17/04/2014 às 17:15, atualizado em 12/05/2016 às 17:53

Acupuntura auxilia na recuperação de animais do Zoológico de Brasília

Tratamento de aracnídeos, segundo veterinário, é o primeiro no mundo e será apresentado em congresso internacional

Por Beatriz Ferrari, da Agência Brasília


. Foto: Pedro Ventura

 BRASÍLIA (17/4/14) – A cachorro-do-mato fêmea Dori, atropelada no fim do ano passado, chegou ao Zoológico de Brasília com trauma no crânio, torcicolo e só conseguia andar em círculos. Após dois meses de sessões semanais de acupuntura veterinária, aliadas à medicação para o trauma, Dori está recuperada. O pescoço está ereto e o andar, em linha reta. Ela é mais um dos animais que puderam se recuperar de patologias e traumas graças à terapia com agulhas, oferecida no Zoológico regularmente há um ano.

 

O zoo de Brasília é o primeiro do país a introduzir a terapia em seu quadro. O veterinário, que trabalha de forma voluntária no Zoológico, atende semanalmente todos os animais que precisam de tratamento. Antes, tratava apenas os casos mais problemáticos.

 

Outro tratamento bem-sucedido é o de uma tarântula com problemas de pele. De acordo com relatos dos veterinários, a aranha perdia os pelos com facilidade e apresentava crostas esbranquiçadas no corpo. Após passar por três sessões, em intervalos de 15 dias, o aracnídeo recobrou a pelugem e a cor normal. Hoje, recebe a terapia uma vez por mês.

 

“As aranhas, por incrível que pareça, são os pacientes mais calmos”, explicou o veterinário Rodrigo Fagundes, responsável pela terapia nos animais. Segundo o médico, o caso é o primeiro do mundo em tratamento de aranhas com acupuntura e será apresentado em um congresso internacional em Taiwan em agosto deste ano.

 

Fagundes explica que a acupuntura veterinária é indicada como terapia complementar para qualquer patologia em qualquer animal. “Os casos mais comuns são os osteoarticulares, mas também é possível tratar pneumonia, insuficiência renal, etc”, disse. “Não abrimos mão do tratamento convencional, mas a acupuntura trata o animal de maneira mais natural, sem intoxicá-lo com medicação”, completou.

 

O macaco bugio Chokito, por exemplo, precisa curar uma gastroenterite. Já passou por uma cirurgia e ainda não registrou melhora. Agora, vai para sua segunda sessão de acupuntura, combinada com fitoterapia.

 

As agulhas também podem ser usadas para combater o estresse. Uma cobra píton jovem, resgatada de condições bastante irregulares e cruéis – estava sendo transportada em uma caixa de Sedex –, passou a não se alimentar em função do trauma. O tratamento começou na semana passada, e a expectativa é que se alimente em breve. “Os animais respondem rápido ao tratamento”, explicou Fagundes.

 

Os trabalhos no Zoológico são regularizados por meio de contrato, em um ambulatório exclusivo. Os funcionários selecionam os animais que necessitam do tratamento complementar e os preparam para receber as agulhas ou injeções. Em casos de animais maiores ou mais arredios, é necessário usar um sedativo antes. Em situações de animais de grande porte, como tigres, em que o próprio processo preparatório pode ser estressante, há a possibilidade de se fabricar um dispositivo de ouro, que estimulará permanentemente o ponto necessário.

 

Fagundes fez o curso de acupuntura veterinária na década de 90, nos Estados Unidos. A prática foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária em fevereiro deste ano.

 

(B.F./M.D*)