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15/02/2020 às 11:00, atualizado em 16/02/2020 às 11:33
Com orientação e acompanhamento da empresa, sistema permite um retorno financeiro no prazo médio de cinco anos
Com orientação da Emater-DF, dez produtores do Lago Oeste estão em processo de implantação de energia fotovoltaica em suas propriedades. O especialista de políticas públicas em Meio Ambiente da diretoria-executiva da empresa, Tupac Borges Petrillo, indica essa alternativa para produtores que querem diminuir custos ao longo do tempo ou solucionar problemas de falta de energia elétrica em locais mais isolados.
Antes da instalação dos módulos fotovoltaicos, o produtor Sérgio Jum, que trabalha com aquaponia – criação de peixes aliada à a produção agrícola em um mesmo espaço –, registrava consumo de aproximadamente 700 kwh por mês. Atualmente, ele produz 2 mil kwh, disponibilizados na rede da CEB.
“Minha atividade necessita de muita energia elétrica, porque as bombas utilizadas nos tanques não podem parar, senão perco a produção”, conta. O custo total para implantação do sistema foi de R$ 50 mil. “A estimativa é que em quatro anos e meio o investimento seja pago.”
A proposta integra o Plano Estratégico do Governo do Distrito Federal no âmbito da sustentabilidade, usando a luz solar como fonte de energia limpa e renovável.
Compra conjunta
Para conseguir preços um pouco melhores com os fornecedores, Sérgio Jum e os outros agricultores interessados se reuniram e conseguiram fazer uma compra conjunta dos equipamentos. “O preço saiu um pouco melhor do que se cada um negociasse individualmente”, conta ele.
Agricultores interessados no sistema podem procurar a Emater para buscar informações, tirar dúvidas e ainda dimensionar projetos de energia solar fotovoltaica para diminuir custos de produção.
“A Emater-DF faz uma modelagem para o produtor e, dependendo da quantidade de energia gasta na propriedade, dizemos se é viável ou não a instalação”, explica Tupac Petrilo. “Normalmente, quando se gasta mais de R$ 500 por mês na fatura, vale a pena pensar na energia fotovoltaica.”
Custo variável
Petrillo ressalta que o custo de implantação do sistema de energia fotovoltaica pode variar de R$ 18 mil a R$ 60 mil, dependendo de cada modelagem e das necessidades do produtor. “O retorno financeiro chega, em média, com cinco anos de uso do sistema, que tem uma vida útil de aproximadamente 25 anos”, explica.
[Numeralha titulo_grande=”25 anos” texto=”Tempo aproximado de vida útil do sistema fotovoltaico” esquerda_direita_centro=”direita”]
O sistema para geração de energia elétrica a partir da radiação solar é formado basicamente por placas fotovoltaicas e por um inversor. A partir do momento em que a energia elétrica é produzida nos painéis, é armazenada em baterias (off-grid) ou injetada diretamente na rede elétrica convencional (on-grid). Esta última gera crédito e abatimento na conta junto à CEB.
“Caso seja produzida energia excedente, os créditos podem ser utilizados em outro imóvel que o produtor tenha cadastrado na CEB, e o prazo para uso do crédito é de seis meses”, informa Petrillo.
Como obter financiamento
No DF, o Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR) é uma boa alternativa de financiamento de projetos. A gerente da Emater-DF no Lago Oeste, Roseli Garcia, conta que dois produtores locais conseguiram financiamento para a compra maquinário por meio do FDR, que oferece taxa anual de juros de 2,25% ao ano, se as parcelas forem pagas em dia.
“A Emater auxilia desde a elaboração da modelagem do sistema até na elaboração do projeto de crédito”, explica Roseli. Também é possível encontrar linhas de financiamento na Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco do Nordeste e BNDES.
“Gastamos muita energia com as bombas para puxar água e também para irrigação”, relata a produtora de morango Neli Chist, que acessou o FDR. “Acredito que teremos uma boa economia”.
Após elaboração pela Emater-DF, o projeto de crédito para aquisição do FDR é encaminhado à Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural (Seagri). É possível financiar até R$ 150 mil, que podem ser pagos em dez anos.
[Numeralha titulo_grande=”R$ 150 mil” texto=”Teto para o financiamento, que pode ser pago em até dez anos” esquerda_direita_centro=”direita”]
Em 2019, foram aprovados oito financiamentos para esse tipo de investimento. “Para o FDR ser liberado, o projeto deve ser aprovado pela Câmara Técnica”, orienta o diretor da Unidade de Gestão de Fundo da Seagri, Edson Rohden.
“É importante salientar que o projeto de energia fotovoltaica precisa ser exclusivamente voltado para uso na produção rural, para funcionamento de máquinas e equipamentos ou para irrigação”, diz Rohden. “É preciso que a propriedade seja produtiva e que a renda do agricultor venha majoritariamente da propriedade”.
Programa de trabalho
Em 2019, a empresa desenvolveu um programa de trabalho para auxiliar na implantação de uma política de incentivo às energias renováveis no DF. A iniciativa faz parte do Plano Estratégico 2019-2060 do GDF, que quer estimular uso da energia fotovoltaica.
O DF é caracterizado por um período seco de aproximadamente seis meses, mas recebe energia gerada de hidrelétricas distantes: da Usina Hidrelétrica de Furnas e da Usina de Itaipu.
Projetos em andamento
Tupac Petrillo também fez a modelagem de implantação de sistema fotovoltaico para o GDF e a apresentação de proposta de política pública de incentivo às energias renováveis junto à Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Também há estudo para implantação de sistemas fotovoltaicos em escolas públicas rurais do DF.
Ano passado foram realizadas ações de divulgação de sistema fotovoltaico, na exposição AgroBrasília e em outros quatro eventos promovidos pela empresa, além de reuniões com associações de produtores.