André Carvalheira

MELHOR ROTEIRO

Mito e música a mensagem de Fernando Pessoa, filme de André Luiz Oliveira e Rama de Oliveira

Roteiro: Rama de Oliveira

MELHOR ATOR

Escola sem sentido, filme de Thiago Foresti 

Ator: Wellington Abreu

MELHOR ATRIZ

Dulcina, filme de Glória Teixeira

Atrizes: Bidô Galvão, Carmem Moretzsohn, Iara Pietricovsky, Theresa Amayo, Glória Teixeira e Françoise Fourton.


Conheça o júri

Mostra competitiva – Longas-metragens

Cacá Diegues foi o presidente do júri de longas-metragens do 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Um dos grandes nomes do cinema brasileiro de todos os tempos, sua filmografia consegue o raro feito de ser ao mesmo tempo popular e de empenho artístico, reflexivo e de encantamento.

Cacá Diegues | Foto: Foto: Mayangdi Inzaulgarat/Divulgação

Um dos fundadores do Cinema Novo, dirigiu filmes de grande popularidade, como Xica da Silva e Bye bye Brasil. Participou e foi premiado em festivais como Cannes, Veneza, Berlim, entre outros, o que o tornou um dos cineastas latino-americanos mais conhecidos e respeitados no mundo.

Bianca De Felippes é produtora e distribuidora de cinema e produziu mais de 150 peças. É fundadora da Associação dos Produtores de Teatro. Foi sócia da Copacabana Filmes e está na Gávea Filmes desde 2008. Entre outros, produziu Carlota Joaquina, a Princesa do Brazil, ícone da retomada do cinema brasileiro e Faroeste caboclo, e prepara o lançamento do longa Eduardo e Mônica.

Artur Xexéo, 68 anos, é jornalista, dramaturgo, roteirista e escritor carioca. Mantém uma coluna semanal no jornal O Globo e é comentarista da GloboNews e da CBN. Autor de musicais e roteirista de séries de TV. Assina os livros O torcedor acidental, Janete Clair – A usineira dos sonhos e Hebe – A biografia.

Carmen Luz é realizadora audiovisual, mestre em arte e cultura Contemporânea pela Uerj pesquisadora, pós-graduada em Cinema-Documentário pela Fundação Getulio Vargas e professora na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Integra comitês de seleção de eventos de cinema. Seus filmes foram exibidos em festivais no Brasil e no exterior.

Jimi Figueiredo é diretor e roteirista. Seus curtas Superfície, Paralelas e Verdadeiro ou falso participaram de importantes festivais no Brasil e no exterior. Realizou os longas Cru (2011), Jogo da memória (2014) e Malícia (2016). Atualmente, dirige a minissérie Histórias do Brasil e finaliza o longa-metragem Noctiluzes.

Pablo Villaça atua como crítico de cinema desde 1994. Em 1997, criou o Cinema em Cena, mais antigo site do gênero da web brasileira. Roteirizou e dirigiu dois curtas-metragens e é autor dos livros O cinema além das montanhas e Os filmes da sua vida têm muito mais para contar, além de colaborações em três livros da Abraccine.

Bruna Linzmeyer é atriz. Atuou em dez longas-metragens, quatro curtas, sete novelas e duas séries de TV. Entre as diretoras e diretores com quem trabalhou, estão Anita Rocha da Silveira, Daniela Thomas, Carlos Diegues e Neville D’Almeida.


Mostra competitiva – Curtas-metragens

Lorenna Montenegro é crítica de cinema, roteirista, jornalista cultural e produtora de conteúdo, com mais de 15 anos de atuação na área. Cursou produção audiovisual na PUC-RS. É membro do Elvira, coletivo de mulheres críticas de cinema, e da Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA). Ministra oficinas e cursos sobre crítica, história e estética do cinema, além de participar como júri e palestrante de festivais.

Takumã Kuikuro é cineasta, coordenador do Coletivo Kuikuro de Cinema e presidente da Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu. Codirigiu o longa-metragem As Hiper Mulheres (2011), premiado nos festivais de Gramado e Brasília, além de vários curtas e médias-metragens, como O dia em que a Lua menstruou (2004), O cheiro de pequi (2006), Karioka (2015), Londres como uma aldeia (2016) e Xandoca (2019). É formado em edição pela Fundação Darcy Ribeiro. Realiza oficinas de audiovisual entre povos indígenas da Amazônia.

Carlos del Pino é uruguaio, realizador cinematográfico formado pela Escuela Superior de Cine de Santa Fé, Argentina, país onde começou sua atuação no audiovisual. No Brasil, trabalhou com Cacá Diegues e quase todos os diretores do Cinema Novo. Fez filmes de ficção e documentário. Atualmente, está finalizando a adaptação da ópera Olga Benário Prestes, do maestro Jorge Antunes e inspirada no livro Olga Benário, de Ruth Werner.

André Dib é jornalista, pesquisador, curador e crítico de cinema. Tem textos publicados em diversos jornais, revistas, sites, catálogos e livros, tais como o recém-lançado Trajetória da crítica de cinema no Brasil. Membro da diretoria da Associação Brasileira dos Críticos de Cinema (Abraccine 2013-17). Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal da Paraíba.

Primeira mulher a dirigir a fotografia de um longa no Brasil, Kátia Coelho recebeu mais de 30 prêmios nacionais e internacionais. Com Tônica dominante, ganhou o Kodak Vision Award – Women in Film, Los Angeles, e o APCA. Fotografou A Via Láctea, de Lina Chamie, representante do Brasil em Cannes. Foi professora de Cinematografia na USP. Fez a produção executiva de Terra de ciganos, de Naji Sidki, e de Dulcina, de Glória Teixeira. Fotografou Diário de viagem, em finalização, de Paula Kim.


Veja fotos do 52º FBCB aqui