24/06/2020 às 11:43, atualizado em 24/06/2020 às 12:30

Dia da Fissura Labiopalatina valoriza conscientização e tratamento

No DF, atendimento inicial e cirurgias do chamado lábio leporino têm sido feitos no Adolescentro e no Hospital da Criança de Brasília, respectivamente

Por Agência Brasília * | Edição: Fábio Góis

A pequena Eloah recebeu tratamento logo no início da vida, o que tem sido essencial para seu desenvolvimento | Foto: Secretaria de Saúde

O Dia Nacional de Conscientização sobre a Fissura Labiopalatina é celebrado no dia 24 de junho. E, nesta quarta-feira, a data reforça a importância do tratamento nos primeiros meses de vida, além de informar a população sobre essa malformação congênita, que atinge uma em cada 650 crianças nascidas no Brasil. A incidência no Distrito Federal segue a média nacional.

Também conhecido como “lábio leporino”, a fissura labiopalatina acomete lábio, céu da boca (palato), musculatura, mucosa e, muitas vezes, o osso. As principais complicações são dificuldade na alimentação e na respiração, alterações na arcada dentária, comprometimento do crescimento facial e prejuízo no desenvolvimento da fala e da audição. Vale mencionar as questões psicológicas decorrentes do bullying.

“O objetivo dessa data é conscientizar e deixar a sociedade mais informada sobre as questões trazidas por esse problema, lembrando que é a segunda malformação que mais acomete o ser humano no mundo. Somente no Brasil, em torno de cinco mil crianças nascem com ela, por ano”, informou o médico e Referência Técnica Distrital de Atendimento a Fissurados, Marconi Delmiro.

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O especialista está à frente do tratamento da malformação na rede pública do Distrito Federal. Um de seus pacientes é o pequeno Anthony Adryel, de apenas seis meses (foto abaixo). Diante da dificuldade do filho em mastigar alimentos, Maria Gerônimo da Silva buscava tratamento há meses. Para ela, a oportunidade de o filho ser atendido foi uma grande conquista.

Anthony Adryel, de apenas seis meses, também recebe os devidos cuidados desde cedo | Foto: Secretaria de Saúde

“Ele tinha problemas e se engasgava à noite. Com as consultas e as cirurgias, é mais um passo que damos no tratamento para ele melhorar. Graças a Deus conseguimos, e somos muito bem atendidos”, elogiou a mãe.

Tratamento

O início do tratamento é definido a depender do diagnóstico. As primeiras cirurgias são realizadas entre quatro e seis meses de vida, antes mesmo de a criança aprender a falar, para que ela seja incluída na sociedade já habilitada e apta a conviver socialmente, com fala compreensível.

Segundo Marconi Delmiro, o objetivo principal do tratamento nos primeiros meses é justamente evitar problemas em funções básicas, como alimentação e respiração. A antecipação dos cuidados também visa impedir futuras sequelas, tanto físicas quanto psíquicas, já que a malformação pode prejudicar a vida do paciente.

“Na primeira fase, o principal é garantir que a criança consiga se alimentar direito, seja se amamentando ou por mamadeira. Mas, também é importante que as crianças sejam submetidas ao tratamento antes da fase escolar, para garantir o melhor convívio social e iniciar a aprendizagem da fala sem sequelas, como a voz nasalada”, ressaltou.

Em média, um paciente pode passar por cinco a seis procedimentos cirúrgicos ao longo da vida – procedimentos que podem durar até a adolescência, a depender da gravidade da situação. “É um tratamento longo, complexo e caro. Quanto mais tempo passa sem fazer, mais custo tem. Por isso é importante dar toda a assistência necessária, no tempo certo”, acrescentou o especialista.

Para Suiane Duarte e Daniel Willian, pais da pequena Eloah, esse tratamento logo no início foi essencial para sua filha, que hoje consegue se alimentar melhor. Há dois anos acompanhada pela equipe chefiada por Marconi Delmiro, ela já não tem mais a malformação no lábio, depois que passou pela primeira cirurgia.

Pai de Eloah, Daniel Willian resume em uma frase o que sente ao ver a filha bem cuidada: “Gratidão eterna para esses profissionais” | Foto: Secretaria de Saúde

“Tudo isso foi muito importante para nós. A equipe é maravilhosa e deu todo o suporte necessário, e a Eloah já está no 12º dia de recuperação após a cirurgia. Agradeço muito ao trabalho de todos vocês”, comentou Suiane. “Gratidão eterna para esses profissionais”, completou Daniel.

Novo fluxo

O tratamento no DF costumava ser oferecido pela rede pública de saúde no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), unidade referência neste tipo de atendimento. Contudo, devido ao momento singular decorrente da pandemia de Covid-19, o hospital passou a atender, com exclusividade, pacientes queimados ou infectados pelo novo coronavírus.

Por isso, os serviços agora são ofertados em outros locais. Depois que procuram as unidades básicas de saúde (UBS), os pacientes são redirecionados para atendimento ambulatorial no Adolescentro, onde são realizadas as consultas pré-cirúrgicas enquanto equipes multidisciplinares fazem o acompanhamento. Nelas é avaliado se os pacientes estão aptos a fazer os procedimentos cirúrgicos no Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB).

Toda as segundas-feiras, das 14h às 19h, pacientes e familiares têm à disposição no Adolescentro uma equipe multidisciplinar formada por junta médica composta por cirurgião plástico, fonoaudiologista e ortodontista. “Após essa avaliação as crianças são encaminhadas a outros especialistas. Mas esse primeiro contato é importante porque é possível discutir o caso com toda a equipe, oferecendo mais acolhimento”, arrematou Marconi Delmiro.

De segunda a sexta-feira, o Adolescentro também oferece serviços de outros especialistas, como nutricionistas e psicólogos. Cada qual em sua área, eles ajudam a definir o protocolo de atendimento para pacientes com fissura labiopalatina e seus familiares.

* Com informações da Secretaria de Saúde