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21/04/2020 às 14:11, atualizado em 21/04/2020 às 16:20
Estevão Lopes e Thaís Carvalho falam da relação entre o esporte e a cidade
Nesta terça-feira, 21 de abril, Brasília comemora os 60 anos de sua fundação. Rica em belezas naturais como o céu, o pôr do sol e toda a flora e fauna do Cerrado, a cidade também se destaca pela prática de atividades ao ar livre em praças, parques, lago e clubes.
E neste período de isolamento social, por conta da Covid-19, os atletas brasilienses buscam alternativas para se manterem em forma e ficarem preparados para os próximos eventos esportivos.
O multiesportista, Estevão Lopes, 42 anos, nasceu em Brasília, e é morador do Guará. Ele tem o Lago Paranoá como a sua segunda casa, já que pratica três modalidades náuticas: vela adaptada, remo paralímpico e a paracanoagem.
“Eu iniciei a prática esportiva sem pretensão de chegar no alto rendimento. O esporte entrou na minha vida como reabilitação, após o acidente que sofri em 2012 e me deixou paraplégico. Com o tempo eu passei a ter um contato diário com o Lago. Agora, ele é o meu cartão postal preferido e faz parte da minha rotina. O Lago é uma das coisas que eu mais sinto falta neste período de pandemia e quarentena. Ele é o melhor lugar do mundo. É o melhor espaço para a prática esportiva”, contou.
Para Estevão, é um privilégio para os esportistas da Capital Federal ter um lago dessa proporção dentro de uma cidade grande. “Ele é ótimo para a prática de esportes convencionais e também para os as modalidades paralímpicas. O Lago Paranoá é perfeito em dimensão e na qualidade da água. É um diferencial das outras cidades grandes do país. E a gente do DF ainda tem a favor o clima semiárido. No começo é até um pouco difícil se acostumar com esse clima seco, mas depois que você se adapta ao clima de Brasília e você está preparado para qualquer lugar do mundo”.
Com a participação em vários mundiais representando o Brasil na vela adaptada, Estevão se orgulha dos títulos conquistados como o bicampeonato brasileiro da modalidade. A última competição que o atleta participou foi a Copa Brasil de Paracanoagem, em março deste ano, na Raio Olímpica da USP, na cidade de São Paulo. Ele e a seleção brasiliense da paracanoagem (ACKC) voltaram da capital paulista com o tetracampeonato da competição.
“Brasília hoje é uma referência na paracanoagem, por conta do Lago Paranoá e do trabalho de reabilitação feito pelo Hospital Sarah Kubitschek”, destacou o atleta. Estevão e a equipe do DF viajaram, para São Paulo, por meio do Compete Brasília, programa que contempla os atletas do DF com passagens aéreas e terrestres para participarem de campeonatos em outras cidades e no exterior.
A gente, aqui de Brasília, tem o Compete Brasília, que é uma iniciativa única no país, e que realmente funciona. Sem a ajuda do Compete eu não teria ido tão longe porque as competições internacionais ficariam muito caras. E Compete Brasília paga as nossas passagens e isso é muito importante”, completou.
O Lago Paranoá também é um dos lugares preferidos da arqueira Thaís Carvalho, 27 anos. Diferente de Estevão, que pratica atividades esportivas na água, Thaís precisa da ajuda do tempo agradável para a prática do arco e flecha e usa o Lago Paranoá para relaxar e curtir a natureza. “Meu lugar favorito da cidade é o a beirinha do Lago, qualquer canto que eu possa parar, sentar e contemplar o pôr do sol e a natureza”.
Thaís, nasceu o Gama, e divide sua moradia entre o Cruzeiro e o Paranoá, e sua rotina, antes da quarentena, era composta entre trabalho, estudos e treino. “Eu treinava pelas manhãs num espaço público aqui Lago Norte, e às vezes, num espaço do Cetefe (Associação de Centro de Treinamento de Educação Física Especial), no Cruzeiro.
“O clima da Capital Federal é ótimo para a prática do tiro com a arco. Nós saímos na frente daqueles que treinam em condições climáticas frias e até na neve e também daqueles que moram em climas muito quente. E para atirar tem que ser em um lugar aberto, e o clima do centro-oeste contribui bastante com os treinamentos e por consequência no nosso desempenho. Agora, em casa, eu mantenho os treinos puxando o arco, e fazendo uma série de exercícios com o próprio arco e um elástico. Estou improvisando meu treino com os recursos que tenho disponíveis”.
A atleta, que é amputada da perna direita, começou a praticar tiro com arco em 2012, no Cetefe, mas antes ela passou por outras modalidades como natação e badminton. “Eu nunca imaginei fazer arco e flecha. Mas um dia eu estava praticando o badminton e na quadra ao lado o pessoal estava treinando arco e flecha. E eu fiquei encantada, mas eu achava que a modalidade era cara para minhas condições financeiras, porque você precisa ter o equipamento, então eu resisti um pouco. Mas quando experimentei, me apaixonei e fiquei encantada”, disse a atleta que briga por uma vaga nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020.
“A mudança dos Jogos de Tóquio para o ano que vem foi muita sensata, não só para a segurança dos atletas, mas para todas as pessoas que estariam envolvidas no evento. É claro que você tem um planejamento e um ritmo de treinamento, mas é o tipo de coisa que a gente consegue manter até o ano que vem. Eu fiquei aliviada, já que brigo por uma vaga. No Mundial de tiro com arco, no ano passado, na Holanda, eu consegui bater o índice para Tóquio. Agora, em março, estava marcado o Parapan da modalidade no México e lá eu iria buscar essa vaga, a competição foi suspensas e ainda não tem uma data determinada, mas estou na briga e quero representar o meu país e minha cidade lá em Tóquio”, explicou Thaís.
* Com informações da Secretaria de Esportes e Lazer