03/07/2014 às 17:27, atualizado em 12/05/2016 às 17:53

Reeducação de agressores de mulheres avança no DF

Nos cinco primeiros meses de 2014, o número de atendimentos nos Nafavd chegou a 5.673

Por Da Secretaria da Mulher


. Foto: Divulgação

BRASÍLIA (3/7/14) – A reeducação dos autores de violência contra as mulheres é a base do trabalho realizado pelos Núcleos de Atendimento a Famílias e Autores de Violência Doméstica (Nafavd), geridos pela Secretaria da Mulher do DF. Único programa no DF com atendimento psicossocial voltado para homens, o serviço registrou 5.673 atendimentos de janeiro a maio deste ano.

 

“Maior que esses números é o sentimento de dever cumprido, pois ao avaliarmos esses dados constatamos que é possível sim mudar a mentalidade de homens que antes tinham como rotina desrespeitar e até agredir suas mulheres”, observou a secretária da Mulher do DF, Valesca Leão. Mais que fazer com que o homem mude de atitude, deixando de agredir sua família apenas pelo medo de uma punição, o Nafavd busca desconstruir toda uma cultura machista que o fazia achar-se no direito de partir para a violência.

 

De acordo com a gerente do Nafavd, Maísa Guimarães, a mudança na forma de se relacionar com quem está ao redor é um dos objetivos do trabalho desenvolvimento pelas 10 unidades do Nafavd espalhadas pelo DF, que inclui ações educativas e preventivas para impedir a reincidência de problemas que resultam em violência doméstica.

 

O público-alvo são homens, como G.R.O, de 34 anos, que disse ter aprendido no Nafavd a lidar melhor com situações que poderiam resultar em conflito, não só em casa, mas também na vida cotidiana. “As psicólogas realizaram um trabalho maravilhoso comigo, e posso dizer que isso transformou a minha vida”, conta G.R.O., que garante ter aprendido a se responsabilizar por suas ações, o que inclui responder por possíveis atos violentos que venha a cometer.

 

“Buscamos gerar essa responsabilização pela violência cometida e isso passa pela mudança na forma de se relacionar com as pessoas e pela reflexão sobre estereótipos de gênero e solução não violenta de conflitos. São comuns os relatos de agressores que dizem não entender a atitude como uma violência doméstica”, ressaltou Maísa Guimarães.

 

No Nafavd, não só G.R.O. aprendeu a lidar com suas emoções. Ele comemora o fato de ter aprendido a agir com calma em situações de estresse. E conta, também, que até a mulher ficou mais paciente, depois de conversar com os psicólogos do Nafavd. Quanto ao uso do álcool, um incentivo à violência, ele revela que diminuiu bastante o consumo da bebida.

 

Também o porteiro W.A.F., 35 anos, aprendeu no Nafavd que a violência não resolve nada. Ele se diz muito grato pelas orientações que o levaram a tratar a mulher com respeito e a adotar uma postura diferente numa situação de conflito.

 

CONTRATAÇÃO – Por meio de um convênio assinado com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, a Secretaria da Mulher ampliou o quadro de servidores dos Nafavd com a contratação de 27 servidoras, entre antropólogas, assistentes sociais, psicólogas e sociólogas.

 

Os Núcleos de Atendimento à Família e aos Autores de Violência Doméstica recebem pessoas em situação de violência doméstica encaminhadas pela Casa Abrigo, Juizados Especiais Criminais e Varas de Violência Doméstica do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), além do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT).

 

(C.C*)