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17/03/2020 às 13:30, atualizado em 17/03/2020 às 12:36
Roteirista, ela veio de São Paulo, mora na 108 Norte e considera o desenho limpo e organizado da cidade, ao mesmo tempo, estranho e sedutor. “Tudo isso embalado por um céu azul imenso”, elogia
[Numeralha titulo_grande=”36″ texto=”dias para os 60 anos de Brasília” esquerda_direita_centro=”centro”]
Em homenagem à capital federal, formada por gente de todos os cantos, a Agência Brasília está publicando, diariamente, até 21 de abril, depoimentos de pessoas que declaram seu amor à cidade.
Se alguma vidente tivesse me dito que eu moraria em Brasília, eu teria dado risada. Minha vinda de São Paulo para cá foi decidida de forma muito rápida e em um mês eu já estava morando aqui. No caminho do aeroporto para o hotel, olhando pela janela do táxi, eu fiquei encantada com a beleza da paisagem.
Para quem vem de uma realidade mondrianesca como São Paulo, as árvores floridas, o recuo dos prédios e a escala dos edifícios são como um respiro. O desenho limpo e organizado da cidade é, ao mesmo tempo, estranho e sedutor. Tudo isso embalado por um céu azul imenso. Em São Paulo não se vê céu, mas outdoor, balão de propaganda, poste de iluminação – que às vezes até se confunde com uma lua cheia.
[Olho texto=”Aqui, a natureza é generosa e alivia qualquer tensão. Na minha quadra, a SQN 108, tem abacateiro, amoreira, goiabeira, e… acabaram de fazer uma horta. ” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Poucas cidades têm um Parque Nacional com piscinas de água mineral. Já vi bandos de macacos e uma infinidade de pássaros por lá. Aqui, a natureza é generosa e alivia qualquer tensão. Na minha quadra, a SQN 108, tem abacateiro, amoreira, goiabeira, e… acabaram de fazer uma horta.
Da janela, posso ouvir as crianças brincando e até chamá-las. Minha filha desce e anda de patins entre os pilotis. Ela chegou aqui com sete anos e se adaptou tão bem, que não podemos falar em voltar.
Muitas cidades se parecem com outras, mas Brasília se parece com Brasília. Você pode gostar ou não, mas ela tem sua própria personalidade.
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Aos poucos fui conhecendo o Plano e os problemas foram aparecendo. Não acho que seja um lugar fácil para quem não é funcionário público. É caro e, em muitos aspectos, os encontros são difíceis. Quase não se vê gente na rua e a vida para quem não tem carro é complicada. Mas posso me programar. Levo pouco tempo de um lugar a outro. E consigo fazer mais de uma coisa por dia, o que seria impossível em São Paulo.
Quando eu conheci a UnB, minha vida tomou um rumo inesperado. Comecei a fazer mestrado em Comunicação e um novo mundo se abriu. A universidade é um lugar de encontro e ainda há um clima de utopia muito presente. É impossível não se lembrar de Darcy Ribeiro e do que o Brasil poderia ter sido. E, talvez, algum dia, ainda possa vir a ser.
Ana Saggese, 53 anos, é roteirista e mora na 108 Sul