É tempo de frutas

Dalila Góes, da Agência Brasília

Um passeio a pé pela quadra e pronto: a feira de frutas do fim de semana está na árvore mais próxima. São mangas, amoras, goiabas, pitangas, abacates, goiabas e jacas que fazem parte das mais de vinte espécies frutíferas que estão em praticamente todas as vias, parques e canteiros do Distrito Federal. As árvores são plantadas desde o início da construção de Brasília pelo Departamento de Parques e Jardins da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (DPJ-Novacap) para embelezar a cidade, atrair mais pássaros e – por que não? – alimentar a população.

Apesar de não serem típicas do Cerrado, as mangas são as campeãs na preferência popular. Encontradas em praticamente toda a região, de novembro até fevereiro estão no auge da doçura, com pés cheios de frutas prontas para o consumo. O professor Iran da Mata aproveita o período para abastecer a sacola, levar as mangas para casa e até distribuir para os amigos. O principal ponto de colheita dele é o Parque da Cidade, onde, aliás, está a maior concentração de árvores frutíferas do DF. Além das mangueiras, o Parque tem pés de pitanga, jenipapo, buriti, amora, jaca e acerola, entre outras.

O curioso é que perto ou debaixo de algumas árvores estão bambus ou cabos gigantes com o único propósito de pegar as frutas que estão nos galhos mais altos. Quem colheu por último deixa o gancho para a próxima pessoa. Mas é justamente aí que está a queixa de Maria Rosa Crisóstemo. “O povo derruba vinte mangas verdes para uma manga madura. E em vez de levar tudo para casa, simplesmente deixa as frutas pelo chão apodrecendo”, reclama. “Tem que tirar com cuidado. O que foi derrubado e não aproveitado pode se transformar em um doce bem gostoso”, ensina.

Mas o que está à mão, claro, é bem mais gostoso. Pergunte aos filhos da manicure Kátia Aparecida Gomes Werneck qual foi o melhor momento da “visita” ao Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). “Colher amoras!”, a resposta vem em uníssono. No caminho do hospital até a Rodoviária do Plano Piloto, a garotada enche o bolso e suja as mãos com frutinhas que, às vezes, nem estão maduras. “Mas quem disse que criança se lembra disso? Às vezes, os pés estão tão cheios que até eu ajudo. Dá até para esquecer que estamos na capital, em uma cidade grande”, pondera.

Levar as frutas para casa é permitido, todo mundo pode, elas estão lá para isso. Agora plantar em via pública é outra história. Raimundo Cordeiro, chefe da Divisão de Implantação de Áreas Verdes (DPJ), lembra que plantar árvores frutíferas é ter na vegetação a presença de pássaros como sabiás, bem-te-vis, rolinhas e até beija-flores. Mas também é ter a companhia de morcegos e daqueles mosquitos bem chatinhos, que adoram “passear nos olhos” e picar as canelas alheias. Por isso, a Novacap tem o cuidado de não plantar muito próximo aos blocos residenciais e casas. Outro cuidado é o paisagismo, a beleza da cidade. “A população está bem intencionada, mas o plantio errado deixa a cidade feia e pode causar alguns transtornos como o aparecimento de animais indesejados”, alerta.

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